Chamas Apagadas

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É óbvio que penso em correr ou me esconder, mas Luke já está dentro da sala. E já está olhando para mim, o que me deixa totalmente sem graça. Ele me examina da cabeça aos pés, como se estivesse estudando cada detalhe daquele maldito vestido.

– O que foi? – Pergunto, como se nada tivesse acontecido.

– Nada. – Ele diz, dando de ombros. – Só é estranho ver uma feiticeira branca vestida em preto, mas ficou bem em você.

Não entendo se a intenção do seu comentário foi me ofender ou me elogiar. Estou confusa e tudo que sei é que meu rosto está tão vermelho quanto um pimentão.

– Obrigada, eu acho. É da Nina. – Digo envergonhada e aponto para a garota de cabelos vermelhos ao meu lado.

Nina confirma com a cabeça, dando um sorrisinho com toda a situação.

– O jantar ainda não está pronto. – Nina muda de assunto, felizmente.

– Eu sei, só queria perguntar se tem algum problema se Katherine e o namorado dela vierem jantar também. Não vai sobrecarregar sua mãe na cozinha?

– Lógico que não. Você sabe que a minha mãe adora quando temos visita pro jantar.

– Tudo bem, então voltamos mais tarde. – Ele diz se despedindo já perto da porta.

Ele sai e eu me sinto totalmente aliviada. Nina não deixa de dar uma gargalhada e eu sou obrigada a acompanhá-la.

– Não sei quem ficou mais sem graça, você ou Luke. – Ela comenta, entre os risos.

– Pode ter certeza que fui eu. – Murmuro, revirando os olhos e amaldiçoando meu novo modelito de rendas.

Espero Nina entrar na cozinha para tirar aquela tiara, afinal, está mesmo meio exagerada.

***

– Eu acho – Katherine se interrompe, dando mais uma garfada na comida. – que a Tortilla de batata da sua mãe é a melhor do mundo, Nina.

Também concordo mas não digo nada, afinal, estou concentrada mastigando e saboreando a comida.

Eu, Luke, Nina, Jeremy, Katherine e seu namorado estamos sentados à mesa da copa, jantando.

– Isso é porque você não experimentou a do meu pai. Ele também era chef de cozinha. – Ela diz, sorrindo. Mas ao perceber que disse algo errado, corrige-se. – É.

Me pego com uma ponta de pena, não deve ser fácil para Nina ter que ficar longe de seu pai por tanto tempo.

O silêncio prevalece, e o sorriso no rosto de Nina se transforma em uma linha reta. Ela abaixa os olhos e volta a comer, em silêncio. Parece que lembrar de seu pai não é lá muito agradável.

Estou em um relacionamento sério com essa Tortilla quando sinto uma pancada em meu pé. Dou um pulo, nada agradável, ao perceber que alguém acaba de me chutar. Alguém chamado Luke.

Olho para ele, raivosa, e reprimo a vontade de estrangulá-lo. Me surpreendo quando percebo que Luke não parece ter feito isso para me irritar, mas sim para chamar a minha atenção. Ou melhor, para que eu fale qualquer coisa que distraia Nina.

Até que acho seu ato bem gentil, então digo a primeira coisa que vem à minha mente. Na verdade é algo que já estava pensando, mas não que eu quisesse tocar nesse assunto agora.

– Ahn, eu sei que isso pode soar meio estúpido já que ser feiticeira é uma coisa nova para mim, mas quando chegarmos ao Oráculo porque não perguntamos logo sobre a princesa desaparecida? Porque temos que perguntar sobre o meu passado?

Opposite - Chamas IniciaisOnde histórias criam vida. Descubra agora