Capítulo 2

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Depois de descobrir que Amelia Chaucer era praticamente sua vizinha, William fazia de tudo para evitar encontrar-se com ela, não sabia dizer ao certo o porquê deste comportamento, mas achava essencial que ela permanecesse alheia a este fato.

Durante as semanas seguintes, Willian surpreendeu-se com a intensidade em que pensava em Amelia, por diversas vezes ao sair de casa pela manhã via Amelia saindo de casa em direção a universidade, vezes sem contas pensou em oferecê-la carona, mas sabia muito bem que este gesto solidário iria ser mal interpretado por aqueles que vissem os dois chegando juntos. Não sabia nem como ele mesmo reagiria se a tivesse ali tão próxima. 

Amelia se revelou uma aluna exemplar, com exceção aquele primeiro dia, era sempre a primeira a chegar. Certa vez William entrou na sala de aula e a encontrou sozinha lendo um livro. Ele nem precisava olhar para saber qual era, um pequeno vislumbre da capa e já sabia qual livro era, Hamlet. Fechou a porta vagarosamente tentando fazer o mínimo de barulho possível, mesmo que não tenha sido tão silencioso quanto gostaria, Amelia parecia nem se deu conta de sua presença. Começou a arrumar seu material em cima da mesa, mas parou e ficou a observava-la, até que ela levantou os olhos e o flagrou admirando-a. 

— Professor! Nem o vi chegar. — disse ela surpresa em vê-lo ali. 

— Não quis atrapalhar a sua leitura, entrei em silencio mesmo, mas eu sei o quanto Hamlet nos absorve. — respondeu ele enquanto preparava seu material de aula.

— Como...? O senhor gosta de Hamlet? — Amelia perguntou. Um pequeno sorriso surgiu em seus lábios logo em seguida. — Desculpe, foi uma pergunta idiota, que professor de literatura inglesa não gostaria de Hamlet. — corrigiu-se.

— Realmente, mas tudo bem. E sim, eu gosto de Hamlet, é um dos meus favoritos. Em que parte você esta? 

— Na parte em que Hamlet recebe Rosencrantz e Guildenstern, mas já é a terceira vez que leio. 

— Interessante você estar lendo este livro, iremos falar dele na aula de hoje. — disse William após alguns segundos em silêncio. As emoções que Amelia lhe causava ainda o surpreendiam. 

— Professor, ouvi falar que o senhor vai abrir vaga para ajudante, gostaria de saber o que preciso para me candidatar. 

William sentiu-se receoso em permitir que Amelia participasse da seleção para monitoria, mas não podia fazer nada, tinha quase certeza de que se ela se candidatasse seria a primeira escolha de Elen, que era responsável pelos monitores, conhecia-a a muitos anos e Amelia era bem o tipo de aluna que ela mais gostava, dedicada e comprometida. 

— Você vai precisar ir até a sala da coordenação e procurar por Elen, a professora responsável pelos monitores, aqui esta uma relação de tudo o que você vai precisar entregá-la. 

Ao entregar o papel para Amelia seus dedos se tocaram e foi como se uma corrente elétrica tivesse atravessado seus corpos, William não se lembrava de já ter sentido algo semelhante anteriormente. Teve a sensação de que Amelia sentira o mesmo, pois seus olhos se tornaram mais brilhantes por um momento. Foi preciso segurar a vontade de acariciar-lhe o rosto.

O encantamento foi quebrado com a chegada dos outros alunos em sua algazarra habitual. Tobby como sempre era o líder daquela cacofonia. 

— Professor! Por que o senhor chega tão cedo? Nunca temos tempo de ficar um pouco na sala de aula só curtindo. 

— Você terá tempo demais para curtir daqui a pouco Tobby. Pessoal, formem grupos, sortearemos os temas da apresentação do final do semestre. — disse ele dando inicio a aula.

         Era impossível não ser atraído pelo olhar de Amelia, neste dia principalmente, ela estava linda com uma maquiagem clara, os longos cabelos soltos jogados para frente evocando uma visão que ele não gostaria de ter. Seu lado regrado tratou logo reprimir tais pensamentos que começavam a se formar em sua mente, não era correto ter pensamentos assim com relação a uma aluna, mesmo que ela fosse tão linda quanto um anjo deveria ser e lhe olhasse como se conhecesse todos os seus desejos.

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