III - #115

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Abri a porta, sendo atingida por uma brisa fria de vento, esfreguei as mãos nos braços, na tentativa de os aquecer, enquanto caminhava até ao centro do espaço, todavia, sem ver Cha Eunwoo.

Depressa senti um casaco a rodear-me os ombros, voltei-me, fixei o meu olhar no rapaz e sorri.

-Vais ter problemas se ficares com falhas na voz, anda. – diz-me Eunwoo, retribuindo o sorriso e dirigindo-se para uma divisão construída com placas transparentes, situada num canto remoto do terraço.

Segui-o, ajeitando-me no enorme casaco desportivo preto dele. Eunwoo segura a porta da divisão, esperando que entrasse. Apesar desta fazer parte do espaço há bastante tempo, nunca tive a oportunidade de aqui entrar. A estrutura conta, no seu interior, com mesas, cadeiras, um pequeno sofá e até com uma pequena churrasqueira móvel. Sentei-me numa das cadeiras, reparando no quanto o espaço era acolhedor. Por sua vez, Cha senta-se à minha frente, pousando as mãos brancas na mesa, suspirando.

- Então? O que é que faz questão de ocupar a tua mente? - digo, acabando por imitar o movimento dele ao colocar as minhas mãos também sobre a mesa.

-Doyeon, eu acho que vou quebrar a regra do CEO de ignorarmos o que aconteceu... - diz com ar sério, encarando-me – Eu nunca estive tão determinado! Eu quero descobrir quem é que está por detrás do que aconteceu! Não consigo aceitar a ideia de que estamos todos a ignorar isto! O CEO nem sequer contactou autoridades! E se em vez da Yejin, fosse eu? Ou até mesmo tu?

- Eu também, acredita, eu quero muito respostas e, apesar de estarmos a desafiar o CEO, eu nunca concordei com esta regra, portanto estou disposta a ajudar-te!

-Mas... Ainda nem debutaste! É muito arriscado para ti! Não! Esquece o que aconteceu aqui! – Eunwoo prepara-se para se levantar, todavia eu impeço-o ao segurar-lhe o braço.

- Eunwoo, acalma-te, vamos ter uma conversa civilizada, ok?

- Desculpa...

- Não tem mal! Pronto, vamos respirar e começar de novo. – respiramos fundo ao mesmo tempo – Cha Eunwoo, eu tenho andado com o mesmo pensamento que tu desde aquele dia, portanto, mesmo que não aceites a minha ajuda, eu vou investigar sozinha. Para a melhoria da qualidade da nossa investigação, sugiro que a façamos em conjunto, já que duas cabeças funcionam melhor que uma. O que achas?

- Eu gostaria muito da tua ajuda, mas não quero que tenhas problemas. Estamos a desafiar o CEO, se nos apanharem, podes mesmo ser expulsa das Weki Meki! Já ficaste devastada quando foi o disband das I.O.I, nem quero imaginar o teu estado se fores expulsa do grupo!

- Mas, eu vou ter problemas na mesma, quer sejamos cúmplices ou não, esqueceste-te de que eu vou, com certeza, descobrir quem foi o individuo que fez o que fez à minha amiga?

- Doyeon...

- Eunwoo...

- Pronto, ganhas-te. – diz suspirando.

- Então, por onde é que começamos? - pergunto, vitoriosa. 

- Pelo inicio? Por recordar detalhadamente o que aconteceu no dia da morte da Yejin?

-Então, estávamos todas na sala de treinos, sentadas, a conversar sobre o passado de cada uma. A maioria confessava situações hilariantes que passou, recordo-me que a Yejin tinha cada história... - solto um breve sorriso – de repente, ela disse que precisava de ir à casa de banho, então saiu...

- A porta esteve sempre fechada? – interrompe-me Eunwoo

- Não, pelo contrário, como vocês estavam no andar de baixo, o corredor estava bastante silencioso, então a porta esteve sempre aberta... Continuando, a Yejin saiu, mantivemos a conversa até sermos interrompidas pelo som de gritos vindos da casa de banho. Corremos todas até lá, até que a vimos deitada no chão, com sangue a sair-lhe dos braços. – parei por ali.

