Busca

479 45 4
                                    

– Odeio isso. – Nina bufa totalmente irritada, desviando das folhas das árvores mais baixas enquanto anda. – Odeio procurar por algo sem ter nenhuma pista, odeio andar em círculos.

– Enquanto não temos outra ideia melhor, essa é nossa melhor opção. – Luke diz, tão irritado quanto ela. Já é a quarta vez que discutem sobre isso, o que realmente me deixa aflita.

Tudo o que nos cerca possui duas cores dominantes: verde e marrom. Caminhamos pela densa e quente floresta de Arcanum Island, já faz um bom tempo.

Somos interrompidos assim que nos deparamos com um enorme tronco de árvore caído no meio do nosso caminho. Passo meu tornozelo machucado, já coberto por algumas ataduras, por cima do tronco. Jeremy segura uma de minhas mãos, para que eu me equilibre nele. Passo minha outra perna pelo tronco e Jer faz o mesmo. Aterrissamos juntos. Nina faz um movimento rápido e pula por cima do tronco, assim como Luke.

– Nossa, obrigada. – Digo a Jer, surpresa pela ajuda. Jeremy não costuma dar uma de cavalheiro, quem faz isso geralmente é Luke.

– O que? – Ele diz, estranhando minha surpresa e então ri. – Não esperava mesmo que eu fosse deixar você escalar esse tronco sozinha e ainda com o calcanhar machucado, esperava? Poderia cair e ficar mais três dias em coma.

Reviro os olhos e dou um soco em seu ombro, levemente irritada pela provocação. Isso o faz rir um pouco mais.

Continuamos andando, nos desviando de folhas, galhos e espinhos das árvores ao nosso redor.

Acontece que depois de ser envenenada, fiquei desacordada por três dias. Meus amigos me disseram que enquanto estive apagada, eles se instalaram em uma caverna (a mesma em que acordei). Também me contaram que foi fácil encontrar as ervas para fazer uma poção curativa.

Nesses três dias de sono e alucinações, Luke e Jeremy sairam para procurar o Oráculo Mágico enquanto Nina cuidava de mim. É claro que por Arcanum Island ser imensa, não encontraram nada. Luke até fez um mapa indicando os locais onde já estiveram.

E é basicamente isso o que estamos fazendo agora, procurando pelo Oráculo. Nina me explicou que teríamos de procurar até o sol se pôr. Não entendi muito bem o porquê da busca se limitar no fim do dia, mas logo percebi que estava se referindo aos demônios. Os demônios não resistem à luz solar e segundo Luke, a ilha é infestada deles. Seria impossível procurarmos pelo Oráculo sendo perseguidos por um milhão de criaturas ao mesmo tempo.

Como não temos nem ideia de onde o Oráculo possa estar, estamos andando sem rumo algum. É claro que concordo com Nina sobre isso ser inútil. Quer dizer, não vamos simplesmente esbarrar no Oráculo uma hora ou outra.

Passo uma de minhas mãos em meu rosto, limpando o suor que já escorre pela minha testa e ignorando um certo cansaço que atinge minhas pernas em cheio. Respiro fundo e o ar em meus pulmões me faz relaxar um pouco.

De repente sou assustada por algum tipo de criatura com mais ou menos dez centímetros de altura, que voa rapidamente até as plantas ao meu lado. Sou obrigada a parar de andar para encarar pequeno ser humanoide de orelhas pontudas. Parece mais uma espécie fada, devido sua encantadora beleza e as asas, mas é claro que é pequena demais para ser uma. Seus cabelos são rosados e sua pele esverdeada, de um tom bem parecido com o da planta em que está pousada. De repente ela sorri para mim.

Quando percebo, todos já pararam de andar e me encaram com curiosidade, como se eu fosse boba o suficiente a ponto de me interessar naquela pequena fada. Eles sempre se esquecem que eu fui criada no mundo humano e que nunca soube de criaturas sobrenaturais. Isso realmente me irrita.

Opposite - Chamas IniciaisOnde histórias criam vida. Descubra agora