Acordo assustada. Os rosnados furiosos à minha volta tornam-se quase ensurdecedores. Levanto-me de um salto quando percebo que estou estendida sobre uma cama. Vários pares de olhos encaram-me e não de forma amigável. A minha loba interna revolta-se e clama para que me defenda e me imponha. Mas a minha parte humana sabe que isso seria suicídio.
- Ei! – Um grito furioso irrompe de entre as lobas que me rodeiam e para me espanto vejo a Sandra. – Toca afastar.
- Não te metas onde não és chamada forasteira. – Rosna uma imensa loba. As suas palavras a enrolarem-se na sua boca devido aos imensos dentes.
- Atenção a quem chamas forasteira. – Cospe Sandra. – Sigo ordens. E as ordens que tenho é manter o vosso traseiro peludo e mal cheiroso fora daqui. Se tens algo contra, fala com o teu dono, lobinha. – Troça.
Ok, esta humana deixou o juízo dela no útero da mão, está comprovado.
- Ainda terei o prazer de arrancar a tua cabeça. – Rosna a fêmea. O focinho colado ao rosto da humana e eu pestanejo confusa. Seria natural que a humana chorasse baba e ranho, contudo Sandra mantém-se segura de si mesma. Vejo as lobas já em forma humana, saírem do quarto, não antes sem olharem sobre o ombro e rosnarem.
- Enfim, a sós. – Sandra caminha até a cama e senta-se nesta.
- És louca? Ou tens ar na cabeça? – Inquiro estupefacta.
- Nem uma nem outra. – Responde com um sorriso.
- Elas podiam desfazer-te. – Insisto. – Espera. Não devias estar a gritar como uma louca?
- Devia? – Inquire divertida.
- Sim, ou não notaste o que aqui estava?
- Um monte de lobas furiosas a quererem a tua pele para pendurarem na parede. – Responde divertida e eu faço má cara. – Elas... e tu, são lobas...eu... não sou humana. – Franzo o sobrolho. – Sou uma metamorfa.
- Como é? – Guincho ao mesmo tempo que dou um salto da minha cama. – Impossível!
- Porquê? – Questiona e noto a sua ironia na voz.
- Vocês são maus, cruéis. – Digo o óbvio, mas pelos vistos só para mim. Sempre ouvi falar dos metamorfos, eles podem-se transformar em quase tudo, desde que seja basicamente do mesmo tamanho. Ou seja, lobos, leões, panteras, jaguares, panteras e outros.
- Ai somos? – Retruca divertida. – Nós somos maus... mas não fui eu que dizimei uma alcateia quase toda.
- A culpa não foi minha, não fui eu. – Murmuro e aperto as minhas mãos em volta do lençol.
- Explica-te.
- O meu progenitor matou o Joel, que era o beta de Raphaels. – Começo e sinto as lágrimas correrem pelo meu rosto. – Como era filha dele, fui expulsa da alcateia, tornando-me um Omega. Pouco tempo depois, Mateus mandou chamar-me, o que afinal era Raphaels, mas nessa altura eu já estava na alcateia de Eric. Eu fui... - fungo. – Mas Eric queria falar com Raphaels. E... - limpo o meu rosto. – Eu juro que não sabia o que Eric tinha em mente. Se soubesse nunca o teria levado. Fui o engodo para o massacre.
- Que merda fodida. – Resmunga Sandra. – E o que pretendes fazer? – Olho-a sem entender. – Ele usou-te, no máximo a tua loba devia exigir vingança, não?
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Trono Carmesim - Conto
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