Desapontamento

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» KyungSoo

É engraçado como nós sempre fingimos que não estamos ansiosos pelo primeiro dia de aula. Eu, pelo menos, lamento até o último segundo, mas, por dentro eu estou extremamente ansioso e nervoso pelo dia de amanhã.

Enfim, o ensino médio. Finalmente vou começar essa fase da minha vida que aguardei por tanto tempo. Dizem que é mais difícil, tem mais trabalhos e que os alunos são competitivos. Será? Não sei... Quero muito descobrir, e espero fazer amigos legais.

Acordo dez minutos antes do despertador — graças à ansiedade. Estou tão curioso para saber tudo o que a minha nova vida escolar vai me oferecer.

Tomo um banho demorado, já que tinha acordado com antecedência — que isso nunca mais se repita, até porque eu não conheço um pé de cristão que goste de acordar cedo, e muito menos acordar dez minutos antes do despertador —, coloco meu uniforme e desço pra fazer o café, já que minha avó ainda não acordou.

Ela até mesmo leva um susto quando acorda e me vê já sentado à mesa, bebendo café.

— KyungSoo? — minha avó me chama, mas não tem os olhos em mim, e sim no relógio que fica acima da geladeira — Por que está de pé tão cedo? Achei que fosse ter que te acordar com um balde de água fria!

Ela ri, e eu também; mas não porque ela ia jogar um balde de água fria em mim, e sim porque ela está toda descabelada, com um baby doll todo rasgado, e a alça do mesmo descendo por um dos seus ombros.

— Só estou um pouco ansioso, vovó — falei simples, bebericando o café que está quente, porém, ainda assim, acabo queimando a minha língua.

— Você? — Pergunta desacreditada — Ontem mesmo tinha dito que preferia se jogar no rio Han do que ir pra escola, garoto!

— Ah, vó, quem não fica ansioso com o primeiro dia de aula?

— Você! — Ela ri.

— Vó, é o ensino-médio.

— E isso faz alguma diferença 'pra você? – Ela pergunta enquanto caminha até o armário para pegar uma xícara e se servir com o café que eu fiz.

Talvez, se fosse uns dois anos atrás, realmente não faria diferença para mim. Nem eu mesmo sei porquê estou fazendo tanto caso do meu primeiro dia no ensino-médio.

— Hm... esse café está bom, nem parece que foi você quem fez — ela volta a falar e depois solta a sua risada meio rouca.

— Ah, qual é, vovó?

Assim que dá 6:30, eu saio de casa. O sol ainda está nascendo. E se eu quero chegar na escola sem atrasos, tenho que sair esse horário mesmo. Espero que meu nervosismo passe daqui 'pra lá.

Eu nunca fiz questão de ser o "primeiro a chegar" na sala, mas eu acho que não é uma boa ideia ser o isolado. É sempre aquela mesma história: se você chegar por último, os grupinhos já estarão todos formados e você será o único que ficará de fora.

Isso é uma merda, ainda mais 'pra mim, que sou neutro e muito fechado.

Assim que chego na escola, noto que os portões já estão abertos. Há um amontoado de estudantes pelo pátio. Vou em direção a um professor que chama pelos novatos e pede para que estes formem uma fila, procurem por seus nomes e descubram em qual sala irão ficar.

Ninguém faz fila.

É um empurra empurra, e eu estou sendo jogado para trás porque entra uns cavalões na minha frente e eu sou baixinho — pela infelicidade da genética. A minha família não tem um indivíduo alto, meu Deus!

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