XVIII - Poder

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- Senhor CEO, lamento informar, mas ainda não se registam alterações nas ações da Fantagio, apenas continuam a descer brutalmente, neste momento, ultrapassam os 50% negativos. – informa, num tom baixo e receoso, uma empregada da empresa, saindo imediatamente do escritório do novo CEO.

- É INACREDITÁVEL! – estremeço ao ouvir um conjunto de documentos serem lançados, com bastante força, contra o tampo da grande mesa de madeira. 

Assim como todas as membros das Weki Meki, os ASTRO também ocupam lugar, nesta que é a nossa primeira reunião com o novo CEO da Fantagio. Ao ver que me assustei, Eunwoo, disfarçadamente e com cuidado para não ser notado pelo novo superior, toca de leve na minha perna, pousando a sua mão sobre ela. O seu calor, de certa forma, acalma-me, já que é perfeitamente visível que este CEO não está para brincadeiras.

CEO esse que, de facto, é capaz de intimidar todos os funcionários. É um homem na casa dos 20 anos de cabelo castanho escuro. É um jovem bastante atraente e os seus óculos redondos tornam-no ainda mais atrativo.

- Temos de tomar medidas o mais depressa possível, isto, claramente, não pode continuar assim! – retoma. Reparo que todos os presentes estão encolhidos nas cadeiras pretas, evitando contacto visual com quem quer que seja e apreensivos em relação ao veredito do rapaz. – Bem, para começar, vamos acabar com este conto de fadas. O facto de a Doyeon e do Eunwoo serem namorados facilita-me muito a vida, pois as fãs já apoiavam um relacionamento entre os dois devido às sessões fotográficas, ou seja, isto vai aumentar os contratos com empresas de modelos. Agora, Yoojung e Moonbin, tenho uma novidade para vocês: hoje o vosso relacionamento acaba.

- O que? – gritam os dois ao mesmo tempo.

Encaro Eunwoo com os olhos arregalados. Todos temos a noção de que é bastante arriscado assumir um caso dentro da indústria do k-pop, todavia, é sempre chocante quando alguém nos força a acabar com aquilo que nos faz felizes

- A vossa história de encantar, como puderam ver, só me trouxe prejuízo. Hoje mesmo, vai sair um comunicado escrito e assinado por mim, a informar ao público que, tudo o que vocês estavam a sentir era uma confusão de adolescência.

- Você não pode fazer isso... - começa Yoojung, pousando as mãos na mesa e levantando-se.

- Posso sim, menina, e só por subestimar o meu poder, determino que vocês os dois estão expressamente proibidos de terem qualquer contacto um com o outro.

- Se não? – questiona Moonbin, lançando-lhe um olhar desafiador e entrelaçando os seus dedos nos da namorada.

- Se não um de vocês abandona a Fantagio e vocês escolhem quem sai. – responde-lhe inclinando-se no móvel e encarando-o diretamente nos olhos. Fazendo com que ambos desviem o olhar e se sentem.

- Muito bem, outra coisa: essa sociedade que existe entre os dois grupos tem de começar a acabar. Não quero cá mais boatos de relacionamentos, nem quero que as ações baixem. Aliás, para começar, vocês vão parar de se seguirem nas redes sociais. – Completa, ao mesmo tempo que se levanta e ajeita os óculos, evidentemente mostrando frieza nas suas decisões.

- Está a pedir que deixemos de ser amigos? – pergunta, incrédula, Elly. Se é isso que este homem pretende, lamento, mas vai ser impossível.

- Não, quero que vocês sejam colegas de trabalho, apenas isso, exceto, claro, a Doyeon e o Eunwoo.

- Não acha que está a exagerar? – interpela Lua, cruzando os braços juntos ao peito e matando-o com o olhar.

- Sinceramente? – questiona o CEO, abrindo o casaco e afastando os braços à altura dos ombros e apoiando as mãos no móvel castanho, simultaneamente, e aproximando-se da minha amiga – Acho, não, tenho a certeza de que estou a exagerar.

