2 Horas.
Se passaram exatamente duas horas até que finalmente alguém aparecesse para James. Depois de todo o seu show altamente destrutivo e nada proposital, um grupo de guardas armados escoltou-lhe escadas abaixo por corredores de metal subterrâneos até chegarem em uma sala arredondada com outras quatro portas dispostas de frente para o corredor de onde chegara. A mesma garota de cabelos castanhos, que prendera suas mãos usando magia, passou por entre os guardas e o empurrou até a porta na extremidade esquerda.
Suas mãos foram algemadas e presas a uma pesada mesa de metal de modo que James havia de ficar curvado para frente na cadeira, o quê além de machucar seus pulsos, machucava suas costas. Mas sua maior preocupação estava em Alex, que não dava sinal nenhum de vida e isso já estava assustando-o.
Certo. Ele está bem, ele não morreu. Por quê uma resistência com o objetivo de abrir os olhos da população para as injustiças do governo mataria um adolescente qualquer? James dizia para si mesmo, tentando acalmar-se.
- Para quem você está trabalhando e como sabe fazer aquela magia? - A garota de cabelos castanhos perguntou, sentando-se na cadeira a frente de James, com seus olhos escuros fitando-o com curiosidade.
- Não trabalho para ninguém, além de mim mesmo. - James respondeu, dando de ombros. - Eu simplesmente procurei na internet. - O garoto falou cuidadosamente, escolhendo suas palavras e dando-lhe um sorriso torto.
- Ninguém simplesmente procura uma magia na internet. - Ela falou, arqueando uma de suas sobrancelhas. - Não é como uma receita de Bolo de Cenoura. Você não encontra em qualquer site de besteiras. A magia apresenta-se para quem já conhece.
E voltamos com mais lições sobre algo que eu não sei e não conheço. James revirou os olhos, enquanto a garota jogava uma pasta aberta na mesa, virando-a para ele. Havia uma foto sua com o suéter azul turquesa que usara um dia atrás, virando a esquina em uma das ruas próximas a casa de Alex. Eu me lembro disso. Quer dizer, eu estava só indo comprar algumas verduras... como eles têm essa foto?
- Há alguns dias estamos infiltrados na rede de computadores do Governo, coisas básicas. - Ela puxou a foto e estudou-a cuidadosamente. - Mesmo com um histórico como o seu, o Lado de Lá não é conhecido por espionar as pessoas daqui. Mas mesmo assim eles vêm levantando uma investigação sobre você, porque?
- Não faço ideia. - James levantou as mãos o máximo que pode, em sinal de rendição. As algemas machucaram seus pulsos.
- Se eles estiverem mesmo na sua cola, não vai demorar muito até que descubram que você veio para cá. - Ela falou de modo sombrio, pegando a foto e guardando-a na pasta. - O Governo vai eliminar qualquer foco de resistência que encontrarem, nossa fachada de balada não vai durar muito.
- Então organize uma retirada, uma fuga. - O garoto falou, alarmando. - Leve-me junto.
- Por quê? - Ela perguntou, curvando-se sobre a mesa para olhá-lo nos olhos. Havia um pequeno crachá que balançava, preso a corrente fina de prata que trazia ao pescoço.
Por quê? A pergunta ecoou na mente de James. Nem mesmo eu sei porque eles devem me levar, me ajudar. Não faço ideia.
- Não ajudamos alguém sem propósito. - Rachel sussurrou, indo até o garoto e retirando suas algemas. - A Magia é algo precioso, e dá-la na mão de alguém que não sabe o porque a quer é como dar um revólver para uma criança.
James seguiu Rachel de volta até a sala circular, entrando agora na porta da extremidade direita, que dava para outro longo corredor com várias portas. Já não era mais silencioso, com um pouco de esforço o garoto conseguia escutar pessoas falando de longe. Se fosse me torturar, ela não soltaria minhas mãos. Talvez queira mesmo me ajudar...
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Tons de Revolução
FantasíaJames é um pintor totalmente alheio a distopia em que vive e seus problemas são apenas relacionado a sua família nada funcional, mas com o ataque terrorista a Muralha que divide a população do Vale em ricos e pobres, James se vê no meio do massacre...