Afffs

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"Hey dad look at me

Think back and talk to me

Did I grow up according to plan?

And do you think I'm wasting my time

doing things I wanna do?

But it hurts when you disapprove all along"

(Ei pai, olhe para mim

Pense de novo e converse comigo

Eu cresci de acordo com seus planos?

Você acha que eu estou perdendo meu tempo

Fazendo as coisas que eu quero fazer?

Mas dói quando você desaprova tudo)

 - Perfect _ Simple Plan







Eu não aguentava mais. Era muita coisa pra cima de mim. Meus pais não entendiam meu modo de pensar e conviver com eles estava se tornando um desafio quase impossível.

Eu tentava evitar as discussões a todo custo. Prometia a mim mesma que não ia falar nada.

Mas na hora, eu não me controlava. As palavras saíam da minha boca feito a água descendo de uma cachoeira. Não tinham controle. E, para meu azar, eu sempre falava coisas que feriam os ouvintes (que na maioria das vezes era minha mãe).

O motivo das nossas richas eram os mais idiotas possíveis. Ela me mandava fazer qualquer coisa e eu me irritava. Não sei explicar o porquê. Eu sabia que era minha obrigação, mas algo dentro de mim contestava dizendo que não era justo "lavar a louça que nem fui eu que sujei" ou "limpar o chão em que ELES derramaram café". Brigávamos por coisas estúpidas demais. Mas acho que toda essa minha implicância se dava ao fato de que eu viva praticamente presa dentro de casa. Meus pais só me deixavam sair se fosse acompanhada pela minha mãe. E eu odiava o detalhe que era o meu padrasto que comandava essa "prisão". Achava minha mãe submissa demais. Ela que era a minha MÃE, sendo assim ELA que deveria comandar minha vida.
E quando eu contava aos meus amigos esse tipo de coisa, todas falavam a mesma frase: "Se fosse eu, já teria fugido de casa!"
Como se fugir fosse fácil. Eu não tenho um centavo sequer no bolso e sei muito bem que se eu apenas sair para passear sem avisar, nem preciso voltar mais, quem dirá fugir. Meus pais nunca, NUNCA mesmo me aceitariam de volta. Com certeza eu viraria uma mendiga e em pouco tempo morreria de fome nessa cidade de pessoas sem piedade. Sem contar que eu não conheço quase nada aqui. Moro nesta cidade à que 3 anos, mas só saio de carro, e é sempre onde meus pais querem ir.

Nunca saí com minhas amigas pro shopping, ou pro cinema. Nem na casa delas eu ia.

Trabalhos escolares eram feitos na minha casa. Festas surpresas também. Qualquer encontro nosso seguia essa regra.

Nas poucas vezes que saí sem a companhia da minha mãe era depois da aula, que íamos ao parque que tinha perto da escola. Mas é claro que até hoje ela não sabe disso.

Eu não sou uma adolescente rebelde, muito pelo contrário, sempre fui a "filha perfeita", mas me revolto quando se trata da minha liberdade.

As ameaças que eu recebia eram sempre as mesmas: "Vou te mandar morar com seu pai!" Ou "Não vamos mais dar nada pra você, apenas arroz e feijão". Eu apenas dava de ombros. Não gostava de discutir por esse motivo. Mas haviam coisas que minha mãe nunca iriam saber. Coisas que, por mais que eu odiasse, me prendiam à ela.

Por mais que ela era assim, eu não conseguia deixar de amá-la. Ela era minha mãe e havia feito muito por mim. Só que de um tempo pra cá eu não me permitia dizer isso a ela. O motivo? Realmente não sei.

E neste mar de "tormentas" (sei que exagero ao me referir assim à esse meu probleminha) eu não via nenhum porto seguro.

Parecia ser o fim pra mim. Eu já havia pensado em acabar com tudo. Pulando da janela do meu quarto, ou cortando meu pulso, mas eu era uma garota que desejava não ir para o inferno.

Então esperei até o dia que a solução apareceu para mim como num toque de mágica.

Bem Vindo a Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora