Capítulo 1

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Pov Jade

Era Início de agosto, início do segundo bimestre na Brown. Eu havia aproveitado bem minha férias, passei um mês com meus pais na Austrália, risquei vários animais de minha lista de "preciso conhecer" e compus uma música (paródia, na verdade) Eu não tinha nada do que reclamar, foram férias absolutamente incríveis, até porque a Austrália é o lugar mais lindo do mundo. Mas infelizmente, minhas férias haviam acabado e eu tinha que voltar para a faculdade.

Terminei de fazer minhas malas e fui tomar café com meus pais e minha irmã. Meus pais praticamente atacavam os waffles enquanto minha irmã apenas ficava sentada na mesa usando o celular sem nem tocar na comida

— Victoria, coma alguma coisa! Você não pode sair sem comer nada. — disse meu pai 

— Pois é, o café da manhã é a refeição mais importante do dia. — completou minha mãe. — além de que os waffles de seu pai estão deliciosos.

— Não posso comer, daqui a duas semanas começa o desfile — falou Victoria enquanto fazia um coque folgado em seu cabelo. — E eu tenho que estar em forma até lá, mas relaxem, eu compro um capuccino lá na Starbucks.

— Mas você vai comprar um Starbucks pra tomar, ou pra pra postar foto no seu Instagram? —    
perguntei, irônica.

Ela revirou os olhos.

— Pra o que eu quiser, cala boca ai. — ela respondeu, grossa — E eu tenho que continuar magra, você sabe disso!

— Do que adianta você ser essa modelo linda, magra, vencedora de vários concursos, que você quer ser — retruquei — Se você não pode nem sequer cuidar de sua saúde mental?

— Ok, já chega vocês duas ai! — minha mãe interrompeu, irritada — E como assim saude mental?!

— Pois é. – meu pai completou, preocupado — O que a sua mental de sua irma teria de errado?!

— Eu não tenho nenhum problema em minha saude! — Victoria falou — É só a Jade com inveja de mim, como sempre. — Revirei os olhos, ela se levantou — Jade, vem aqui comigo ao toalete, rapidinho?

E antes que eu pudesse responder, ela agarrou meu pulso e me puxou para o banheiro.

— Você enlouqueceu?! Como que você pode falar aquilo na frente dos nossos pais? —  perguntou ela, gritando aos sussurros.

— Foi você quem enlouqueceu! — rebati — Como você pode deixar de comer só pra ficar magra? — falei.

— Eu não deixo de comer, ok? Eu como sushi, tomo starbucks, salada grega... — falou até eu interrompê-la.

— 'Tá, uau! você não come nada que não fique bonito pro seu feed do Instagram — declarei, debochada — E não tente me enganar, Victoria, nos duas sabemos o que acontece com essa comida.

Ela arregalou os olhos.

— Fala baixo, pelo amor de deus! — ela disse, sussurando — Nossos pais 'tão ali do outro lado da porta!

— Você me prometeu que ia procurar ajuda. — respondi, preocupada.

Ela deu um suspiro.

— E eu vou, já te disse. — falou, agora sem mais sussuros — Eles nos dão comida na semana de preparação do desfile, e se você não comer, eles nem deixam você desfilar. — Ela colocou a mão no meu braço, em um gesto acolhedor — Eu não vou ficar sem comer nem se eu quiser, eu prometo. Agora por favor, não fale nada disso pros nossos pais. – suplicou, juntando as mãos dramaticamente.

Encarei-a, suspirei.

— Ok... — respondi — ...Mas você vai ter que comer um dos waffles do papai, então — dei um sorrisinho — eles 'tão realmente deliciosos.

Ela deu um sorrisinho de canto de boca.

— Ok, ok. Mas só um!

Então saímos do banheiro e voltamos para mesa. Nossos pais pareciam confusos, mas não tocaram no assunto. Victoria estendeu o braço e pegou um waffle, meu pais se olharam, e olharam pra mim, ainda mais confusos que antes, apenas abafei uma risada, terminando de comer.

Nos levantamos e pegamos nossas malas para colocar no carro. Passei no meu quarto para checar se eu havia esquecido alguma coisa, e eu tinha, meus fones de ouvido. Voltei pra sala, Victoria estava se ajeitando no espelho, demorou um pouco de mais nesse processo. Até que enfim, pegou a bagagem para sairmos.

— Esperem! — falou minha mãe, antes que a gente saísse de casa. — Vamos tirar uma foto de vocês duas antes de ir!

Então nos juntamos, e minha mãe tirou uma foto nada espontânea.

A foto havia ficado boa, só não parecia de fato uma foto de irmãs. Não éramos parecidas. Victoria era loira, magra, alta, usava franjinha, tinha olhos castanhos e sempre estava de delineador e rímel; Ela era realmente linda, e bastante parecida com meu pai, com sua cara de francesa esnobe.

Já eu, era parecida com minha mãe; pele negra, traços finos, cabelos escuros lisos e raspados de um lado, com as pontas verdes (combinando propositalmente com a cor de meus olhos), eu também era alta, um pouco mais que ela. Além disso, eu tinha uma pequena tatuagem de cobra na minha perna, que acabava escapando pela cintura, pela qual me meti em alguns problemas no início. Provavelmente a única semelhança que nós tínhamos era o sangue e o gosto por croppeds.

 Provavelmente a única semelhança que nós tínhamos era o sangue e o gosto por croppeds

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Nós nunca nos demos muito bem. Ela sempre foi chata e mimada, o orgulho de nossos pais, a famosa "filha modelo". Tirava as maiores notas, deixava o quarto mais organizado, era boa em tudo que fazia. O fato de nossos pais sempre usarem ela de exemplo acabou dando a ela a ideia de que ela era superior a mim, e nós brigavámos o tempo inteiro por causa disso.

Mas é claro que eu a amava, mesmo ela sendo essa mesquinha insuportável que ela era. Sempre me preocupei com o que ela era capaz de fazer pra não perder o posto de "garota perfeita". Eu me importava com ela, só sempre foi difícil (pra ambas das partes) demonstrar sentimentos ou preocupação vivendo uma relação tão conturbada.

Mas tudo bem, nos sempre éramos obrigadas a tirar fotos de qualquer jeito.

Saímos de casa e entramos no carro, meu pai nos ajudou com as malas, enquanto minha mãe sentava no banco do motorista, quando terminou de por as malas no carro, meu pai entrou no carro, e nos partimos pela estrada.



Only God can judge youOnde histórias criam vida. Descubra agora