Capitulo 5

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Saímos da sala e andamos pelos corredores procurando sala do reitor.

— Sabe...— Comecei, quebrando o silêncio.— Se você queria uma foto minha, era só pedir.

— Eu não tava tirando foto sua, tá bom?— Desmentiu.— E-eu tava tentando tirar foto do quadro, isso, eu só esqueci de desligar o flash sem querer.

— Olha, eu não sei como isso funcionava lá na Yale... —disse eu, rindo — Mas aqui, os quadros ficam na frente da sala, então eu acho que você vai ter que arranjar uma desculpa melhor.

— Eu tava tirando foto do quadro sim! Eu só...— Lorena pensou por um segundo. — Errei a posição do celular na hora de bater a foto, aí sem querer foi uma foto pra trás.

— Olha, se você quiser, eu posso te ensinar como fazer as posições direto, não tem problema não.— Brinquei, abrindo um sorriso malicioso.

Ela parou no meio do corredor por um segundo, e me encarou incrédula.

— Que indecência! Meu Deus!— Disse ela, assustada.

— Relaxa, lobinha, eu 'tava só brincando. — Respondi, rindo de sua reação. Voltamos a andar pelo corredor.— De onde você veio, ninguém nunca te fez uma piada de duplo sentido?

— Não, mas mesmo assim, isso não foi uma piada, foi uma cantada! — Reclamou, chocada.

— Ok, talvez tenha sido. — Admiti, com um sorrisinho, dando de ombros.— Mas vem cá, posso te fazer uma pergunta?

— Você acabou de fazer uma, então...— respondeu

— Por que você saiu da Yale pra Brown? — perguntei — Não menosprezando aqui, claro. Eu amo esse lugar. Mas a Yale exige mais pontos pra bolsa, e é uma faculdade com ensino mais avançado do que o daqui.

— É que na Yale, eu era a segunda melhor aluna de meu curso, então, em uma faculdade de ensino menos avançado, eu com certeza seria a melhor. — Explicou, esnobe.— Por isso eu vim pra cá, ia ficar melhor pro meu currículo ter as melhores notas de uma universidade.

— Claro.— respondi, irônica— Agora que você usou o discurso que você usou pra convencer a seus pais que isso era uma boa ideia, que tal você me falar a verdade?— Cortei, revirando os olhos.

— Como assim a verdade? Eu sai de lá por isso sim.— Falou, com um tom incerto.

— Aham, com certeza.— Murmurei, irônica.— Você mente muito mal, sabia?

— Mas eu não tô mentindo, eu realmente sai por isso! — Falou, com a voz ainda mais trêmula.

— Então quer dizer que você realmente saiu de uma das melhores faculdades do mundo —falei — pra não lidar com o fardo de ser a segunda melhor aluna ao invés da primeira?— Perguntei, levantando as sombrancelhas.

Ela supirou.

— Tá bom... — Respondeu, derrotada. — Talvez não só por isso.

— Por quê então?

— Bem, a melhor aluna da Yale, Débora, meio que era minha melhor amiga de infância. – Começou, fazendo aspas com os dedos ao falar "melhor  amiga"— Mas na verdade, eu nunca gostei tanto assim dela. Só que gente se conhece desde criança, e nossos pais são amigos, então meio que eu não tinha muita opção. — ela parou, e deu um suspiro dramático — E meu deus, ela é muito chata! Ninguém andava com ela por isso, e consequentemente ninguém andava comigo. Então basicamente ela era minha única amiga, e eu nem ao menos gostava dela.

— Caramba... — respondi, sem reação — que droga

— Pois é— Lorena respondeu— E eu achava que quando eu terminasse o colegial, eu ia conseguir me livrar dela, mas ela passou na mesma universidade que eu.— desabafou— Então, eu entrei em desespero e foi aí que eu tive a ideia de entrar em outra faculdade, o que me livraria dela por algum tempo. E se a gente fosse perdendo o contato ao longo dos anos, eu poderia ter a desculpa pra nunca mais precisar falar com ela.

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