VII Sorte

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Ícaro

Chegamos ao bar e ficamos nas mesas do lado de fora bebendo e jogando conversa fora, estava com saudades de falar merdas com esses caras, eu pouco vinha no Brasil, a Priscila me visitava a cada 15 dias em Londres e quando eu vinha ficava a serviço dos eventos sociais da agenda dela. Onde eu estava com a cabeça?

Sempre fui um cara tranquilo, sem frescuras e principalmente amigo dos meus amigos. Meus pais sempre me ensinaram assim, valorizar os amigos, pois eles são a família que escolhemos. E esses caras estão comigo desde adolescente quando experimentamos todos os tipos de merdas e demos alguns cabelos brancos extras aos nossos pais.

- Cara, que bom que você caiu na real, aquela doida não servia para você! – Jorginho disse propondo um brinde.

- Vocês não entendem, ela não era tão ruim assim, na verdade o problema dela foram seus pais. – Eu defendi, afinal passei quatro anos com ela.

- Eu entendo é que ela fazia questão de te afastar dos seus amigos e isso é escroto pra caralho. - Pinto, completou. O Thiago, nome verdadeiro do Pinto, acabou ganhando esse apelido na nossa adolescência quando descobrimos que o P abreviado em seu nome era Pinto. Nós zoamos tanto que ele acabou aceitando e Pinto passou a ser seu apelido oficial.

- Mais um brinde, ao Pinto filósofo da noite. Eu proponho que entremos para ver o que a noite pode nos proporcionar, rapazes. – Xande disse já levantando.

- Vamos Ícaro, quem sabe você não dá uma novidade pro seu pau hoje. – Pinto foi me empurrando.

Eu não estava muito animado para entrar naquele local apertado e barulhento, mas segui os caras. Chegando perto da pequena pista de dança eu abençoei o Pinto por ter me feito entrar. Que pensamento estranho! Ainda bem que não falei em voz alta, pensei.

Era ela, mas se eu já não tivesse a visto tão de perto hoje no carro eu nunca diria que essa deusa dançante era a mesma mulher reservada da cafeteria. A música que tocava tinha uma batida forte e a letra insinuava sexo oral e meu pau ficou duro no exato momento que nossos olhos se conectaram.

Analisando minhas chances friamente, comecei a planejar como eu iria acabar com essa ereção monstra sem assustá-la. Dançar não estava nas opções, uma valsa, uma música lenta, mas não tinha condições de rebolar daquela maneira.

O que me deixou puto era que outros caras estavam rebolando feito cobras ao redor dela. Eu fiquei ali só olhando para aquele corpo, ela tinha tirado o casaco e estava com uma blusa preta com um decote nas costas que mostravam uma linda tatuagem simples do que me parecia uma flor. Como eu ia chegar nessa mulher sem parecer um idiota descoordenado?

Olhos de MelOnde histórias criam vida. Descubra agora