Capítulo 18 - Acordo

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No dia seguinte ao baile, eu acordei bem tarde. Fiquei muito cansada da noite anterior, todas as danças e todos os outros acontecimentos, me esgotaram, e como todos entendiam isso, não fui incomodada até a hora que eu decidisse levantar da cama.
Assim que eu levantei fui para o banheiro e depois trocar de roupa para descer para comer, provavelmente já estava na hora do almoço. Quando cheguei lá embaixo, Chersmire e Charles estavam conversando parados na frente da porta de entrada do castelo.
- Boa tarde Rainha. - Disse Charles assim que viu.
- Boa tarde. Estavam conversando sobre algo importante? - eu olhei os dois.
- Na verdade sim rainha. Estávamos falando sobre o acontecimento de ontem. Kieran ter vindo aqui atrás vindo de você, é realmente muito perigoso.
- Ele não veio atrás de mim. - Eu os olhei e coloquei a mão na cabeça. - veio atrás de Luck.
- Porque? Luck é importante para o rei? - Charles perguntou e Chersmire sorriu.
- Sim, mas você já sabe disso né Chersmire? - eu cruzei os braços e o olhei seria.
- Sim minha rainha. Eu sempre sei de tudo, você já deveria ter percebido. - ele sorriu mais.
- Ele é príncipe Trïnk, filho de Kieran e uma warks do nosso reino. Mas Kieran o odeia, e batia nele, e sua irmã ficava trancada no quarto sem nem poder ver o dia, por isso decidi os trazer junto comigo quando fugisse.
- Um príncipe? - disse Charles surpreso. - E por causa dele o rei até aqui?
- Não só isso. Ele me odeia por ter fugido, e por não ter concordado com seu plano de nos unirmos.
- Então... Nós decidimos que você precisa de um guarda perto de você sempre, para sua proteção.
- Tá. Que seja. - Eu disse e me virei. - Vou almoçar. - Então sai da vista deles e fui para a sala de jantar.
Como de costume eu almocei sozinha, pois todos estavam ocupados. Empregados limpando todo o castelo, guardas pensando em planos para impedir que o rei voltasse aqui, e warks dormindo até mais tarde. Asha tinha saído para comprar algumas coisas junto com seu pai, Lizie estava em seu quarto, Luck eu nem queria ver, e Ryhs também no quarto, então eu decidi chamar Lizie e Ryhs para ficar comigo. Nós fomos para o quarto de Ryhs e começamos a ver Senhor dos anéis.
- Você gosta mesmo disso Ryhs? - eu me virei para ele. Nós estávamos sentados no sofá, um do lado do outro, por mais que eu achasse que Rhys estava muito perto de mim.
- Como você pode não gostar? É simplesmente perfeito. - ele sorriu e voltou a olhar para o filme.
o primeiro já era super longo, e já estava no final da tarde, mas Ryhs insistiu para assistir os outros,eu não me importei de ficar vendo filme porque eu precisava de algum tempo com meus amigos, e Ryhs me fazia rir bastante com as coisas que ele comentava sobre o filme, e até repetia algumas falas dos personagens, pois já tinha assistido várias vezes.
- Vou voltar para o meu quarto pessoal. - Lizie se levantou e sorriu, então saiu. Ryhs parecia se aproximar mais de mim, mas não me importei. Ele realmente não era feio, seus cabelos pretos sempre estavam bagunçados, o que o deixava charmoso, e ele tinha um corpo até que músculoso.
- Quer voltar para seu quarto?
- Não. Estou bem, eu precisava de um tempo de descanso mesmo. Tudo está tão agitado, e ontem nem tive tempo de conversar com você depois do baile. - Eu o olhei.
- Você tem muitas coisas para me explicar na verdade. - ele sorriu.
- É. Sobre o que eu disse ontem antes do baile, eu passei por tanta coisa desde que cheguei aqui, você nem imagina.
- É. As vezes acho que tenho sorte por ser livre aqui, ter sua vida deve ser muito difícil.
- Pois é. Eu queria mesmo é ter a sua vida, mas eu gosto de ajudar as pessoas desse reino. Mas... - olhei para frente. - ultimamente as pessoas que eu acho que posso confiar tem me magoado muito.
- Todos que você se referiu ontem né?
