VI Olhares

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Mariana

Eu já estava bêbada, dançando como se não houvesse amanhã, não era nem meia noite. Descontei toda minha frustração na bebida, estava na hora de tomar água antes que eu fizesse uma besteira.

- Mariana, que porra é essa tomando água?! – Tati gritou nos meus ouvidos.

- Primeiro, Tatiana, não sou surda! Segundo, porra! Estou bêbada!

- Qual problema? A intenção não era essa?

- Claro que não!

- Você sóbria não vai dar pra ninguém!

- Fala mais alto que o pessoal lá na praia não ouviu, Tatiana!

- Mais o que vocês duas estão discutindo, suas chatas, vocês parecem duas velhas casadas. – Paulinha, uma outra amiga que estava junto reclamou.

- Paulinha, a Mari estava começando a ficar legal e resolveu beber água para voltar para casa com a teia de aranha no meio das pernas de novo! – Tatiana explicando a situação para Paulinha parecia mais ridícula ainda. Minha revirgindade sendo discutida no meio do barzinho.

- Cansei de falar com você, Tatiana, vamos dançar! – Encerrei o assunto.

Na pequena pista do barzinho a qualidade da música estava começando a despencar, mas alcoolizada e com tesão reprimido eu vou dançar até ponto de macumba. Começamos a nos balançar ao ritmo da batida, suadas e já rindo sem nem ter motivo. Eu amo essa maluca, ela é chata, vice para me provocar, somos como irmãs.

Se tinha uma coisa que eu fazia bem na vida era dançar, sem falsa modéstia. A dança estava na minha vida desde adolescente, era minha válvula de escape de tudo. Quando vim para o Rio estudar e acabei me firmando aqui passei a frequentar as academias fazendo aula de todo tipo de dança, não tão clássicas como o ballet, mas ótimas para tirar um dia de tribunais da mente.

No meu balanço de quadris e cabeça giros pela pista passei e vi de relance aqueles olhos cor de mel que tem me assombrado as noites. Eu estava tão bêbada assim?


Olhos de MelOnde histórias criam vida. Descubra agora