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"Eu sabia que não devia confiar em você, seu Beta idiota!"
Desnorteado, Louis ergueu o corpo e abriu os olhos para encontrar os Styles possessos, olhando de seu filho, o qual Desmond segurava com força pelo bíceps, para ele com uma fúria que fez com que com que ambos os garotos se encolhessem.
Sinceramente, Anne parecia prestes a estapear o melhor amigo de seu filho, tamanha sua revolta enquanto esbravejava alto demais para um ambiente tão pacífico quanto aquele lago.
O peito de Tomlinson doía e ele não sabia como responder àquilo, não fazia ideia de como se defender.
Para piorar, sua própria mãe entrou em cena, correndo até onde estavam.
"O que aconteceu?"
"O que aconteceu foi que o imundo do seu filho colocou as mãos nojentas dele no meu! Seu betinha beijando o meu bebê! Dá pra acreditar?! Eu sabia que essa palhaçada toda tinha ido longe demais! O Harry é um Alfa, ele não pode perder tempo com um inútil infértil desses! Ele que procure uma Beta pra ele, de preferência da mesma idade, ao invés de ficar colocando coisas na cabeça do meu filho!"
"Com todo o respeito, Anne, eu também não concordo com toda essa situação, mas o meu filho nunca faria nada que o seu não quisesse. Se todos os anos de amizade deles não te provaram nada, eu posso te afirmar com todas as palavras que o Louis se importa com o Harry demais pra fazer algum mal a ele." Tomlinson estava honestamente surpreso pela resposta de sua mãe. Imaginava que ela fosse fazer um escândalo enorme sobre a situação também. "Além disso, eles são garotos, são novos, são próximos e praticamente os únicos amigos de verdade um do outro... É normal que experimentem as coisas juntos."
Wow, quem é essa e o que ela fez com a minha mãe? Pensava, antes de ter seu raciocínio cortado por um grito da senhora Styles.
"Ridículo! Não acredito que você possa estar defendendo um absurdo desses! Escuta aqui, a partir de hoje, eu quero esse inútil longe do meu filho, tudo bem? Eu faço um escarcéu, mas esse Beta nunca mais vai nem ver meu filho, mesmo de longe!" Anne ergueu o queixo como quem tivesse dado a palavra final e saiu a passos pesados, grunhindo e exigindo que seu marido a seguisse enquanto tagarelava que a culpa era dele e os genes ruins de Alfas fracos que trazia em sua família. Desmond apenas revirava os olhos e seguia sua Ômega com uma expressão irritadiça enquanto praticamente arrastava um Harry que parecia se esforçar para não deixar que suas lágrimas escorressem bochecha abaixo, como um bom Alfa insensível –robôs de merda– deveria fazer.
Louis, por sua vez, sentia que ia vomitar a qualquer instante ante àquela série de fatores acontecendo num período de tempo curto demais para sua costumeira vida pacata e interiorana.
"Onde você estava com a cabeça, Louis?!" Oh! Aí está ela. Oi, mãe. "Já que você é um Beta, devia ao menos se colocar em seu lugar e agir como um, ficando na sua ao invés de me causar problemas. Você tem ideia da quantidade de acordos de negócios que eu posso perder com o Des por causa de um único ato impensado seu? Você é mais velho e sabe muito bem da sua condição, Louis! Tinha que vir de você a consciência de que o que estava acontecendo aqui não era certo! Por que tudo tem que ser tão difícil com você? Pelo amor de Deus! Vamos pra casa!"
Observou sua mãe começar a fazer o mesmo caminho que os Styles haviam feito um pouco antes e fechou as mãos em punho. "Condição, mãe?! Condição?! Ser um Beta não é a porra de uma doença!" Jay parou no mesmo instante e virou-se na direção de seu primogênito. "Sim, eu disse 'porra'! Caralho, tudo isso é um saco! E eu quero deixar bem claro que eu não sou um Beta!"
Johannah pareceu aumentar de tamanho ao tencionar os músculos e se mostrar pronta para o ataque. Ah, claro, hora perfeita para ativar o modo Alfa maluca!
"Eu te dou cinco segundos para que vá para o carro ou eu não vou responder por mim e, acredite ou não, eu não gostaria de fazer o que estou com vontade de fazer com meu próprio filho!"
Louis travou o maxilar. Ótimo, agora ela estava usando a voz. Passou pela mulher revirando os olhos e agarrou bruscamente suas roupas e as de Harry na pedra onde as haviam deixado mais cedo, vestindo-se enquanto se dirigia à trilha. Após atravessá-la e colocar o suéter de Styles por cima de sua camiseta Polo, se deparou com a bicicleta do mais novo destruída na clareira, próxima a sua, que permanecia intacta.
Engoliu o nó em sua garganta e foi prender sua única forma de locomoção naquela cidade minúscula na traseira do carro de sua mãe enquanto pensava que talvez não fosse de todo mal que o planeta inteiro tivesse explodido de vez quando a Terceira Guerra eclodiu. Aquela palhaçada toda de criar humanos semelhantes aos lobos para estimular o repovoamento do mundo era uma idiotice tão grande que Louis só conseguia desejar que o Novo Mundo se dissolvesse por completo através de uma arma nuclear, dessa vez sem volta ou novas chances para a humanidade. Aquele retrocesso ridículo de uma sociedade baseada em instintos, interesse e falta de vontade própria era uma enorme merda de prova de que havíamos falhado de novo.
Entrou no banco do passageiro e ficou ali por alguns instantes até Johannah aparecer já de volta ao normal, porém com uma carranca que deixava óbvio que não estava aberta para qualquer tipo de diálogo.
Perfeito, pois Louis não achava que estaria afim de um no momento enquanto fechava os olhos e tentava forçar seu cérebro a decorar a sensação de um primeiro beijo e de tocar de um modo tão íntimo o garoto com quem compartilhou isso. Garoto este que era Harry e no qual, muito provavelmente, não tocaria daquela forma nunca mais.
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heaven in hiding // l.s. (a/b/o)
FanfictionEm uma sociedade remendada com os cacos do que o mundo já foi um dia, Harry e Louis constroem sua história ao redor da busca por apenas uma coisa: A liberdade de amar sem temer.