- Sim. Então, foi assim... - me arrumei no sofá e fiquei de frente para ele. - Quando eu cheguei aqui, Henri me confortou e me ajudou a entender esse mundo, mas nós não podemos ficar juntos porque somos de classes sociais diferentes, e eu estava noiva de Charles, a quem eu decidi me dedicar mais, e ele é realmente bom, amoroso e fiel, só que Henri não saia da minha mente, então eu fui sequestrada, conheci Luck que me disse que eu não deveria prender Charles a mim se eu não amava e não pretendia amar, e quando voltei eu desfiz nosso noivado, e no mesmo dia eu encontrei Henri que disse que me amava, mas eu estava brava, então fiquei bêbada, com Luck, porque queria me divertir, mas nós acabamos dormindo juntos, não foi estranho no dia seguinte, mesmo eu não gostando dele, então ontem eu fui no quarto de Asha, e ela e Luck estavam se beijando, o que me abalou, mas eu neguei na hora, então eu vim correndo para seu quarto, e mais tarde no baile, quando o rei apareceu, ele me disse algo sobre Luck que realmente quebrou meu coração, eu fui falar com ele, e a confirmação dele só me deixou pior, e agora estou aqui.
- Nossa. - ele disse e abriu a boca. - realmente nao sei o que te falar. Nunca passei por isso. Uma vez, no outro mundo, eu tive uma namorada, e ela me traiu. Mas nada comparado com essa sua vida louca. - ele sorriu.
- Pois é. - Eu suspirei e sorri.
A noite foi passando, e nós ficamos conversando muito, e foi bom, porque eu precisava disso, mas eu acabei ficando com sono e dormindo no sofá com Ryhs.
- RAINHA. - Eu acordei no pulo quando Henri entrou no quarto e gritou.
- Meu deus, o que é isso. - Eu o olhei e esfreguei meus olhos.
- O que você está fazendo aqui dormindo com o humano? - Ele me olhou bravo e apontou para o sofá, onde Ryhs se levantava lentamente.
- Não é nada do que você está pensando. Eu estava vendo filme com ele, e nós acabamos dormindo, só isso.
- Você não deveria passar o seu tempo com ele. Se as pessoas souberem, tudo pelo o que você lutou terá sido em vão, sua confissão sobre quem você é e sua aceitação nesse mundo pelo povo terá sido em vão. - ele fitava Ryhs.
- Você não deve me dizer com quem eu devo ou não passar o meu tempo, não sei nem o que esta fazendo aqui. - Eu cruzei os braços e fiquei o encarando.
- Eu sou seu guarda costas, e eu fui verificar se você estava em seu quarto, mas não a encontrei lá, e obviamente não espera te encontrar aqui.
- Você, meu guarda costas? Preferia que fosse outra pessoa. - Eu olhei para o lado.
- Mas eu sou o melhor para esse cargo,  e você não pode mudar isso.
- Quer saber Henri, me deixe em paz. - Eu saí do quarto e fui em direção ao meu, Henri veio atrás.
- Rainha, me escute... - Eu estava andando rápido, então ele acelerou.
- Não quero te escutar, não quero falar com você e queria nem te ver.
- Me desculpa. - Eu parei bruscamente e ele quase tropeçou em mim.
- Porque? - eu não me virei para o olhar.
- Eu gritei agora com você porque estava com ciúmes, mesmo você com ele ainda ser errado se alguém descobrir.
- Ciúmes? - eu me virei e cruzei os braços. - Eu não entendo você. Primeiro você quer ficar comigo, e depois vai embora, aí volta para me proteger e desde então me ignora como se nada tivesse acontecido, e agora diz que me quer e tem ciúmes? Você não vai brincar comigo Henri, eu não vou deixar, então por favor, pare com isso. - Eu voltei a andar em direção ao meu quarto e Henri não falou mais nada, apenas me acompanhou. Quando entrei no quarto, me encostei na porta e sentei no chão, então comecei a chorar. Parecia que tudo desmoronava ao meu redor e eu não podia fazer nada. Eu tive sorte que o rei não machucou ninguém quando veio aqui, mas ele vai fazer alguma coisa, eu sei que vai, só não sei se posso fazer alguma coisa e proteger meu reino.
Eu fiquei um tempo deitada no meu quarto, até que Henri me chamou para ir na sala de reuniões, algo havia acontecido. Eu desci rápido, e quando entrei na sala, todos já estavam lá.
- Bom... - Charles começou a falar. - estamos aqui para dizer que um reino próximo ao nosso, teve suas aldeias incendiadas e destruídas, o castelo de lá sofreu poucos danos, e teve vários feridos. - Eu queria chorar no momento em que ele disse isso, mas me segurei.
- Foi o rei que fez isso?
