A Paróquia São José, Catedral Metropolitana no Centro de Fortaleza era um monumento histórico. Sua grandeza arquitetônica, e seu estilo gótico faziam esta fortaleza parecer um verdadeiro castelo em meio às pessoas que trafegavam todos os dias por aquele local.
Era uma noite silenciosa e por ali caminhava uma mulher. Branca, de aparência triste, e cabisbaixa ela caminhava arrastando o vestido preto no chão, por entre a escuridão da noite e a luz dos postes. Além da pele muito branca, seu nariz era fino e seu rosto possuía traços macios. O cabelo era negro e curto, de forma que ocultava as orelhas.
Mas ali perto, espreitava outro individuo e ele vinha de bicicleta.
– Ei cumadi – ele vinha pedalando, achando que poderia aproveitar-se da situação. Mas a moça ainda andava e nem dera atenção. – Ei cumadi, chega aqui, o vetim é dasárea.
Ela não parava.
– Cumadi sê acha que vô te assaltá é? – ele aumentou o tom de voz.
Na pedalada que dava, logo chegou na dama, passando pela esquerda e parando bem na sua frente. Estavam os dois iluminados pelo poste.
– Num me ignora não princesa, sou firmeza, por alguém como você, eu picharia o sol.
– Tem um cigarro? – pediu ela, sem expressar qualquer medo.
O "Vetim" achou aquilo estranho, ninguém vestido daquela forma nunca tinha reagido assim com ele. Então ele viu que poderia, quem sabe, conseguir algo ali. Talvez a dama gostasse de um vagabundo, pensou.
– Claro que tenho, aqui é rocheda cumadi – ele foi tentar pegar o cigarro. Que situação curiosa, ele ficou nervoso, e acabou derrubando o maço de cigarros no chão.
– Qu... Qual seu nome cumadi? – gaguejou ele da forma mais educada que conseguia, pegando o maço da causada.
– Não se pode – ela respondeu a que ele disse "Que? Se faz de vaca é?". Começou ele a ficar com raiva, pois ela não dizendo o nome, sua fantasia foi destruída.
Mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, a mulher pegou um cigarro e começou e esticar-se. Esticou, esticou, até chegar na lâmpada do poste, onde tentou colocar a ponta do cigarro.
– Aah – lamentou ela. – É verdade. Os postes não são mais a lampião de gás. – Ela arregalou o olhar pra baixo, para o homem insignificante que congelou, sem reação ao se deparar com a assombração. – Você tem fogo? Estou esperando alguém que demora.
Restabelecendo os movimentos, o vetim tentou correr, mas sua perna ficou presa o pedal da bicicleta e ele se tacô no chão, ralando-se todo. Levantou-se e saiu correndo deixando a bicicleta ali.
A mulher esguia abriu um frágil sorriso "pra que proteger esses primatas?" ela se perguntou.
Quando o sino da catedral anunciou a meia noite, sua espera teve fim. Na torre do outro lado pousou um homem. Sua pele era escura como uma perola negra. O cabelo, que se mexia ao vento, era liso e se estendia até as costas, formando um V. Seus traços faciais eram rústicos e seus olhos verdes, como sua representação do céu estrelado. Era alto, e seu corpo era coberto por um terno escuro.
– Você sabe fazer uma garota esperar, irmãozinho – repreendeu a mulher e em um piscar de olhos, ela estava na outra torre, segurando seu tridente dourado – Como vai papai?

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O CHAMADO DO CARCARÁ
AventuraO carcará olhava pra mim. Então, o reflexo afogado abriu a boca e produziu palavras sonambúlicas com duas vozes diferentes, uma de homem e ôtra de mulhé e elas diziam, "Enquanto o medo comungar com o desconhecido, serão paridos monstros que você rep...