Capitúlo 20

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Eu coloco as fotos de volta na pasta, a guardo e coloco o fundo falso no lugar. Devolvo as pastas para a gaveta junto com o livro e a fecho. Os relatórios que eu ia fazer hoje podem esperar. Saio do escritório e vou para meu quarto.
Como Miguel sabia sobre Fernando? E por que ele não nos contou?
Chego no quarto e me tranco, preciso ficar sozinha até que Fernando chegue para que analisemos isso.
Se passam horas até que vejo Fernando entrando pela janela. Quando ela pousa no chão eu corro até ele e o abraço.
-Oi.
-Oi.
-Obrigada por vir.
-Eu não teria deixado de vir por nada. Como você está?
-Eu não sei. Vi algumas coisas hoje que deveríamos conversar.
-O que você viu?
-Eu estava no escritório de Miguel, para fazer alguns relatórios, procurei por um livro na gaveta e achei um fundo falso. E dentro dele havia algumas pastas e em uma delas... -Eu falho ao falar.
-O que tinha dentro delas?
- Fotos. Fotos suas. Tanto quando criança quanto agora.
Fernando fica pálido e se senta na cama.
-Ele tinha fotos minhas? Só minhas?
-Eu não sei, eu não consegui olhar as outras fotos eu guardei tudo e sai de lá.
-Precisamos voltar lá para descobrir o resto do conteúdo das pastas.
-Nós? Como você vai chegar lá sem que ninguém veja? Não há janelas e o caminho é cheio de guardas.
-Eu não sei, talvez eu consiga me disfarçar. Usar a roupa de um mordomo.
-Não sei se daria certo.
-E se você buscar os documentos. Você é princesa. Pode muito bem andar com pastas em mãos sem que ninguém desconfie.
-Boa idéia. Espere aqui e se esconda. Marie tem a chave do quarto, ela pode entrar para limpar.
-Tudo bem. Vou ficar
Eu saio do quarto e vou para o escritório. Não é comum me verem no escritório de noite, mas não é como se nunca tivesse acontecido. Entro e tranco a porta, me senti na mesa e acho o botão embaixo da mesa. A gaveta se abre e eu retiro todo o conteúdo para conseguir tirar o fundo falso. Pego as pastas que estavam escondidas e volto tudo ao normal.
Volto para o quarto e procuro por Fernando. Deixo as pastas em cima da casa e me ajoelho e deito para conseguir olhar embaixo da cama.
-O que você está fazendo?
Eu me assusto com a voz e bato a cabeça na cama.
-Você está bem?
Sammy corre até mim e me ajuda a levantar.
-Estou sim, só me assustei um pouco. O que está fazendo aqui?
-Eu precisei buscar algo para Thomas e aproveitei pra vir aqui. O que você estava olhando ali?
"Estava só procurando meu irmão mais velho que todos acham que eu está morto, mas que na verdade está vivo." Eu não posso falar isso pra ele, vai achar que estou doida. Procuro pelo quarto qualquer coisa que eu possa falar. Vejo as pastas em cima da cama e uma luz se acende.
-Estava procurando uma caneta. Achei que tivesse deixado em cima da cama, mas não a acho.
-Bom, e por que só não pega outra caneta?
-Boa ideia.
Eu vou indo até a porta e Sammy me acompanha, me olhando confuso.
-Eu tenho a impressão de que está me mandando embora.
- Não. - merda. - Não é isso. Eu tenho alguns relatórios para fazer antes queminha mãe e Miguel voltem.
Ele assente e se abaixa para me beijar. É rápido, mas me arranca o fôlego.
Ele sai e eu fecho a porta atrás dele. Ao som da porta fechada, Fernando sai do closet e fica me encarando com um sorriso no rosto.
-O que foi? - Eu pergunto.
-Você está tendo um romance com o guarda. -Ele diz e ri.
-Ele não é um simples guarda. Ele é meu melhor amigo desde sempre. Só aconteceu dele se tornar um guarda. Mas isso entre nós, não pode acontecer.