- Suspeitamos que sim, pois o reino foi atacado ontem a noite, e ele estava próximo, então poderia ter feito isso, ou mandado alguém enquanto vinha aqui nos distrair.
- Entendo. - Eu olhei para baixo. - O que faremos agora? Temos que mandar pessoas daqui para verificar qual é a situação deles.
- Sim, isso será necessário. - Charles me olhou.
- Licença,mas porque você não aceita o que o rei quer e pronto? Assim ele para de matar nosso povo. O único problema é você,  e você nem sequer é a verdadeira rainha, é uma bastarda que matou os pais. - uma mulher se levantou e falou. Todos ficaram em silêncio e me olhando, mas eu não sabia o que falar.
- Se você está tão incomodada com a nossa rainha pode ir embora, ou pode esperar até que a rainha te expulse desse reino, e então iremos ver quem é a indesejada. Então acho melhor que você se cale e não diga coisas impróprias sobre sua rainha. - Charles falou alto e bravo.
- Eu gostaria que alguns aqui fossem voluntários para no reino afetado pelo rei. - Asha entrou na sala nesse momento, e foi a primeira a se voluntariar.
- Eu irei minha rainha. - Charles sorriu. E depois outros homens e mulheres também se voluntariaram.
- Temos algum curandeiro aqui?será de grande ajuda.
- Eu rainha. - um homem levantou a mão e deu um passo a frente. - Eu irei ajudar com certeza. - Eu sorri para ele.
- Então... obrigado a todos aqui presentes e que iram conosco para o reino. Partiremos amanhã bem cedo, estejam prontos, e tragam suprimentos e outros materiais que sejam importantes. - Todos saíram da sala, ficando apenas eu, Asha, Henri e Charles.
- Você está pensando em ir? - Henri me olhou.
- Sim, eu irei. E ninguém irá me impedir. - Eu dei um sorriso sinico. - Agora, tenho outras coisas para resolver. - Eu saí da sala os deixando lá conversando e organizando como seria amanhã, e fui para o quarto de Luck.
- Preciso que me ajude. - Eu disse assim que ele abriu a porta. Não estava feliz em pedir a ajuda dele, mas era o que me restava.
- Claro. - ele se afastou para que eu entrasse e fechou a porta.
- Precioso que me leve até Kieran.
- O que? - Ele pareceu surpreso. - Não. De jeito nenhum! Ele irá te matar Alicie, não vou deixar isso.
- Eu não estou contente em pedir sua ajuda, mas você é o único que sabe chegar até lá, e vai me levar. Depois de tudo que você fez, é o mínimo. - Eu cruzei os braços.
- E eu serei o culpado pela sua morte.
- Eu não irei morrer, e mesmo que sim, estou fazendo algo pelo meu povo. Tudo está desmoronando ao meu redor e eu não estou fazendo nada. Eu preciso fazer alguma coisa, você não entende isso?! - Eu sentei na cama e apoiei minha cabeça nas mãos.
- Alicie. Você sempre faz tudo que pode para o seu povo, mas se arriscar tanto assim não é certo.
- Uma mulher na reunião me disse que eu era a culpada disso. E ela estava certa. Se eu não tivesse aparecido nesse mundo, e assumido o posto de rainha, o rei não estaria matando pessoas por aí e invadindo o castelo.
- Não. - ele pegou minha mão. - ele continuaria matando as pessoas daqui, até ter o poder desse reino. Você não é a culpada disso. - ele me puxou para perto e me abraçou.
- Por favor Luck. Me leve até ele! - Ele respirou fundo, e exitou por um momento, mas concordou com a cabeça.
- Quando?
- Agora. Amanhã eu irei ao reino que o rei incendiou e não terei mais tempo para falar com ele. Eu preciso ir agora e voltar hoje. - ainda estava de tarde, então daria tempo de ir.
- Ok. Meu carro ainda está parado na floresta, podemos ir agora, mas... - ele me olhou com preocupação. - Você tem certeza de que quer fazer isso? Ele pode não deixar você sair.
- Ele vai deixar. Eu tenho um plano.
- É bom que tenha mesmo. - Nós levantamos e saímos do quarto sem que ninguém nos vissem, então nós saímos por trás do castelo. Fomos até seu carro e Luck disparou dirigindo.
Não falamos muito durante o caminho, o que me deixava um pouco mal, mas finalmente chegamos no castelo. Entramos pelo mesmo lugar de onde fugimos da última vez, e fomos em direção a sala do trono do rei, onde ele provavelmente estaria.