- Depois disso, a Lua foi chamar-nos e corremos todos até à casa de banho. Quando lá chegamos, a Suyeon analisava os sinais vitais da Yejin, enquanto que a Yoojung foi chamar o CEO. O Sanha afastou a Suyeon e abraçou a Yejin. Pediu para que ela acordasse, gritava e chorava. – por esta altura, os meus olhos já se encontravam marejados de lágrimas e, notava que a voz de Eunwoo mostrava já evidencias de que o rapaz estava a "engolir" um grande nó – até que o JinJin o convenceu a largá-la.

- A Sei chamou-nos à atenção para os braços dela. Yejin apresentava 7 cortes horizontais em cada braço e 1 corte vertical no braço direito. – acrescento, após ganhar coragem.

- Ou seja 15 cortes... - concordo, acenando com a cabeça – porquê 15 cortes?

- Não sei...

- Se pensarmos bem, isto podia muito bem ter sido um suicídio. Ela podia ter ido à casa de banho para se automutilar, primeiro fazendo os cortes horizontais, depois terminando imediatamente com a própria vida, fazendo o corte vertical.

- Tens razão, Eunwoo, daí o CEO pagar a um médico para assinar o papel que diz que ela se suicidou. O que torna isto num assassinato foi estarem as janelas e os espelhos totalmente preenchidos com o sangue da Yejin e de terem escrito na porta da casa de banho, com o sangue dela, "#115".

- A Yejin não conseguia, de maneira alguma, encher isso tudo com o próprio sangue. Acredito que, dada a quantidade de cortes, era possível ela escrever "#115", mas agora preencher metros de espelho e 2 janelas enormes? Era impossível!

- Exato! Então, o assassino, podia ter matado a Yejin e ter fingido que esta se suicidou, mas optou por deixar marcas, porquê?

- Porque quer ser descoberto.

- E porque raio iria ele querer ser descoberto por ter cometido um crime?

- Porque teve orgulho no seu trabalho, porque quer mostrar poder... - Eunwoo apoia a mão no queixo, pensativo – Mas tens razão, quando sabes que fizeste alguma coisa de errado, evitas, ao máximo ser descoberto, então, porquê deixar pistas?

- Porque o trabalho dele ainda não está acabado. Creio que o "#115" foi um "continua..." – encaro o rapaz, que arregala os olhos e acena em concordância. - Então, mas ele fez 15 cortes na Yejin, e o numero 15 faz parte da mensagem deixada por ele... terá o número de cortes alguma relação com a mensagem?

- Não tinha pensado nisso, se quer, mas acredito que sim. Este assassinato foi planeado. Parece-me que o assassino sabia dos passos que a Yejin dava – arrepio-me – Doyeon, lamento muito fazer esta pergunta, mas não posso ignorar um pormenor.

- Diz!

- Disseste que a porta esteve sempre aberta. Quando a Yejin gritou, estavam todas as membros na sala?

Assusto-me perante a pergunta de Eunwoo, começo a suar frio, não quero acreditar que ele está a suspeitar de nós!

- O que é que queres dizer com isso?!

- Não me interpretes mal! Não estou a apontar suspeitos, mas sim, a descobrir primeiro os inocentes! Se estavam todas na sala, pelo menos, temos a certeza absoluta de que as Weki Meki são completamente inocentes. Pensa nas membros do teu grupo que eu pensarei nos ASTRO.

Assenti, fechei os olhos e revi novamente o dia inteiro na minha cabeça, desta vez focando em todas as membros e não só na Yejin. Cheguei à altura dos gritos e de quando saímos da sala. A minha respiração ficou descontrolada, comecei a tremer e senti gotas de suor no meu pescoço.

- Doyeon, sentes-te bem? – ouço a voz preocupada de Eunwoo e sinto-o a segurar a minha mão.

Abro os meus olhos, encaro os do rapaz, castanhos, lindos e digo:

- Quando saímos todas da sala, a Elly não estava connosco, ela só apareceu depois, minutos antes de o CEO aparecer, e não me recordo de ela ter dito que ia sair.

- E o Rocky tinha saído do estúdio de gravações uns vinte minutos antes de a Lua aparecer a chamar-nos. 

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