Capitulo Um

141 11 2
                                    

Camila Cabello Pov

Gostaria de dizer o quanto eu amo as pessoas, mas na realidade se eu dissesse que as amo estaria contando uma enorme mentira. O ser humano é tão... tão... meu descontentamento com essa raça chega a ser tanta que nem as palavras são mais capazes de expressar o que eu sinto hoje.

Desde o momento em que meus pais me contaram o que eu era, passei a ver o mundo de outra forma. Na era mais só uma questão de saber em que aspecto eu me encaixava, até porque não queria me encaixar em nenhum aspecto. Somente queria ser eu mesma, sem me sentir infeliz, e incompleta em relação a mim mesma.

Era assim que me sentia antes de saber da verdade. Era como se aquilo que eu vivia não fosse nada além de uma mentira. No início eu senti medo, medo de não saber escolher aquilo que eu deveria me tornar. Para ser bem sincera, naquela época eu não saberia dizer o que eu era. Mas a única coisa que eu sabia era que, eu não era e nunca seria Karlos Cameron Cabello Estrabao.

Após várias reflexões, e imensas idas a psicólogos, eu finalmente me aceitei da maneira que realmente me deixava completa comigo mesma. Não existia mais infelicidade. O que existe era o amor. O amor que passei a ter por mim mesma.

Decidi ser Karla Camila, não Karlos Cameron, só Camila. Uma garota interssexual que optou por permanecer da mesma forma que veio ao mundo. Sem nenhuma alteração ou operação que me faça ser menos eu, e me torne mais um tipo de pessoa que o mundo acha que deve ser.

Ame a si mesmo antes de amar alguém.

Eu costumava a dizer para mim mesma essas palavras. Após ter sido desapontada pela pessoa que mais esperei compreensão, estava disposta a me fechar para o mundo. Sim, meu melhor amigo, aquele cujo havia me dito que sempre estaria ao meu lado foi o primeiro a me insultar.

– Seu hermafrodita sujo. Quero você longe de mim. – disse aquele que um dia chamei de melhor amigo.

Não esperava tal reação de Juan, muito menos pensei na hipótese de que ele me faria mal. Essa foi mais uma de muitas vezes que eu estava completamente errada.

Juan Garcia foi o principal motivo pelo qual eu e minha família abandonamos o México. Cansados de tanto preconceito por partes daqueles que convivemos, meu pai e minha mãe decidiram começar uma vida nova nos Estados Unidos.

Vivendo em Miami, hoje com 17 anos sei que os únicos que posso confiar são meus pais. Depois de tanto sofrimento aprendi a não me abrir para nenhuma outra pessoa. Aqueles que me conhecem, só sabem meu nome, e se depender de mim isto será a única coisa que vão saber sobre mim.

– Karla Camila, já faz mais de meia hora que você está neste banheiro. Quero você pronta em menos de quinze minutos. – gritou Sinu da porta do banheiro.

Fazia algum tempo que eu estava no banheiro, mas não era como se estivesse lá a mais de meia hora, como a exagerada, digo, minha amada mãe, havia dito.

Terminei o banho antes que Sinu acabasse por entrar no banheiro e me tirar de lá nua mesmo, não que ela realmente o fizesse mas preferia não arriscar.

– Onde você pensar que vai? – ouvi a voz autoritária perguntar antes mesmo de ter pensado em abrir a porta.

– Vou para o colégio. – respondo me virando lentamente com um pequeno sorriso em meu rosto.

– Não antes de me dar um abraço e beijo de despedida. – pede minha mãe abrindo seus braços em um pedido mudo para que eu lhe abrace.

Lhe abraço forte e beijo lhe sua bochecha esquerda com ternura.

– Se cuida hija. – pede ela me abraçando mais forte.

– Sempre mama.

Após me despedir de minha mãe, saio em direção ao carro azul que está parado em frente à minha casa.

– Mamãe já deu todas as orientações ao seu bebê? – diz a garota loira com deboche.

– Cala a boca Dinah. – respondo lhe repreendendo. E logo em seguida recebendo um belo tapa em minha cabeça. – Dinah Jane!

– Isso foi para você aprender que ninguém manda Dinah Jane calar a boca. E coloca logo esse sinto embuste.

Decido me calar antes que ela acabe me dando outro tapa. Se você acha que a mão dessa garota é grande, foi porque você ainda não a viu pessoalmente e muito menos sentiu o tapa de uma "mãozona da porra".

Coloco o sinto rapidamente, e logo em seguida Dinah segue em direção ao caminho de nosso colégio.

Quando estávamos quase próximas do nosso destino, o celular de Dinah toca, e a mesma decide para o carro no acostamento mais próximo para atender. Bufo impaciente, pois não estava mais aguentando mais ouvir a coletânea dos cds da Beyoncé.

– Lauren??? – ouço Dinah perguntar já com seu aparelho celular no ouvido.

Somente por ouvir seu nome meu coração dispara. Merda. Algo me dizia que não seria uma boa notícia.

NOTAS: bom, esse é bem pequeno mas nos próximos irei aumentar. Erros corrigido depois :) x lukky

The healing (Camila Intersex) - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora