Que domingo horrível. Se não fosse por Josy e Luke eu estaria um lixo.
Josy acordou cedo e deixou remédio para dor de cabeça na minha cômoda e meu irmão fez de tudo para não fazer o escândalo que ele normalmente faz quando acorda. Josy já tinha avisado do ocorrido na noite anterior.
– Como você está, Bonequinha? - Ele pergunta quando chego à sala me sentindo um pouco mais gente depois do banho. Apesar de tudo, eu adorava quando ele me chamava assim.
– Chateada porque ninguém anotou a placa do caminhão que esmagou minha cabeça noite passada.
Ele sorriu e ficou mais tranquilo com a minha tentativa de piada.
– Desculpa por não estar lá para ajudá-la, eu devia ter ido.
– Você não podia imaginar que isso pudesse acontecer. Na verdade já tem muito tempo que eu não me sentia da daquele jeito. – Senti um arrepio percorrendo minhas costas só de lembrar o meu susto da noite anterior.
– Bom dia! -Josy veio da cozinha com algumas torradas e um copo de suco para mim. – Ia levar na cama, você bebeu bastante, achei que estaria com dor de cabeça.
– Achou certo, mas eu não quero ficar na cama. O que vamos fazer hoje? Dá tempo de assistir algum filme antes de você ir?
Josy assentiu.
– Por você vejo até dois. – Sorrimos e juntas sentamos no sofá, uma de cada lado de Luke e assistimos Jogos Vorazes enquanto eu comia meu café da manhã.
No final do filme estávamos rindo de um comentário de Luke. Eles sabiam direitinho o que dizer para que eu relaxasse e isso era maravilhoso.
Depois do almoço Luke deu carona para Josy até a rodoviária e eu fiquei por um tempo sozinha tentando assimilar o fim de semana. Não acho que eu precise visitar a Doutora Amélia, mas acho que seria sensato ligar. Pego meu celular e vejo onze chamadas não atendidas. Como eu não escutei? Reparo no ícone no topo da tela informando que meu celular estava no silencioso. Luke deve ter feito isso para não me acordarem cedo.
"Droga" Havia duas ligações da minha tia, mas o outro número, que ligou nove vezes, não tinha identificação. Decidi ligar para minha tia primeiro.
– Bonequinha, como você está?
Ouvir sua doce voz falar meu apelido no telefone sempre me conforta. Mesmo com 24 anos ela ainda não parou de me chamar assim. Meu pai me colocou esse apelido e desde então os dois me chamavam dessa forma. Com o tempo Luke também adotou o apelido. Amo minha tia como uma mãe, ela fez muito por mim depois que perdi meus pais.
– Estou bem agora.
– "Agora"? O que aconteceu?
Dei um resumo do que aconteceu ontem ocultando algumas partes que eu saberia que ela ia se preocupar só de lembrar como eu ficava anos atrás. Eu não sou mais como antes, eu sei me controlar. Não costumo colocar a culpa na bebida, mas não consigo ver outra coisa que tenha feito com que eu me sentisse tão insegura.
– Meu Deus, você já ligou para a Doutora Amélia? Já tem um bom tempo que você não vai vê-la.
– Eu pensei nisso, mas não quero incomodá-la pleno domingo. – E porque eu não estava com ânimo para uma psicóloga me fazendo reviver a pior parte da minha vida.
– Não seja boba, ela é uma boa amiga minha e ficará contente por você ligar.
–Sim, vou tentar ligar mais tarde.
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Retratos de Uma Vida (degustação)
RomanceA nossa vida é feita de flashes. E fazemos uma coleção deles: bons, ruins, inesquecíveis e inesperados. E não é diferente para Jennifer, uma jovem aspirante a fotógrafa que sonhava em trabalhar para a maior revista do país. Só que alguns de seus reg...