Meu sonho.

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Sonhar as vezes é bem estranho, vemos coisas que não existe, pessoas que já não estão mais presentes em vida, bichos falam, nós sabemos cantar e dançar, temos poderes mágicos, somos mortos das formas mais estranhas e aterrorizantes, beijamos príncipes e sapos, sonhar é magnifico e assustador.

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Meu sonho parecia aqueles de crianças de 8 anos que amam contos de fada. Havia um príncipe que me amava, e sua mãe, a rainha queria que eu me casasse com ele para se tornar princesa de Alândia em Normandia. Coisa de louco, sou louca né, não tem como sonhar com coisas normais, já vi que não.

No dia seguinte, acordo bem e feliz, mas não sabia o porque da felicidade e do bem estar. Pego um jornalzinho que entregam de porta em porta todas as sextas-feiras e leio, vejo uns anúncios de casas para alugar no centro, adorei, posso dar uma passadinha mais tarde talvez. Pera, jornais são entregues às sextas-feiras, e ontem foi domingo. Ai meus Deuses, o que está acontecendo comigo?
Decido então ir no escritório da Drª. Luise, chego lá e fico mais de uma hora esperando para ser atendida pelo simples fato de não ter marcado uma hora com ela, "maravilha Anne, como vc é inteligente."

Então ouço meu nome.

-Anne Mackeine?
-Eu mesma.
-Me acompanhe por favor. Pelo fato de não ter marcado hora, você não terá uma consulta, irá contar o que está havendo e a Dra. te encaminhará para mim na recepção para marcar um horário de verdade. Dra. Luise apenas aceitou sua entrada, pois disse que é amiga de seu marido.
-Ex marido.
-Desculpe, não sabia. Faça o que eu lhe disse, obrigada e boa sorte.
-Tudo bem, eu que agradeço.

Entro por uma porta branca e com uma maçaneta de rico e me deparo com uma velhota, desculpe, corrigindo, uma senhora muito bem acabada e em más condições. Como uma psiquiatra tão renomada e que ganha tanto dinheiro fica acabada dessa maneira? Credo.
As vezes eu acho que deveria pensar menos.

Ela me olha e diz:

-Anne, bom conhecê- la, Charles fala super bem de você.
-Fala?
-Sim, ele me liga sempre perguntando de você, e eu nunca respondo nada, tive a oportunidade de conhecer você apenas hoje né.
-Charles perguntaria de mim por que? Ele me deixou porque eu sou louca, não tem que perguntar sobre mim.
-Calma, você não é louca, nem está num psiquiatra.

Ela começa a rir.

-Desculpe, você está sim.

E ela ri mais ainda. Fico bem perplexa.

-Psiquiatras não cuidam de "loucos" Anne Mackeine. Psiquiatras ajudam as pessoas com seus distúrbios, seja lá qual for eles.
-Mesmo assim Dra. eu estou louca sim, não há como negar.
-Me conte o que você sente e pensa e analisarei e na consulta conversaremos sobre.
-Me sinto doida, louca, completamente maluca. Sonho coisas estranhas, acordo num dia, passo esse dia, e quando acordo num outro dia, se passou uma semana ou voltou dois dias, eu não aguento mais isso. Não sei o que fazer, se puder me ajudar, ficarei feliz. Não quero ficar como minha mãe.
-O que tem a ver sua mãe?
-Ela tem alzheimer, e está piorando a cada dia.
-Anne, o Alzheimer é uma doença neuro-degenerativa que provoca o declínio das funções cognitivas, reduzindo as capacidades de trabalho e relação social e interferindo no comportamento e na personalidade. De início, o paciente começa a perder sua memória mais recente. Pode até lembrar com precisão acontecimentos de anos atrás, mas esquece que acabou de realizar uma refeição. Com a evolução do quadro, o Alzheimer causa grande impacto no cotidiano da pessoa e afeta a capacidade de aprendizado, atenção, orientação, compreensão e linguagem. A pessoa fica cada vez mais dependente da ajuda dos outros, até mesmo para rotinas básicas, como a higiene pessoal e a alimentação. E te digo, você não vai ficar como sua mãe, são coisas totalmente diferentes. Claro que há a possibilidade de você herdar a doença, mas nesse momento você tem crises e não Alzheimer.
-Vá falar com Alice e marque uma consulta, te espero aqui, beijos fofa.
-Mas é só isso? Não vai me dar nenhum conselho?
-Marque sua consulta com Alice e verei o que fazer com você na nossa consulta futura, vai minha filha, se cuide.
-Obrigada.

Posso contar uma coisa? Eu odiei ela, velha ridícula.

-Oi Alice, pode marcar uma consulta ai pra mim?
-Anne, te darei uma tabela para você preencher e veja quais dias está disponível, tem uma caneta aí no canto, pegue-a e complete tudo, após me dê que marco sua consulta.

"EU NÃO ACREDITO NISSO, EU MATO ESSAS DUAS".

-OK ALICE.

Preencho aquela papelada de merda e dou a Alice, ela marca minha consulta para terça-feira, agradeço e vou embora.
Não gostei delas, não mesmo. Mas como não quero ficar mais louca, vamos passar com a velha estranha.

Vou para casa e me deito, dou um cochilo e começo a sonhar.

Anne e seu mundo invertidoOnde histórias criam vida. Descubra agora