IV

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3 meses depois...

- GANHÁMOS!!!!! - anunciou-me Luísa pelo telefone. Nunca a tinha ouvido gritar tão alto! - FICÁMOS EM SEGUNDO LUGAR! - eu ainda não tinha acreditado no que ela me dizia... mas se tivéssemos mesmo ficado em segundo ganhávamos à mesma a viagem! - NADA MAU PARA QUEM NUNCA TINHA TIDO AULAS DE CANTO!! - é verdade. Para participar num concurso tivemos de cantar juntas uma música que nunca tínhamos ouvido na vida e para piorar a situação nenhuma de nós teve, alguma vez na vida, aulas de canto. A Luísa só tivera aulas de guitarra o que acabou por dar muito jeito já que foi o som da guitarra que nos acompanhou.

- Tu estás mesmo a falar a sério? Luísa, não se brinca com estas coisas! - tentei parecer calma mas na verdade estava eufórica. Se ela me estivesse a mentir eu estrangulava-a!

- EU JURO!!!! JURO PELA NOSSA AMIZADE! JURO PELA MINHA MÃE! - ok, ela estava a dizer a verdade. ELA ESTAVA  A DIZER A VERDADE!!!!

- OH MEU DEUS! NÓS VAMOS AOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA! - agora era eu que gritava.

A minha vida tinha mudado bastante desde a o segundo aniversário da morte do meu pai. Eu e a minha mãe tinhamo-nos aproximado bastante e agora todos os domingos saíamos as duas juntas, ou íamos ao cinema ou visitávamos o parque, etc. O meu melhor amigo Rafa era agora meu namorado e podia dizer que estava muito feliz com ele. Infelizmente eu e a Luísa nunca chegámos a descobrir quem tinha roubado o seu trabalho de desenho... Se calhar tinha-o perdido e não queria admitir. Quem sabe? Ela agora também namorava com um rapaz que conheceu graças ao Rafael. Chamava-se Tomás e era muito encantador. Uns meses antes das aulas acabarem eu e a Luísa participámos num concurso. As probabilidades de ganharmos eram muito poucas mas se não participássemos, aí eram nulas. Na primeira fase ficámos em 5º lugar o que nos fez ir, muito felizes, à 2ª fase. Estávamos muito nervosas pois nunca tínhamos cantado para ninguém e isso só tornava a situação ainda mais desconfortável. Graças a Deus tudo correu bem, mas só descobriríamos os resultados 4 semanas antes da viagem. As aulas acabaram e ambas tínhamos tido ótimas médias. Como esperava a Luísa teve média de 18 e eu, por muito espanto meu, tive média de 17,4. Durante os primeiros dias de férias fui à praia (não por pura vontade) com a minha mãe, a Luísa, o Rafael, etc. Fui ao cinema, fui ao bowling, à piscina, às compras, ... Resumindo, o verão estava a começar muito bem! Mas quem diria que podia melhorar muito mais assim de um dia para o outro? A verdade é que dia 19 de junho saíam os resultados e como eu não tive coragem fora Luísa a ver primeiro se tínhamos ou não ganho.

- Quem é que ficou em primeiro? - perguntei curiosa. 

- Não sei, vou ver. - ficámos uns segundo em silêncio até Luísa voltar a falar. - É da nossa escola!!! Como é que é possível? - e soltou uma gargalhada. Eu também me teria rido se soubesse de quem ela estaria a falar. Fingi tossir para ver se ela percebia.  - Ah sim! Pois, claro. Tu não consegues ver. É a Ema. Ema Antunes. Não é aquela de ciências? Turma, se não me engano 10ºC? - era provável ser ela, já que a Ema é a rapariga que saiu do computador à pressa para eu o poder usar. A rapariga que me deu a conhecer, sem querer, do concurso. 

- É provável ser ela. - disse apenas.

- Que engraçado! - a Luísa não parava de rir. Termos ganho as viagens  era uma boa razão para ela estar tão feliz e risonha. 

- Nem sei como é que a minha mãe vai reagir. Aposto que não me vai deixar ir...

- Eish, esqueci-me completamente desse pequeno, mas muito grande, problema. - e de súbito, os risos pararam.

Combinámos um almoço as quatro, eu, a minha mãe, a Luísa e a mãe dela. E para ser sincera parecia que nunca mais acabava... Quando achava que já estava tudo esclarecido e que tinham percebido que ia correr tudo bem, a minha mãe ou os pais da Luísa arranjavam sempre alguma coisa para dizer e para de certo modo, nos fazer querer desistir da viagem. 

'Então e as refeições?'  'Nós cozinhamos!'

'Têm de andar sempre juntas!'  'Então com quem mais andaríamos?'

'Não podem aceitar nada de estranhos. Não aceitem o que quer que seja. Nada de entrar em carros de pessoas estranhas.'  'Nós sabemos isso, mãe! Dizem-nos isso desde pequenas.'

'Não se ponham a beber bebidas alcoólicas!!'  'Nós vamos lá para conhecer os sítios e não para apanhar uma ressaca.'

Estas foram só algumas das perguntas e as respectivas respostas! A verdade é que ao fim de 3 horas de conversa eu e a Luísa conseguimos convencer os nossos pais. A viagem já ninguém nos tirava!








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