Prólogo

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Camila Cabello Pov

O ser humano é de fato curioso. As pessoas não conseguem viver sem ter um gênero designado. Por assim dizer, uma pessoa nasce homem ou mulher, como se não fosse possível o "meio termo", e aqueles que não se enquadram em nenhum desses termos são considerados aberrações, ou até mesmo pessoas que precisam de Deus.  As vezes penso em como podem pensar de forma tão grotesca, porém quando paro para uma análise da situação atual acabo me perdendo em pensamentos cujo não terei resposta alguma.

Durante toda minha infância e quase metade da minha adolescência, costumava ser um garoto. Karlos Cameron Cabello Estrabao, este era meu nome, o nome que fui designada a ter por aparentemente nascer com um órgão genital masculino. No início parecia normal, mas com o passar dos anos fui percebendo que não era tão normal assim. Por volta dos meus 8 anos passei a ter dúvidas referente a diferença entre meu órgão genital com o órgão do meu amigo de infância Juan.

Tudo começou como uma pequena brincadeira de criança. Estávamos brincando de guerra na lama, onde tentávamos competir entre nós sobre quem deixava o outro mais sujo de terra. Antes de ser declarado o vencedor, mamãe acaba por nos ver sujos e zangada manda tomarmos banho. E em uma maneira de tentarmos economizar água, decidimos tomar banho juntos.

A partir daí meu sofrimento começou. No banho notei que meu órgão de fato parecia ser defeituoso, Juan até tentou me consolar dizendo às vezes nascemos com um pequeno defeito, pois seu primo Caio também possuía problemas no seu membro. O membro de Caio, segundo Juan, era torto.

– Karlos, não fique assim. – Juan tentava me animar. – O pipi do Caio chega a ser tão torto que até parece um boomerang. – após sua fala começamos a rir enquanto terminávamos o banho, e entre nossas risadas começamos a guerra, desta vez de sabão.

Conforme os anos foram passando, cada vez mais a dúvida me consumia, já não conseguia viver normalmente como se estivesse tudo normal com meu corpo. Com quatorze anos, já era nítido a diferença entre meu corpo com um um corpo de algum outro garoto do colégio. Todos estavam se desenvolvendo mais depressa que eu, seus corpos criando mais características masculinas, os ombros mais largos, os rostos mais másculos. Já eu continuava com o corpo da mesma forma, nada diferente havia acontecido, a não ser os pelo pubianos e pelos nas axilas.

Quando os primeiros pelos começaram a nascer em minha região pélvica, eu havia ficado tão feliz que por hora chorei no banho com tamanha emoção. Fiquei tão contente que quando contei para Juan também chorei.

– Karlos, não seja maricá. Chorar por ter nascido seu primeiro pelo chega a ser a coisa mais gay que já presenciei em você. Apesar que ultimamente você está fazendo coisas gays demais. – antes de pensar em responder ele continua. – Seja lá o que estiver acontecendo com você, quero que saiba que sempre estarei do seu lado.

Eu estava feliz que Juan estaria comigo sempre, mas suas palavras me fizeram refletir ainda mais. Eu não era gay. Só não gostava de agir da mesma maneira que os outros garotos. Ser bruto ou tentar mostrar o quanto sou másculo não me fazia bem. Mas isso não significava que eu de fato era gay certo?

Conforme os dias iam passando, mais minha mente ficava cansada. Cansada de tantas perguntas sem respostas. Passei a chorar todas as noites, não queria ir ao colégio, não queria mais sair com os meus amigos, não me sentia igual a eles. Algo dentro de mim mesmo fazia me sentir diferente.

– Alejandro eu já não aguento mais ver ele sofrendo. – ouvia minha mãe falar.

– Sinu... não é tão simples assim. Não podemos simplesmente jogar tanta informação no colo dele. – ouço meu pai responder com cansaço em sua voz.

– O que não podemos é ver nosso filho se afundar diante de nossos próprios olhos. – responde ela convicta.

Após ter ouvido a conversa de meus pais, tive a certeza que havia sim algo de errado comigo, e isso me deixou ainda mais infeliz. Foi questão de algumas horas após a conversa de meus pais, que acabei dormindo. Havia dormido depois de ter chorado enquanto esperava o pior acontecer.

– Filho... – meu pai abre a porta do meu quarto de vagar e entra acompanhado de minha mãe. – Temos que conversar.

A partir dessas palavras que foram pronunciadas por meu pai, minha vida mudou completamente. Foi o início do fim para Karlos Cameron Cabello Estrabao, que hoje é Karla Camila Cabello Estrabao, uma garota interssexual que hoje ama o próprio corpo.

NOTAS: erros irei corrigir depois, espero que gostem desta fanfic, irei me dedicar ao máximo a ela. :) x lukky

The healing (Camila Intersex) - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora