Capítulo 2

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  Íris

A viagem até sua casa é silenciosa, evito encarar Victor enquanto ele dirige. A tensão entre nós é palpável, seu maxilar está rígido e ele não me olhou nem uma vez desde que entrei em seu carro novamente.

Se eu tivesse outra opção, não teria aceitado sua proposta, mas não tenho para onde ir.

Minha boca escancara quando adentramos um enorme portão eletrônico.

-Você mora aqui? -Pergunto incrédula. Já tinha notado que ele tinha dinheiro, só não sabia que era tanto.

-Sim. É um bom lugar -Victor me olha de canto. Ele tem um sorriso convencido nos lábios.

De imediato já me sinto desconfortável, esse mundo da alta sociedade e todo esse luxo e glamour não são pra mim. Desde que me entendo por gente só tive alguns pares de roupas usadas e passava fome quase todos os dias. Morei em um orfanato até meus seis anos, a diretora fazia questão de me dá apenas as migalhas que sobravam do jantar, ela me detestava. E o fato de eu ser desastrada e um pouco sapeca não ajudava ela a gostar de mim.

-Venha -O tom autoritário de Victor me tira de meus pensamentos. Ele desce do carro e eu faço o mesmo. Fito a enorme mansão e sinto vontade de correr para longe.

-Talvez não seja uma boa ideia -Sussurro atordoada ainda com os olhos vidrados da casa. A maior parte dela é de vidro.

Volto meu olhar para Victor que me observa levemente impaciente.

-Vai continuar olhando ou vai entrar? -Ele estala a língua e arqueia a sobrancelha.
O que ele tem de lindo tem de babaca.

-Ogro -Sussurro mas mordo a língua em seguida. Ele é meu chefe agora, se ele me mandar embora não sei o que fazer.

Victor entra na casa, sigo atrás dele. Arregalo meus olhos diante do enorme lustre no hall, uma senhora de olhos meigos me olha curiosa perto da escada.

-Olívia está é Íris, ela irá te ajudar com os afazeres de casa. Arrume um quarto para ela e a alimente -Victor diz com um ar de cansaço e passa a mão por seus fios negros.

-Sim senhor. Venha querida -Olívia sorri largamente.
Lanço um último olhar para Victor que mal me olha e sigo Olívia.

Ela me mostra alguns lugares da casa, a cozinha ampla e moderna com duas cozinheiras, uma simpática e outra nem tanto, a sala de jantar.

-Essa é a ala dos empregados, todos temos um quarto, mas nenhum dorme aqui a não ser você agora -Ela me leva até meu novo quarto. Ele não é luxuoso como o restante da casa, mas ainda sim é muito melhor do já tive algum dia. Uma cama de solteiro, um armário e um criado mudo.

Uma cortina rosa claro cobre a janela, combinado com a roupa de cama e com o tapete felpudo.

-Seu banheiro é aquele ali -Ela aponta para uma porta no canto -Imagino que esteja com fome, mas se quiser tomar um banho primeiro sinta-se avontade.

-Vou comer primeiro, estou faminta -Digo empolgada. Enfim comida descente.

-Se ninguém dorme aqui, porque ainda estão por aqui a essa hora? -Pergunto curiosa.

-Quando o senhor Victor volta de suas viajens sempre ficamos até mais tarde o servindo -Ela diz e aceno pensativa.

-Sei que esse assunto é um pouco chato, mas quanto será meu salário? -Rubor aquece minhas bochechas, aperto minhas mãos um pouco envergonhada.

Olívia solta uma risada sonora e balança a cabeça.

-Ele será em torno de mil e quinhentos, mas como vai dormir aqui deve aumentar um pouco -Abro minha boca chocada.

Aos seus pésOnde histórias criam vida. Descubra agora