Eu empurrei a porta com força e entrei.
- Ora ora. - ele me olhou e sorriu. - Olha só quem decidiu voltar por contra própria, e ainda trouxe o lixo para dentro do meu castelo, você sabe que não saiara né rainha?
- Eu sairei sim, e Luck irá comigo, assim que você aceitar o acordo que eu tenho a lhe oferecer.
- Um acordo? Ok, estou ouvindo. - ele se levantou e veio até mim.
- Você quer meu reino, e com certeza não quer Luck como seu herdeiro do trono. Eu proponho que nos casemos. Assim você terá o meu reino, uma rainha ao seu lado e um herdeiro Trïnk e wark como herdeiro dos dois reinos. Um herdeiro que você irá criar e deixar seu legado com ele. O que você acha?
- Humm... - ele colocou a mão no queixo para pensar. - Não é uma proposta tão ruim assim rainha.
- Mas, você tem que prometer que não vai mais matar ninguém nem atacar qualquer outro reino até nosso casamento. Eu precisarei de tempo para convencer meu povo de que esse casamento será o melhor e que lhes darei um herdeiro digno.
- Tá bom! Eu aceito seu acordo. Não é tão ruim assim, só espero que você cumpra seu acordo. - ele sorriu de lado e se aproximou mais de mim. - Pois eu não sou piedoso rainha, e se você me trair... - ele me pegou pelo pescoço e me ergueu do chão. - Eu irei matar todos que você ama na sua frente e depois irei matar você, a fazendo sentir muita dor e sofrimento. - ele me soltou e eu caí bruscamente no chão, Luck veio até mim e se ajoelhou ao meu lado. - Agora, vá embora, e saia pela porta da frente. - ele saiu da sala.
- Você está bem? Não acredito que você fez um acordo tão absurdo com e ele. Seu povo realmente deve dar a vida a você.
- Não. Eu apenas quero que todos fiquem bem. - Eu disse baixo. O aperto do rei no meu pescoço me deixou sem fôlego e forças para falar.
Eu me levantei com a ajuda de Luck, e nós fomos para fora do castelo. Já estava noite.
- Temos que voltar logo para o castelo. - Eu o disse.
- Sim. O carro está um pouco longe, consegue caminhar? - Ele parou para falar comigo. Como não queríamos chamar atenção, paramos o carro no meio da floresta, um pouco longe do castelo.
- Consigo. Não se preocupe. - Eu o disse. Mesmo com dor, não queria precisar dele, ainda estava brava.
- Tá bom, mas pelo menos se apóie com o bravo em mim, para caminhar melhor. - Eu não pude negar isso, sozinha nunca chegaria até o carro e não chegaríamos antes do amanhecer no castelo. - Você ainda vai ir na expedição de manhã para o outro reino?
- Claro que sim. É por minha causa que eles foram atacados, eu tenho que no mínimo ajudar eles com tudo que puder.
- Quer minha ajuda?
- Se você quiser. Estamos em 11 no momento, eu não posso forçar ninguém a ir então só pedi voluntários.
- Eu vou se você quiser.
- Eu não quero Luck. Esse é o problema, eu não queria precisar de você. - Eu parei para poder olhar para ele.
- Me desculpe. Eu tinha apenas 14, o rei nunca me falou para que ele queria meu veneno, eu fui forçado a dar a ele, não controlava direito meus poderes, ele se aproveitou de mim. Eu nunca machucaria alguém, não por vontade própria.
- Não acredito em você Luck. Seus atos me fizeram não acreditar em você. Primeiro você me desmaia com seu veneno, aí me sequestra, me esconde toda a verdade sobre você, me engana, então quando acho que você está falando a verdade e te levo comigo para o castelo para te proteger, ai você me engana de novo, beijando minha amiga, e depois eu descubro que você matou meu pai e deixou que eu levasse a culpa por toda a minha vida até ser mandada para outro mundo. A única coisa que sei é que o rei realmente te odeia, mas eu não vou deixar que ele te faça mal, ou a sua irmã.
- Alicie... - ele se aproximou e colocou a mão no meu rosto.
- Não! Por favor, vamos embora. - Eu queria chorar, mas me contive. Luck concordou com a cabeça e se afastou, só ficou ao meu lado para que eu pudesse apoiar nele. Finalmente nos chegamos no carro, entramos e fomos embora, não falamos mais nada, mesmo que meu coração doesse, eu ainda não entendi tudo o que estava acontecendo.

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