Não há nada melhor do que a vista gloriosa daqui de cima. A mistura de aromas é simplesmente soberba. Um cheiro único e característico que apenas encontramos na maravilhosa Serra da Arrábida.
A mistura do cheiro a mar e da vegetação, cria uma fusão única e inesquecível ao olfato. Dou um suspiro enquanto olho uma vez mais ao relógio. A Lisa está atrasada e estranho seria se ela não estivesse.
Saio do carro e vou até a bagageira do mesmo de onde retiro a minha mochila. Dentro desta encontra-se um kit de primeiros socorros, uma garrafa de água, fósforos e isqueiro, umas sandes e sumos, assim como uma cópia da minha identificação, nunca se sabe.
- Oi, desculpa. – Olho sobre o ombro e vejo Lisa com a mochila aos ombros.
- Já ia seguir caminho. – Resmungo.
- Estou a ver que sim, desculpa. Mas o meu carro avariou a quinze Km daqui. – Choraminga. – Tive de um empurrar até o deixar num encostamento da Serra, para ficar seguro. E ligar para o reboque que o veio buscar.
Franzo o sobrolho, empurrar um carro na Serra da Arrábida não é impossível, contudo, empurrar sozinha e ainda por cima sendo uma mulher, não é fácil. Óbvio que não se deve desvalorizar a força, só porque se é mulher.
- Queres descansar um pouco? – Questiono um pouco preocupada. – Podias ter-me ligado, não é?
- E dividir a diversão? Estás louca! – Rebate divertida.
É isto é o que eu gosto na Lisa. O mundo pode estar a ruir em milhões de pedaços, mas para ela? É uma forma divertida de contornar as adversidades.
Termino de confirmar tudo da minha machila uma vez mais. Por fim pego nela e fecho a bagageira do carro, trancando-o em seguida.
- Estou tão empolgada. – Olho para Lisa, esta saltita de um pé para o outro, como uma criança que recebeu um Ovo Kinder.
Sem conseguir conter-me, acabo por sorrir para ela, por fim explico todo o percurso uma vez mais, que iremos fazer pela Serra.
Não é de todo aconselhável a pessoas inexperientes, mais ainda fazer este percurso à noite. A Serra da Arrábida é traiçoeira e num abrir e fechar de olhos podemos estar perdidas. Pior, basta enganar-nos num trilho e podemos cair num dos muitos buracos de algumas das grutas escondidas e nunca conseguiremos sair. Contado que se sobreviveria a queda.
Fiz este percurso de dia umas vinte vezes e um milhão à noite conheço esta serra como a palma da minha mão.
Olho de relance para Lisa e aceno com a cabeça, dando inicio à caminhada, quando já estamos no trilho, repito de novo o básico para a Lisa, que bufa de aborrecimento. Vamos atravessando a Serra, num trilho com uma descida ingreme e com arbustos pelo caminho. Se escorregássemos? Seria como descer um escorrega sem fim à vista e colecionar umas quantas nódoas negras e muito provavelmente um braço ou perna partida. E isto tudo, porque assim o piso lamacento e coberto de barro o proporciona.
O Som dos animais fazem-se ouvir vez, ou outra. E uma raposa passa à nossa frente, numa correria, ansiosa por se afastar do nosso percurso.
- Sandra? – Viro-me para a Lisa. A sua voz demostra o medo que ela está a sentir neste momento e isso deixou-me curiosa. – Passou ali alguma coisa.
Ela aponta para a vegetação ao nosso lado e eu franzo o sobrolho.
- Lisa.... – Reviro os olhos ao mesmo tempo que inspiro fundo. – Estamos numa Serra. Há raposas, javalis, coelhos, mochos, corujas entre outros animais. É normal veres um animal.
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Trono Carmesim - Conto
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