Capítulo Dois

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Emboscada.

Uma maldita emboscada! E eu? Fui apenas o engodo de tudo isto.

A verdade é que por mais que fuja, não tenho onde, nem como me esconder. Será o meu fim. Para piorar tudo, eles estão atrás de mim. Não irei sobreviver, sei que não. Como posso fazer eles verem a verdade? Se bem, que se for a ver bem, não há verdade possível, eu fui a causa de tudo. Apesar de ter sido usada, a culpa é minha e essa é a verdade.

Pela lua sagrada, eu juro que não sabia.

No entanto é tarde para estar a lamentar-me. Foi tudo destruído, eles foram assassinados sem dó nem piedade. Como posso provar a minha inocência perante os factos? Como posso provar a inocência sem que perca a vida?

Um barulho mais adiante desperta a minha atenção. Todo o meu pelo fica eriçado, um sinal de alerta e perigo. Um cheiro invulgar mas conhecido chega até mim. Um rosnado baixo mas ameaçador sai de mim, um sinal claro de aviso. Oiço o som característico das folhas secas a serem pisadas. A minha parte humana grita para que fuja, mas o meu outro lado, a minha loba exige que fique e lute. Suicídio bem sei, não deveria.

Oiço as vozes humanas mais adiante e tento controlar-me. Apenas humanas, não são ameaças. O que raio fazem humanas a uma hora desta no meio da Serra? Imbecis, é o que são. Inicio caminho, para longe dali. Sinto o medo, não o meu, mas de uma humana. Merda, ela viu-me. Fujo o mais rápido que posso, mas as suas vozes chegam até mim. A outra humana critica esta de ler demasiado sobrenatural ao ponto de ver coisas. Rio-me internamente. Idiota, mal ela sabe o que realmente as rodeia.

A humana morena deveria acreditar na amiga, porque de facto ela viu-me, a sorte é que os humanos são tão tolos que descartam aquilo que vêm e os seus cérebros idiotas arranjam sempre uma desculpa e teoria descabida para o que estão a ver. De certa forma isso é uma mais-valia para nós.

Se os humanos vissem a realidade que os rodeiam eles morreriam de ataque cardíaco. Contudo, as suas mentes francas vêm aquilo que eles querem ver. Eles podem ver um predador a frente, ou seja, um vampiro, um lobisomem o que seja, mas para eles? É apenas um outro humano antipático e rabugento. Um serial killer ou o que raio eles lhe chamam.

Os desaparecimentos dos humanos, para eles resume-se ao tráfico humano, não que a maioria não seja, mas metade deles são alimentos dos vampiros. E as carcaças muitas vezes são alimento de outras alcateias.

Nós, lobos, alimentamo-nos de outros animais, para não levantar demasiadas suspeitas, até porque, a nossa parte humana fala mais alto. No entanto, existe outros bandos que não pensam assim, os anos passaram mas eles não evoluíram, é como se mantivessem-se como os homens das cavernas, vivem para matar e destruir.

Foi o que aconteceu, basicamente. Muito antes de tudo isto acontecer, eu pertencia à alcateia de Mateus, o nosso futuro Alpha. Contudo, fui expulsa por traição. Não fui eu que cometi a traição, mas sim o meu progenitor. Ele matou o Joel, o beta de Raphaels, e por consequente fui expulsa.

Afinal, tudo indicava que tinha sido eu.

Eric aceitou-me na sua alcateia, por momentos senti-me feliz, pertencer a uma nova alcateia, começar de novo. Mas não foi assim, bem, pelo menos mais para a frente. De início era como se eu fosse quase uma Alpha, confesso que foi muito estranho e a minha loba bem que tentou alertar-me de que algo não estava bem. O meu erro? Tê-la ignorado.

Quando Mateus soube que eu pertencia a uma nova alcateia, mandou chamar-me. Eu fui, afinal uma parte de mim sempre reconheceu ele como o meu futuro Alpha. Mas não era Mateus que estava lá, mas sim Raphaels.

Trono Carmesim - ContoOnde histórias criam vida. Descubra agora