- Então, porque é que está a fazer isto? – continua a rapariga, recusando-se a quebrar o contacto visual.

- Não é obvio? Porque eu quero.

- Tenho pena que ainda não queira ganhar um pouco de maturidade.

Perante a resposta desafiadora e inesperada da Lua, o novo CEO solta um sorriso sarcástico e forçado ao mesmo tempo que passa o polegar pelo canto do lábio. Volta novamente a sua atenção para a rapariga e, aproximando-se mais, sussurra numa voz grossa:

- Parece que todos os exageros ainda não foram suficientes para provarem à menina quem tem o poder aqui.

Lua não mostra que a resposta do CEO tenha tido qualquer efeito nela, pelo contrário, continua a encará-lo, recusando-se a mostrar fraqueza ao ser a primeira a quebrar este contacto visual, que está a piorar, ainda mais, o clima pesado instalado neste escritório desde o início desta reunião.

- Senhor CEO... - a voz sussurrada da Suyeon quebra o silêncio e o homem é obrigado a afastar-se e dirigir-se em direção à líder das Weki Meki – Como é do seu conhecimento, o grupo na qual eu sou líder, não possui um manager. Será que nos pode adiantar alguma informação em relação a esse assunto?

- Ah, claro que posso, com todo o gosto! Tenho de admitir que as Weki Meki despertaram-me um certo interesse, estou confiante em relação a este grupo, portanto eu mesmo tomarei a responsabilidade de guiar-vos. Sim, meninas, eu serei o vosso manager a partir de agora. 


Todas as membros arregalam os olhos, chocadas perante esta inesperada notícia. Junto as minhas mãos e engulo em seco. Só peço que este manager não seja igual ou pior que o nosso antigo manager.

- Bem, para além disso, quero anunciar aos ASTRO que vocês terão um comeback em breve, temos que equilibrar as finanças da empresa.

- O quê? Mas nós acabamos de lançar um álbum! – protesta JinJin.

- Que foi muito bonito, por acaso, mas não nos podemos dar ao luxo de perder dinheiro, meus senhores. – conclui – Bem, não tenho mais nada para vocês, estão dispensados, podem dirigir-se até às respetivas salas de treino e bom trabalho! – termina, encaminhando-se para a porta e abrindo-a, segurando-a, esperando que todos os membros saiam.

Estou de mão dada com Eunwoo, prestes a sair da sala, quando, atrás de mim, retomo a ouvir a voz sussurrada do CEO:

- Que não se torne a repetir tal audácia. Eu mando aqui, eu decido tudo por minha conta, entendido?

- Não se preocupe, só não se esqueça que está a lidar com o grupo que colocou um homem na prisão e um empresário na miséria, se calhar convinha que entendesse que nós também temos poder. – consigo ouvir a resposta, também num tom baixo, de Lua. Solto um sorriso, orgulhosa da minha colega e dirigimos-mos todos em grupo até ao primeiro andar.

Chegados à entrada da sala de treinos das Weki Meki, vejo Yoojung a chorar, num canto do corredor. Estou prestes a dirigir-me na sua direção, quando Moonbin a envolve num abraço e beija-lhe o topo da cabeça.

- Conhecendo-os como conheço, eles vão conseguir lutar e vão continuar juntos. – diz-me Eunwoo, rodeando-me a cintura.

- Eu concordo contigo... Mas, não te sentes culpado?

- Bem, apesar de não termos culpa das decisões do CEO, sim, sinto-me culpado...

- Eu também... O melhor que temos a fazer, é aproveitar a permissão do CEO.

- Tens razão, vai lá treinar. – afirma, acabando por me dar um pequeno beijo na face. – Vemos-mos depois dos treinos?

- Claro, encontrámos-nos no terraço!

Coloco-me em bicos de pés e beijo-o de leve no canto da sua boca. Começo a afastar-me dele e, quando passo por Moonbin e Yoojung, acabo por ouvir a sua conversa.

- Eu amo-te, Yoojung, nós vamos ficar juntos.

- Sempre e para sempre, Moonbin. 

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