14 de Abril, Sábado – Declaração :S
Hoje acordei “com os pés de fora” não estou com disposição para nada nem ninguém. Não tenho um motivo em concreto, é apenas um daqueles dias em que… estou mal disposta.
Começo por receber as chatices da minha mãe que me vem acordar destapando-me. Odeio profundamente quando me faz isso. Depois o meu irmão que foi mexer na minha mochila, encontrou um isqueiro e não se calou com a ideia de que eu fumava. Não basta ser rapaz, ser mais novo e ser insuportável, ainda tem de ser coscuvilheiro.
Vou a cozinha preparar o meu pequeno-almoço, coloco o leite a aquecer, o pão na tostadeira e vou ao quarto buscar o meu telemóvel quando reparo que este esta sem bateria e preciso pô-lo a carregar. Procuro o carregador que demora a aparecer. Coloco o telemóvel a carregar e lembro-me do pequeno-almoço. Quando chego a cozinha tenho o leite entornado que começa a deitar cheiro a queimado, e o pão mais preto que sei lá o quê. Merda! Já não comi nem nada. Mas não podia sair deste episodio sem que a minha mãe resmungasse e não se calasse. Também não poderia ter escolhido outro dia para me chatear mais se não no dia em que eu já estava mal- humorada?
Vou-me vestir e ligar ao Saul, apetece-me falar com alguém, quem sabe ele va ter com a Elena e a Lorena. Apetece-me conversar, desanuviar e sair um pouco da rotina. Os amigos dele até pareciam ser pessoas bacanas.
Agora que já tenho o numero do Saul e já estamos mais amigos, não preciso ir para trás da igreja para falar com ele e assim esta muito melhor.
Liguei ao Saul e ele não vai sair com os amigos hoje porque todos teem o dia ocupado.
- E tu que vais fazer? – Perguntou-me depois do meu longo silêncio ao saber que o que eu queria para hoje não vai ser possível.
- Bem vou ter de ficar por casa. – Respondi sem vontade.
- Ho eu também não tenho nada que fazer. Vou buscar-te pode ser?
Pensei um momento antes de responder, reflexionando nem eu sei sobre o quê.
– Estás aí? – Perguntou-me.
- Sim, desculpa, distraí-me. Sim, vem buscar-me. Daqui a quanto tempo chegas aqui?
- Diz-me tu, quando quiseres…
- Desculpa quem conduz és tu…. – Não sei porquê mas começamos uma discussão um bocado estupida durante uns dois minutos. Terminou com um sorriso da sua parte e como se se estivesse a render a algo que sabia não poder vencer, que era a minha teimosia, decidiu que sairia já de casa e dentro de quinze minutos estaria na paragem onde sempre nos encontrávamos.
Não sei se fui eu que demorei ou se foi ele que conduziu depressa, mas quando cheguei ele já lá estava. Um convite seu levou-me a sua casa com a intenção de vermos um filme que eu não fui ver ao cinema com grande pena minha. Íamos ver o “Fast and Furious 5”. Fiquei em pulgas quando me disse que o tinha e aceitei. Na verdade não vi nada de mal. Eu já tinha ido a casa de dois amigos meus em Portugal, apesar de que a diferença do Saul, eu conhecia-os a muito mais tempo e tinha uma grande confiança.
O filme foi posto na sala.
- Como é que preferes as pipocas? - Perguntou-me desde a cozinha.
- Não gosto de pipocas. – Gritei de modo que me pudesse escutar.
- Estas a gozar? Uma preta que não gosta de pipocas? – Deu uma risada divertida enquanto entrava na sala com uma tigela cheia de pipocas que eu ignorei, agarrando na almofada que eu tinha detrás das costas e atirando contra ele que as entorna todas sobre a alcatifa. Ups! Vou a desculpar-me quando o vejo apanhar as pipocas. Vou para ajuda-lo e enquanto estou agachada sinto uma e outra pipoca tocar-me. “Isto cheira-me a provocação”. Entro no jogo e começo a mandar também. Guerra de pipocas na sala.