-Por que não?
-Por que tecnicamente eu estou noiva do Príncipe Josh, da França. Para que haja paz entre nossos países.
Com essa declaração lá clima leve no quarto é substituído por uma tensão que quase dá pra tocar.
-Vamos ver essas pastas? - Ele me chama para a mesa.
Eu tranco a porta vou até ele.
Abro a primeira pastas de três. É a pasta com as fotos.
Fernanda pega cada uma delas e começa a organizar e eu percebo que tem mais fotos do que eu unha percebido.
Ele coloca cada uma lado a lado e em fileiras e percebo que está em uma ordem cronológica.
-Essas eu ainda estava no palácio. -Ele aponto para a primeira fileira que possui cinco fotos.
-Já essas eu já estava com a família que me acolheu. Eu tinha entre quatro e dez anos. - Ele mostra a segunda fileira que tinha 6 fotos, que parecem ser uma de cada ano, pois em cada uma ele parece um pouquinho mais velho que a anterior.
-Essas são de onze a dezessete. -São sete fotos e iguais às anteriores, são uma de cada ano.
-A partir dessas, eu ja não estava tanto em casa. São entre os dezoito anos e vinte e dois. -Ele mostra para a última fileira.
Eu percebo que ele deixou uma fotos de fora e a pego.
-E essa aqui? Quando foi tirada?
-Essa é a que me preocupa um pouco mais. Foi tirada há 4 dias. Eu tinha ido para a cidade comprar algumas coisas. Foi tirada enquanto entrava no mercado.
Eu a analiso junto com as outras, alguém o tem perseguido desde que morava aqui.
Deixamos as fotos na mesa e pegamos a segunda pasta. São folhas de pagamentos, as primeiras são datadas de vários anos atrás e assinadas pelo Miguel, outras já são mais atuais e assinadas apenas pelas inicias T.D. Não há informações de para quem são esses pagamentos. Mas são valores muito altos.
A terceira pasta contém uma lista de nomes, completos ou apenas iniciais. Alguns estão riscados com uma caneta vermelha. Passo o olho pelos nomes, mas de início nenhum me chama a atenção. Então olho de novo e percebo que dois destes podem significar algo, mas ambos são apenas as iniciais.
-F.L.D.? -Eu aponto para o nome que há um ponto de interrogação na frente. -F.L.D. de Fernando Luz Deville?
-Eu não sei, talvez. Olhe isso. -Ele apontou para as iniciais logo abaixo daquela, no entanto estão com um risco vermelho em cima. -R.L.D.
-Você acha que seria de Ricardo? -Pergunto assustada.
-Não sei. Mas isso é suspeito. Talvez devêssemos...
Ele é interrompido por batidas na porta e alguém tentando abrir a maçaneta.
-Eu sei que está aí Kate. Me deixe entrar.Preciso conversar com você. -É Sophi.
-Quem é? -Fernando pergunta.
-Minha... Nossa prima. É melhor você ir. Vamos lidar com isso depois. Quando pode voltar?
-Eu não sei. Talvez em dois dias.
-Okay, até lá.
Ele sai pela janela rapidamente e eu guardo as pastas em uma gaveta e a tranco.
Vou até a porta e a abro. Antes mesmo de termina de abrir a porta Sophi entra correndo e começa a andar em círculos pelo quarto.
-Me desculpe Kate. Eu tentei, mas não consegui.
Sophi continua dizendo para que eu a perdoe, mas eu estou confusa. O que eu tenho que perdoar?
-Sophi, se acalme, o que aconteceu?
-Eu não deveria fazer o que estou fazendo. Eu sei que você não o quer, mas ele ainda é seu.
Eu a seguro pelo ombros e olho em seus olhos.
-Fale de uma vez.
-Eu gosto de Josh e acho que ele corresponde.

A Princesa e o GuardaOnde histórias criam vida. Descubra agora