Saio com carro, e paro no sinal vermelho. Escuto o celular tocar ; É o Richard. Quer dizer, Rick.
- Alô.
- Oi Addie, é o Rick.
- Ah. Oi.
- Você queria falar comigo?
( sério? Quase uma hora depois? AFF)
- Falou certo. QUERIA.
- Então não quer mais?
- Não preciso, e não quero mais!
- Então tá bom. Mas qual era o assunto?
- Eu queria saber o endereço dos pais da Nicole.
- Ah. Sei. Aquele caso da garota estranha?
- Garota estranha?
- É, me falaram que ela é meio esquisita.( BIIIH)
- Vou ter que desligar. O sinal abriu.
- Você está indo pra lá?
- Sim. Tchau.Chamada encerrada
Esquisita? A Nicole? Eu tenho é pena dela, coitada. A menina desapareceu e ele a chama de esquisita.. Ele que é esquisito. Não tem uma miserável gota de respeito.
Chego na casa. Está toda enfeitada. Um pouco cedo para enfeitar a casa. Ainda não é natal. Tudo bem, vamos entrar.
( Ding-Dong. A campainha toca e a porta se abre. )
- Olá. Sou Ella. Mãe de Nicole. Você deve ser a detetive, não é?
(Ela estava com um sorriso estampado no rosto, parecia mesmo feliz!)
- Sim, prazer. Meu nome é Adele.
- Entre Adele. Vou fazer uns bolinhos.
- Ah. Não precisa.
- Claro que precisa!
- Estou aqui para fazer perguntas e não chá da tarde!
(Fui grossa, de novo. Ela puxa o sorriso para baixo e me encara.)
- Tudo Bem Adele. Sem bolinhos então.. Talvez um chá?
- Não, senhora, obrigada.
- Me chame de Ella. Vou chamar meu marido lá em cima e já descemos!
- OK.( ouço passos descendo as escadas. Não demoraram muito.)
- Olá Adele. Sou o George. Pai de Nicole.
(Ele também estampava um sorriso enorme em seu rosto.)
- Olá. Prazer em conhecer o senhor!
- Ah, me chame de George.
- Tudo bem, vamos começar?
- Claro, claro.
(Sentamos no sofá, nos acomodamos e começamos com as perguntas.)- Bom, vocês eram próximos da Nicole?
- Sim, claro!
- Ela tinha um namorado, não é?
( sinto que as perguntas incomodavam os pais.)
- Está no regulamento. Tenho que seguir as regras e proceder com as perguntas.
- Tudo bem. Continue. Ah, sim, ela tinha.
- Qual era o nome dele?
- Charlie .
- Tá. Charlie.
- Mas eles terminaram né?
- S-Sim..
- Por qual motivo?
(Eles olharam um ao outro. Olharam de volta para mim. E não responderam.)
- Senhor, senhora. Preciso que respondem.
- Ela estava grávida. Resolveu abortar. Mas Charlie não queria que ela abortasse. Então ele a agrediu. E fugiu.
- Pra onde? Exatamente.
- Não sei. Ninguém sabe. Ele está fora do mapa. Procuramos até um especialista, mas nem ele achou e acabou desistindo do caso.
- Entendi.
- Vocês acham que ela está desaparecida ou foi sequestrada?
- Acho que ela está desaparecida, mesmo.
- Concordo. Ela tinha algum contato com drogas?
- Ela? Acredito que não. Mas Charlie era usuário. Não sabemos o que rolava no quarto dela enquanto ele estava lá em cima.
- Entendi. Olha, tem uma pergunta muito besta aqui, mas vou ser obrigada a fazer, OK?
- OK.
- Ela tinha algum contato com espíritos?
(Eu ri porque, achei que a resposta iria ser :" Não". Mas não foi o caso.)
- Sim. Ela tinha um tabuleiro que comprou por um site na internet. Acho que era OLIA, OUBIJIA, não me lembro direito.
- OUIJA?
(Naquele momento senti meu coração na garganta.)
- Como a senhora sabe?
- Quando eu tinha 13 anos eu joguei esse jogo com a minha prima. Hoje ela está num hospício. Não tenho tempo pra ir ver ela, mas ligo lá toda semana. E sempre falam que ela está esperta e muito educada.
- Sinto Muito.
( Sinto uma lágrima escorrer em minha bochecha. Limpo e disfarço.)
- Bem, acabaram as perguntas. Até mais.
- Volte quando precisar.
- Obrigada.Saio. Está ventando e estou sem casaco.Entro no carro aliviada. Está quente.
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Portas Para O Inferno (Terminado)
Mystery / ThrillerMeu nome é Adele Pete, mas me chamam de Addie, sou detetive. Ultimamente tenho tido muitos casos de crianças/adolescentes desaparecidos. Alguns já fazem 5 ou 6 anos, e claro, dá uma vontade de dizer: "Olha, sinto muito, mas, normalmente casos como e...