Íris
-Não. Qual é? Não me deixa na mão agora -Murmuro como se a droga do carro ouvisse. Bufo.
Tombo minha cabeça pra trás e solto um longo suspiro, viro meu rosto para a janela e fito o nada.
Era só que me faltava, sozinha em uma estrada deserta.Ao menos estou muito longe daquele cretino. Só de me lembrar o que ele tentou fazer sinto náuseas.
Pego a garrafa de água que comprei no último posto de gasolina que passei e tomo um pequeno gole pois preciso poupar.
Saio do carro, abro o capô do meu fusca e quase sufoco com a fumaça que sai do motor.
Praguejo baixinho e chuto o peneu diante dos fatos.
Um. Não tem qualquer oficina por perto, apesar de não adiantar se tivesse.
Dois. Não teria como pagar, a não ser que cobrem dez reais para arrumar.
Três. Estou faminta, eu não como a horas.Abro a porta e me sento novamente no banco do motorista e espero morrer de fome ou ser assassinada por algum piscopata.
As horas a seguir são lentas e chatas, posso contar nos dedos quantos carros passaram pela estrada e nem sequer pararam. Não sei se fico triste ou feliz por isso. Meu estômago dói ao anoitecer, procuro alguma coisa em minha bolsa desgastada e só encontro um bala de morango, quando vou come-lá vejo no espelho um reflexo de faróis.
Uma luta interna começa em mim, saio e peço que pare ou fico aqui dentro e morro de fome e sede já que minha água acabou minutos atrás.
Bato meus dedos e decido pedir ajudar, quem quer que seja espero que não seja algum lunático.
*Victor
Me sinto entediado por ficar tanto tempo sentado na mesma posição, eu poderia ter pego um maldito avião.
Mas umas das coisas que não suporto é não ter controle sobre alguma situação, e meu medo idiota de altura.Apartir do momento que eu entrasse no avião minha vida estaria nas mãos de uma pessoa que eu nem se quer conheço.
E tudo para ir a uma conferência chata, e sem importância.Me distraio com a estrada a minha frente tentando focar meus pensamentos, minha vida estava correndo no ritmo certo. Uma carreira de sucesso, minha própria fortuna, uma noiva. E foi apenas um deslize para o desastre chegar, não que tenha acontecido algo com minha carreira ou fortuna. Foi minha noiva, ela me deixou, não a culpo pois fui o responsável. Tudo por que não consigo manter meu pau dentro das calças.
Quando a noite cai avisto um fusca rosa parado no acostamento e uma mulher faz sinais com as mãos.
Essa situação grita problema, vou seguir direito sem parar. Ela que me desculpe.Quando meu carro se aproxima vejo que estava completamente enganado, não é uma mulher e sim uma garota. Aperto minhas mãos no volante e praguejo pois sinto que o que farei a seguir será a pior estupidez de todas. Diminuo a velocidade e paro no acostamento em frente do seu veículo.
Tomo meu tempo ainda sentado e saio do carro já arrependido. Ela caminha em minha direção e merda, ela é malditamente deliciosa. Olhos verdes intensos, boca levemente rosada, meus olhos descem sem o mínimo pudor até suas pernas torneadas em um mini short preto.
-Meu carro quebrou, pode me dar uma carona? -Sua voz é suave. Ela balança um pouco sua cabeça fazendo com que o cheiro amêndoado de seus cabelos chegam até minhas narinas me entorpecendo por alguns instantes.
-Não é como se eu tivesse outra opção não é mesmo -Resmungo e a vejo arquear a sobrancelha e empinar seu nariz. Se eu sou um idiota? Totalmente.
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Aos seus pés
ChickLitNunca pensei que uma simples carona mudaria toda minha vida. Eu estava levando minha vida medíocre tranquilamente até ela aparecer e tirar minha sanidade. Tudo que Íris Duarte deseja é fugir, sua vida nunca foi fácil. E depois de quase ser molesta...