Um Amor De Pai

3.9K 930 112
                                    




—papai, posso entrar?

—claro querida, entre.

As vezes papai é um cara super legal, em outros momentos ele é super protetor, super exagerado, super extremista e super teimoso, resumindo: chato. Claro que ele está calminho, porque ele pensa que eu desisti do meu plano de viajar com Dominic, mas sei que bem lá no fundo ele sabe exatamente porque vim conversar com ele.

Essa será uma conversa épica, ou talvez, devo chamar de briga épica.

A Briga do Ano.

—pai—digo e respiro fundo—eu queria conversar com o senhor de novo sobre a viajem com o Dominic.

Papai usa um óculos arredondado no rosto, ele não tem cabelos brancos mas o rosto já tem pequenas marcas de expressão, os olhos verdes dele sempre foram o destaque de seu rosto, mas hoje, o que mais pode chamar atenção das mulheres nele é seu sorriso, coisa que não entendo.

Acabei de pedir pra viajar com Dominic—pela milésima vez—e o meu pai está rindo?

—vem cá—papai chama e indica a cadeira diante de sua mesa, ele está muito calminho.

Eu sempre desconfio de duas coisas quando papai está assim:

Hipótese um, mamãe e ele transaram.

Hipótese dois, mamãe e ele discutiram e ela venceu, ele sempre fica com o rabo entre as pernas, papai tem pose de homem durão mas é um coração mole, mamãe o chama carinhosamente de "coração Doce", ele se irrita, já foi até motivo de chacota do tio Alê, mas depois ele fica todo bobo e feliz, por mamãe trata-lo assim.

Me aproximo de sua mesa e me sento na cadeira confortável, esse escritório foi todo ambientado no passar dos anos, lembro que desde pequena, quando mudamos do Brasil pra cá, papai tem mudado muitas coisas aqui, ele tem bonecos da DC que mamãe deu no nosso primeiro Natal oficialmente juntos e alguns da Marvel que o Antônio foi dando no decorrer dos anos, todos em prateleiras.

Mas o que mais tem sob a mesa de papai são porta retratos, eu percebi o quanto Jack Carsson me ama quando vi ano após ano ele tirar fotos minhas com meus irmãos e a minha mãe e coloca-las em seu escritório, algumas fotos minhas com ele, outras dele comigo e mamãe, o meu pai acima de tudo é um paizão.

As vezes chego a me sentir injusta por ser tão teimosa, mas sei que dessa vez, a felicidade de duas pessoas estão em jogo.

—sabe Charlie, eu gostaria de saber os reais motivos pelos quais quer muito viajar com Dominic—papai fala de forma muito sincera.

Ele e a mamãe odeiam mentiras, gosto disso, e aprendi a ser assim com eles, não parece justo que eu minta, pois papai sempre confiou em mim e eu nele, apesar de duro ele nunca foi injusto.

—eu sei que você ainda gosta do Henry, que está muito magoada querida, mas não pode querer se enfiar em outro relacionamento assim do nada.

—não é isso papai.

—pois é o que parece, Dominic não é um rapaz ruim, a família é boa, é rico mas talvez ele não faça bem o seu tipo, sem falar que é mais velho que você.

—só queria poder ter um pouco mais de liberdade papai, parece que o senhor não confia em mim!

—acho que está magoada demais pra se preocupar com confiança alheia filha.

Papai me conhece, eu diria muito mais que mamãe, porque com o passar dos anos, Jack Carsson se tornou meu principal confidente, alguém disposto a esconder minhas traquinagens da mamãe e a me defender quando eu comia algum batom dela.

Lottie  - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora