• Capítulo 23 •

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Depois de ganharem distância o suficiente de Dust e do hotel onde se viram pela última vez, Nightmare conseguiu concentrar-se o suficiente para estalar os dedos e teleportar a si mesmo, junto com Cross, para a próxima AU. O menor ainda se agarrava fortemente à roupa de Cross, escondendo o rosto em seu ombro, tentando ao máximo limpar suas lágrimas e torcer para que o maior não as reparasse. Mesmo que estivesse tendo alguns pensamentos diferentes quanto à Cross e a intimidade que os dois supostamente tinham, ele ainda não se sentia totalmente preparado para se abrir com ele, mesmo que ele quisesse muito.

Ainda conseguia sentir seu peito apertado. Relembrando de tudo que aconteceu durante todo esse tempo, ter confiado em tantas pessoas e ser decepcionado tantas vezes realmente o havia afetado. Mesmo que o próprio Nightmare recusasse observar esse aspecto de si mesmo, havia um certo medo que cresceu dentro dele. Uma trava que o impedia de conseguir se abrir realmente para o outro e contar tudo o que sentia, mesmo que ambos tenham se conhecido há apenas alguns dias.

O guardião dos sentimentos negativos soltou um suspiro abafado no ombro de Cross. Ele não queria ter aquela trava. Ele queria muito poder dizer tudo o que guardava e tirar aquele peso enorme de suas costas. Estava cansado de ter que sempre engolir tudo e nunca poder desabafar.

Porém, depois daquilo tudo, talvez ele pudesse contar tudo para o outro... Mas deveria esperar o momento certo.

Depois de tudo que passaram à pouco em Dusttale, provavelmente deveriam descansar um pouco antes de o guardião dos sentimentos negativos resolver contar a verdade para Cross.

O híbrido segurava o menor em seus braços com força e de maneira protetora, mas a pressão de seus braços sobre Nightmare aumentou ao perceber que, ao se teletransportarem e acabarem naquela outra AU, seu pé acabou chocando-se contra uma pedra e ambos estavam caindo em direção ao solo.

Por sorte, ele teve tempo suficiente para se virar de costas e colocar Nightmare contra seu peito, impedindo que o menor caísse de cara no chão e amortecendo a queda de ambos, exceto pelas suas costas, que acabaram por sofrer bastante com o impacto.

- Hum... Chegamos! - disse Cross, abrindo um sorriso torto e envergonhado.

- É, eu percebi. - disse o menor de forma sarcástica, se virando de frente para Cross e limpando sua roupa.

Cross encarou o menor por um instante e acabou por notar seu olhar um tanto caído, suas pupilas voltadas muito ao solo com uma aparência um tanto oca, indiferente, o que despertou-lhe um certo interesse.

- Night... Tá tudo bem? - perguntou o maior, colocando uma mão sobre o joelho do menor. Seus olhos se fixaram no rosto do guardião dos sentimentos negativos, tentando ler sua expressão e encontrar alguma mensagem escondida em suas pupilas púrpuras.

Nightmare ergueu seu olhar e encarou Cross com olhos pesados.

- E-eu to bem... - tentou dizer ele, dando uma fungada por culpa das lágrimas que derramou anteriormente. Cross ergueu as sobrancelhas ao ouvir a fungada vindo do guardião dos sentimentos negativos. Nightmare percebeu o barulho e rapidamente agitou a cabeça de um lado para o outro, tentando empurrar aquele nó no estômago para longe de onde pudesse sentir. - E-eu estou bem. Sério! - abriu um sorriso nervoso e mexeu as mãos em negação, mesmo que não fosse tão convincente aos olhos de Cross.

- Nightmare. - a seriedade na voz do maior fez o corpo do pequeno estremecer, mesmo que ele estivesse fazendo o melhor para não demonstrar nada. Cross o encarou com o cenho franzido, a sombra que seu capuz fazia sobre seu rosto não ajudava em nada a Nightmare com se sentir menos nervoso. - O que aconteceu?

O menor cruzou os braços, suas mãos segurando seus braços com força. Ele insistia em manter a cabeça virada e evitar contato visual com o maior. Ele não estava no clima para falar com ele naquele instante. Não sobre aquilo.

Lua SingelaOnde histórias criam vida. Descubra agora