➳Capítulo 2

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Dezembro de 2015

Cinco anos depois...

O convite de casamento estava apoiado na parte superior da lareira, quase escondido por um montinho de contas e propagandas de lanchonetes delivery. Suponho que eu estivesse tentando enterrá-lo, ou algo assim. Talvez eu pensasse que, se não o visse, poderia alegar ter me esquecido dele e, de alguma forma, perdido a data. Como se isso fosse possível.

Naturalmente, quando o convite chegara, alguns meses antes, eu tinha respondido com um cartão de aceitação, mas isso fora fácil. Na época, a ideia de voltar a Great Bishopsford parecera algo abstrato, que aconteceria muito no futuro, e eu não precisava pensar nisso de fato. Mas agora, faltando apenas dois dias, em meu minúsculo apartamento com a maleta aberta diante de mim, eu não sabia por que acreditara que seria forte o bastante para fazer isso.

Para voltar.

Deixando de lado a mala por um momento, fui buscar o cartãozinho na lareira.

"O Sr. e a Sra. Edwards gostariam de ter o prazer de sua companhia no casamento de sua filha Perrie com David..." Corri o dedo levemente sobre a caligrafia em alto-relevo do nome dela e então eu soube, como sempre soubera, que tinha de ir; que não podia inventar uma desculpa patética e não comparecer ao casamento da minha melhor amiga só porque ele iria acontecer na minha cidade natal. E era mesmo da cidade que eu tinha medo ou das lembranças que eu sabia que estariam à minha espera lá? Lembranças que eu aprendera a enterrar bem fundo e nunca permitir que viessem à tona.

Ainda segurando com força o grosso convite cor de creme, ergui a cabeça para olhar meu reflexo no espelho acima da lareira. Em meus olhos, vi a verdade; voltar à cidade era apenas metade do problema. O medo maior era como eu reagiria ao rever todos juntos em um só lugar pela primeira vez em anos. Bem, quase todos. Uma expressão assombrada cobriu o meu rosto, o que pareceu apropriado, pois eu sabia que não era a reunião com os vivos que seria tão difícil de enfrentar.

Arrumei a mala descuidadamente, sem me preocupar de verdade com o que estava levando.

Seriam apenas três dias, e então eu estaria de volta ao meu apartamento, pronto para me perder outra vez no anonimato de uma cidade grande. Para muitos, eu sei, isso pode soar estranho, mas eu passara a gostar de verdade de viver em um lugar onde "ninguém sabe o seu nome". Os únicos itens que tomei mais cuidado para embalar foram o meu traje para a despedida de solteira e um terno azul marinho com uma costura elegante que realça a curva da minha bunda que comprara para a cerimônia de casamento. Graças a Deus Perrie acabara cedendo e aceitando minha recusa em ser seu padrinho de casamento.

- Mas você tem que aceitar - suplicara ela e, por um segundo, poderíamos estar nos velhos tempos de escola, com Perrie me implorando para participar de algum esquema maluco ou travessura que ela tinha inventado.

Só que dessa vez fui firme em minha recusa. É claro que me sentira mal por isso. Mas eu sabia o que ela ia me pedir, antes mesmo que as palavras saíssem de seus lábios.

Ela não me visitava com frequência em Londres, embora mantivéssemos contato por telefone a cada poucas semanas. Seu trabalho no norte a mantinha ocupada, e David, seu namorado - noivo, corrigi mentalmente -, também morava lá e ocupava a maior parte do tempo livre dela, o que era muito justo.

Imaginei o que estava por vir quando ela me convidou para o fim de semana, portanto negar não foi tão difícil quanto eu havia imaginado, pois tive tempo suficiente para ensaiar.

- Ah, Louis, por favor, pense mais um pouco - implorou ela, parecendo tão triste que me senti vacilar. - Não tem ninguém no mundo que eu queira como Padrinho, só você. Por favor, diga que aceita. - Quando balancei a cabeça, sem confiar em mim mesmo para falar, para que ela não percebesse a brecha de dúvida em minha determinação, Perrie inadvertidamente fizera a pergunta que me permitira abdicar do papel sem que ela insistisse mais: - Mas por que você não quer aceitar?

Uma Curva no Tempo ➳ L.S (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora