V

214 20 0
                                    

Acordei cheia de sono mas já era meio dia por isso, contra a minha vontade, lá me levantei da cama. Era segunda-feira mas como estava de férias não tinha nada combinado. Decidi ligar ao Rafa.

- Bom dia - disse assim que atendeu a chamada  e eu juro que consegui sentir que ele estava a sorrir do outro lado do telefone.

- Bom dia! Tens planos para hoje?

- Sou todo teu.

- Ainda bem! A minha mãe vai trabalhar o dia todo por isso estava a pensar em almoçares cá e vermos um filme mas podemos sempre combinar outra coisa.

- Isso é perfeito. Chego o mais depressa possível. Beijo - e desligou.

Ok, eu tinha muita coisa para fazer. Fui tomar banho e nunca pensei que conseguisse ser tão rápida! Lavei os dentes. Vesti uma roupa confortável mas não que se use em casa. Dei um pequeno jeito no meu quarto mas não sei como, ele continuava desarrumado... Fui para a cozinha para começar a cozinhar mas a campanhia tocou nesse mesmo instante. Abro a porta e para grande surpresa minha vejo o Rafa com uma caixa de pizza gigante.

- Não precisavas! - cumprimento-o com um beijo - A sério, eu ia fazer o almoço.

- Um obrigado chega - disse a brincar.

- OBRIGADA! - e dei-lhe outro beijo porque sinceramente eles nunca são demais.

Sentámo-nos no sofá a ver um filme que pus a dar na televisão enquanto comíamos a pizza. E posso-vos dizer que nada é melhor do que estar enroscadinha no ombro do melhor namorado de sempre enquanto encho a minha barriga de pizza. Acabámos de comer a pizza a mais ou menos metade do filme. Eu estava interessada nele cujo título era Baby Driver, mas o Rafa de repente pausa o filme. 

- Então? - resmungo.

- Estava a pensar que podíamos fazer outra coisa... - disse com um sorriso maroto. A ideia agradou-me. Saltei para o colo dele e beijámo-nos com mais intensidade do que o normal. As mãos dele subiram-me pelas costas a cima e desceram pelo mesmo sitío descendo também os meus calções e cuecas.

- O que é que estás a fazer? - pergunto envergonhada sentando-me novamente no sofá. Volto a subir a minha roupa e evito olhar-lhe nos olhos. 

Eu gostava imenso do Rafa. Ele não era só meu namorado, era também o meu melhor amigo, mas não estava preparada para fazer o que é que fosse que estava a passar na cabeça dele.

- Pensava que querias! - ele estava chateado mas talvez mais envergonhado que chateado

- Eu não sabia que estavas a falar... disso! Ainda não estou pronta... pelo menos por agora. - disse olhando para o chão. - Tu estás pronto? - agora sim, perguntei a olhar fixamente nos seus olhos castanhos muito acolhedores.

- Sim, claro.

- Tu és virgem? - a pergunta passou-me pela cabeça não sei porque. Nós nunca tínhamos falado deste tipo de coisas antes.

- Não. - demorou um bom bocado a responder como se estivesse indeciso entre contar a verdade ou mentir.

- Tu não és virgem? - Levantei do sofá, incrédula. Não pude esconder a minha cara de espanto

- Não.

- Com quem? Quando? Como? - tinha tantas perguntas na minha cabeça que nem sabia qual é que havia de perguntar primeiro

- Foi há meio ano atrás, mais ou menos. - disse muito calmamente. Notei que estava nervoso pois não parava de mudar de posição e de abanar a perna. - Com uma rapariga da minha turma de economia.

- Quem? - perguntei logo. Eu ia decapitá-ta. - Porque é que nunca me contaste isto?

- Porque na altura não te conhecia tão bem, e há coisas que guardamos para nós próprios e mais ninguém.

- Ok, quem era a rapariga?! - ele estava a tentar evitar dizer o nome dela e isso deixou-me ainda mais nervosa. Por um lado eu queria muito saber quem era a rapariga mas por outro achava que era melhor não saber. Optei pela primeira.

- Ema... Antunes...

- QUÊ????? - a minha voz saiu tão aguda que até me doeram os ouvidos. Eu não a conhecia mas a minha vontade de a conhecer desapareceu assim de repente! Ainda por cima ela também ganhou a viagem e as probabilidades de a encontrar existiam embora fossem pequenas.

- Conheces? Olha também já não importa. Eu agora estou contigo! 

- Ok, tens razão. - Notava-se pela forma como disse que estava amuada mas por mais estranho que pareça aquele tema não me incomodou mais. 

Continuamos a ver o filme. E mesmo estando ambos sentados no mesmo sofá a centímetros um do outro eu notava que estávamos muito distantes. Acho que ele também notou mas não fez nada para que isso mudasse. Em vez disso disse que tinha de ir embora.

- Porquê? - perguntei enquanto procurava pelo comando para pausar o filme pela segunda vez

- Hum tenho coisas combinadas. - desculpou-se e levantou-se

- Mas hoje de manhã disseste que não tinhas nada para fazer! - não sei porque estava a gritar. Se ele queria ir embora a porta estava mesmo ao fundo da cozinha.

- Esqueci-me deste pormenor, ok? Desculpa. - que 'desculpa' mais falso!!!!! Enfim, não valia a pena começar a discutir.

- Fecha a porta quando saíres - e voltei a por os olhos na televisão. Ele ficou uns minutos em pé a decidir o que fazer. Se escolhia ficar comigo e aceitar o facto de me ter mentido acerca de ter planos ou podia simplesmente ir embora fazer não sei o quê porque o orgulho dele era mais importante. Infelizmente escolheu o segundo. Quem diria que éramos o mesmo casal que umas horas antes estavam tão ligados como se fossem um só.

Acabei por ver o filme que já agora era incrível. A sério que gostei! Mas nem isso me conseguiu alegrar. Pensei em ligar-lhe mas detive-me no ultimo segundo. Ele é que devia ligar primeiro, certo? Bem, liguei o computador para programar a nossa, minha e da Luísa, viagem. Eu e a Luísa tínhamos escolhido Nova Iorque e Los Angleles (Califórnia). Nos primeiros 4 dias íamos a Los Angeles e acabávamos a nossa viagem em nova Iorque. Escrevi num papel os sítios que ao pesquisar na internet achei interessante visitarmos. Nova Iorque - empire state building, estátua da liberdade, central park, rockefeller center, . Los Angeles - universal studios hollywood, letreiro de hollywood, calçada da fama, ... Não consegui ver mais pois o som da porta a abrir-se fez-me cair na realidade. Estivera duas horas seguidas a frente do computador... A porta abriu-se e uma parte de mim teve esperança que fosse Rafa. Mas como? Ele nem sequer tem chave. A resposta era bem simples. Era a minha mãe. Chegara do trabalho, afinal já eram 18:17.  

Why Don't We go on a trip?Onde histórias criam vida. Descubra agora