- Come pipocas Carolina! – Diz a rir-se enquanto atira as pipocas que se prendem entre as minhas tranças, entram-me pela blusa a dentro, enfim.
- Estupido, odeio-te! – Riu-me também.
Caímos exaustos no sofá, quando por fim me rendo e recebo todas as pipocas que ele tinha juntado e colocado sobre mim.
- Perdes-te- sussurra ao meu ouvido.
- Não perdi nada! O jogo não acaba aqui…- disse com um ar de quem quer desforra.
Quando dou por mim começa a fazer-me cocegas. -Não, isso não!- Fartei-me de rir e por momentos pensei que me mijaria ali. Começo a sentir os seus lábios nos meus, continuo a rir pelas últimas sensações dos seus dedos gesticularem-se contra mim. Os sorrisos se vão acalmando e o simples tocar dos lábios se vai tornando em um beijo cada vez mais profundo. Penso que devo parar, mas não consigo. Quase não me agarra, mas sinto uma força sobre mim que me faz continuar. Sinto uma das suas mãos tocar-me o rosto e outra passar-me pela cintura. Os beijos são cada vez mais fogosos e a medida que nos beijamos o desejo cresce em nós. Quase sem nos separarmos saímos do chão onde nos encontrávamos depois de toda aquela brincadeira e daqueles risos e gargalhadas. Íamos em direção ao seu quarto. Largou-me por uns segundos para certificar-se que fechava a porta a trás de si, despiu o polo que levava vestido, tirou-me o casaco e levou-me para a sua cama.
“Fui longe de mais”, penso enquanto estou deitada sobre o seu peito, mas me contradigo e deixo-me relaxar sobre si.
- Diz lá que o filme não é bom. – Disse-me com ar de brincadeira.
- Hahahaha… que engraçado.
- Creo que me gustas! – diz olhando-me nos olhos.
- Desculpa? – Pergunto-me fazendo-me de desentendida, mas mais para que me certificasse do que me tinha dito.
- Gosto de ti. – Repetiu
- Eu também gosto de ti.
- Não é isso… Acho que estou apaixonado por ti. Quase desde a primeira vez que estivemos juntos e foi isso que me fez beijar-te. Desde esse beijo não consegui esquecer-te. És linda e diferente das raparigas com quem já estive.
Não consegui responder nada a declaração. Na verdade eu já sabia mais ou menos, ou seja, desconfiava. Mas agora não lhe vou dizer que já sabia, isso soaria mal e para além do mais ele me perguntará como. Permaneço calada olhando para ele. A culpa é minha, eu deveria ter parado as saídas quando desconfiei, não deveria sequer ligar-lhe mais, nem aceitado ter vindo ver o filme que acaba neste filme em que estou metida agora. Não vou negar que não gostei de ouvir essa declaração, mas não pode ser, o Fred está em Portugal a minha espera.
- Levas-me para casa?
- Queres namorar comigo? – pergunta ajoelhando-se e apoiando-se sobre as minhas pernas.
- Amanha conversamos pode ser? Preciso pensar. – Respondi.
B.C: Chego a casa enfio-me no quarto. Não ligo a nada que se passa fora dele nem dentro. Refiro-me ao ouvir a minha mãe lá fora a falar e reclamar e quando entra ao meu quarto para me pedir satisfações. Respondo-lhe quase maquinalmente.
È impossível deixar de pensar em tudo o que se passou hoje. Eu tenho a certeza que não gosto do Saúl como ele de mim. Tudo aconteceu, para mim, por sentir uma simples atração que não é o suficiente para assumir uma relação com ele.
Amanhã mesmo terei de falar com ele sobre o Fred e esclarecer os meus sentimentos em relação a ele e obviamente a minha resposta será um “Não” que não sei como irei dizer.
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Navegando e Afogando
Teen Fiction… O orgulho tomou conta de mim e quase me mata. É preciso ter sorte para sair viva desta história que inicia com uma aventura Romântica e termina em Horror”.