• Capítulo 21 •

802 54 41
                                    

O "crunch crunch" do barulho de botas batendo na neve logo se tornou "tomp tomp" de passos correndo em chão sólido. Os passos foram ficando cada vez mais rápidos, embora quem os estivesse dando estivesse ficando cada vez mais cansado. Mesmo com a falta de ar, o pequeno se recusava a desacelerar o passo. Estava simplesmente muito agitado! Seu cachecol voava para trás como se fosse literalmente parte do vento, e suas botas já estavam quase que todas sujas de tanto que havia percorrido em tão pouco tempo.

Não importava de qualquer forma. Blueberry podia lavá-las em um instante assim que chegasse em casa. Mas, naquele momento, deveria ir para a sala do julgamento e encontrar seu irmão.

Ele estava muito preocupado com o de casaco laranja. A última vez que ambos haviam se visto foi quando Error o havia sequestrado, e desde então nunca mais ouviram falar um do outro. Blue se perguntava o que havia acontecido com seu irmão, pois não tinha como ele conseguir chegar ao Anti-void para o encontrar e Blue não tinha como ter saído daquele lugar sozinho. Sorte dele que Dream havia aparecido e o ajudado. Agora finalmente ele podia voltar para sua dimensão e reencontrar seu irmão.

Ou isso era o que ele pensava.

Assim que Blueberry chegou na entrada da sala do julgamento, suas mãos começaram a tremer. Ele estava visivelmente nervoso. Fazia tempo que ele não via seu irmão e, apesar de estar ansioso, imaginava qual seria a reação dele assim que o visse. Se lembrava que Papyrus não reagiu muito bem quando ele foi levado por Error. Talvez ele ainda estivesse com raiva do destruidor... E talvez um pouco com ele também por não ter se escondido quando ele disse para fazê-lo.

Sem mais delongas, Blue respirou fundo e relaxou os punhos. Ele estava assustado, mas deveria seguir em frente. Lentamente adentrou a sala, raios de luz vindo direto em seu rosto. Fazia bastante tempo que nenhuma luz atingia seus olhos, exceto o branco vazio daquele lugar onde foi aprisionado. Começou a caminhar até o final da sala, presumidamente onde estaria seu irmão. Um sorriso tímido apareceu em seu rosto esquelético, pensando que uma vez que chegasse no final poderia finalmente ver seu irmão novamente. Contudo, assim que chegou ao fim da sala, seu sorriso começou a se desmanchar ao ver que não havia ninguém ali. Olhou ao redor, segurando suas mãos uma na outra numa tentativa de fazê-las parar de tremer, mas realmente, não tinha ninguém ali.

- Olá...? ... Papyrus? - o pequeno começou a voltar um pouco para o começo da sala. Talvez alguém estivesse por lá e ele apenas tivesse passado despercebido. - P-paps, sou eu! Sans. E-eu voltei! Eu estou bem! Eu... Consegui sair daquele lugar... Então não tem por que você ficar se escondendo desse jeito. - silêncio. - Paps? Irmão... S-se isso é uma brincadeira não é nem um pouco divertido! P-por favor, saia...

Porém, não importava o quanto ele pedia, não havia qualquer tipo de resposta. Logo, até os barulhos se fizeram ausentes, nem mesmo os pássaros cantavam mais. Era a primeira vez que uma sala em Underswap se encontrava completamente silenciosa, sem nem um ruído podendo ser ouvido.

Sans de repente começou a sentir uma forte dor de cabeça. Uma imensa tontura invadiu seu corpo, fazendo-o cambalear em direção à uma das paredes próximas da sala, onde conseguiu se apoiar na parede por pouco sem escorregar e cair. Por algum motivo, ele começou a sentir como se seu corpo estivesse se partindo ao meio. Como se ele tivesse de repente sido colocado numa picotadeira e estivesse sendo feito em pedacinhos ali mesmo. Cobriu seus olhos com as mãos e apertou a testa com os dedos tentando aliviar a dor pulsante em seu crânio. Não deu muito certo, mas pelo menos logo o sentimento começou a passar, sendo substituído por um pouco de náuseas e mais tontura. Blue apoiou seu braço na parede e apoiou a cabeça no mesmo. Sua respiração estava pesada e suor escorria por sua testa. Ele não estava entendendo absolutamente nada do que estava acontecendo. O mundo ao seu redor ainda continuava girando sem parar, causando ainda mais confusão no esqueleto de lenço azul.

Lua SingelaOnde histórias criam vida. Descubra agora