XII Surpresa

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Ícaro

Meu final de semana foi de merda desde o momento que eu a beijei e ela não quis ficar comigo. Tive que voltar para casa e me resolver sozinho, dormi fisicamente aliviado, mas com desejo pulsante de ter mais do que só um beijo roubado.

Eu só a veria na sexta-feira, que era o dia da reunião de atualização do processo do Paulo. Estava louco e ainda faltavam quatro dias e algumas horas.

Mariana

Eu me sentia extasiada e também arrependida. Por que eu não consigo seguir meus desejos e deixo sempre meu cérebro estúpido tomar as decisões?! Era uma tarde tranquila de segunda-feira, nossas ajudantes já estavam fazendo seus turnos a partir de hoje, então eu e Tati poderíamos nos revezar no caixa e assuntos administrativos.

- Mariana, está sonhando acordada? – Perguntou Tati.

- Não, estou refletindo sobre minhas decisões do final de semana. – Respondi sabendo que iria ainda ouvir muito porque não aceitei o convite do Ícaro.

- Você quer que eu comece a falar de novo? Porque eu tenho um repertório inteiro para comprovar que você vai morrer solteira e virgem de novo se continuar assim.

- Eu já te disse que te amo hoje? – Estava azeda e sarcástica.

Finalizamos o dia no café e eu fui para academia precisava dançar meu arrependimento e quem sabe todo o tesão acumulado para fora do meu sistema. Quando cheguei em casa tomei um banho, comi uma saladinha e fui deitar pensando naquela boca, naquela pegada...pensei tanto que não consegui dormir antes de fingir que minhas mãos eram as mãos dele entre as minhas pernas.

Ícaro

Trabalhei o dia todo nos negócios do escritório de Londres e dei uma olhada na papelada da defesa do Paulo. Graças ao bom Deus a Priscila tinha parado de me enviar mensagens e a única coisa que não conseguia resolver era a Mariana. Hoje era quarta-feira e acho que não iria conseguir esperar até sexta.

Mariana

Fechamos mais um dia e eu só queria banho e cama, sempre de quarta a sexta tem sido os dias mais movimentados, apesar da ajuda da Fabiana e do Guto, nossos lindos estudantes. Eu já estava desligando as luzes do café para subir quando a campainha tocou. Achei estranho e obvio fiquei com medo, então abri um pedacinho da porta de dentro do café onde conseguia visualizar quem estava de fora do portão de ferro. Quando eu o vi ali parado eu acho que meu coração pulou uma batida de nervoso. O que ele estava fazendo aqui? E ainda não estava de terno, estava de jeans e camisa polo e eu estava hiperventilando.

Essa minha reflexão deve ter levado pelo menos um minuto e eu precisa decidir o que fazer, não podia simplesmente ignorá-lo. Abri a porta fazendo cara de surpresa, mas eu tinha certeza que minhas bochechas vermelhas me denunciavam.

- Oi, já fechamos por hoje. – Eu disse casualmente, afinal o que ele faria ali?

- É, eu sei. Na verdade, eu estava esperando até você ficar sozinha. – Ele respondeu dando um sorriso de lado que me fez sorrir feito uma criança.

- Hum, entendi.

- Então, vamos nos falar pela grade ou só posso entrar em horário comercial?

- Desculpa. Entra!

Minha voz saiu mais alta do que eu queria, mas eu estava uma pilha de nervos. O que ele estava fazendo aqui?!

Olhos de MelOnde histórias criam vida. Descubra agora