Luz e lágrimas

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Aos leitores que ainda estão vivos mesmo depois dos tiros da bighit, boa leitura, espero que gostem. Não se esqueçam de comentar e de votar, é muito importante pra mim. 



- Jin, querido... – a voz da senhora soava preocupada e quase maternal. – Tem certeza de que vai ficar tudo bem?

Seokjin a olhava, ao lado de fora do apartamento, enquanto estava encostado no batente da grande porta de entrada, aguardando o elevador chegar para levá-la embora.

- Sim, senhora Lee, não se preocupe. – Jin respondeu, calmo, tentando tranquilizá-la. – Meu irmão não está em casa, só estou eu e um amigo e, bem, eu já sei me virar, okay? Prometo não colocar fogo no apartamento. Pode ir pra casa descansar um pouco e ver seus gatos. A senhora pode voltar na segunda-feira.

Muito relutante, a mulher entrou no elevador assim que este chegou, acenando e sorrindo docemente para o rapaz que era seu empregador. Ela realmente se preocupava em deixar o apartamento, mesmo que por alguns dias, porque sabia que Seokjin e o irmão viviam praticamente sozinhos e precisavam ao menos de um apoio.

No fundo, porém, ela estava aliviada. Tinha medo do que ouviria – de novo - se passasse mais uma noite naquele apartamento com Jin e seu amigo.

- Amigo, sei. – disse em alto e bom som enquanto estava sozinha no elevador. – Amigo é a minha bunda.

Ainda encostado no batente da porta, agora sozinho no andar, Seokjin descontava todo o barulho de sua cabeça no silêncio do apartamento.

Mas, veja bem, barulhos às vezes são bons.

Era apenas Namjoon que passava por seu cérebro num som harmônico, quase como se sua voz ecoasse e fluísse feito água por cada célula nervosa.

O estudante de biologia estava ali, de olhos fechados, com a têmpora apertada contra a madeira clara e refinada, mas estava ali só fisicamente.

Mentalmente, era quase como se fosse transportado ao passado – mais precisamente, para toda a noite do dia anterior.

Era inútil negar alguma coisa. A cada minuto que se passava, Seokjin aceitava cada vez mais que sim, ele estava completamente apaixonado por Namjoon. Cada célula de seu corpo parecia ceder ao mais novo, vibrando todas as vezes em que suas peles entravam em contato. Cada sentido de Seokjin era despertado, aguçado, misturando-se num caos que parecia refletir o surgimento de um sexto sentido. Em um momento, tudo estava bem; um segundo depois, sua visão era sensibilizada pelo cheiro de Namjoon, seu olfato criava sabores, sua audição arrepiava cada pelo de seu corpo e seu tato fazia a voz do mais novo parecer doce e macia ao mesmo tempo.

"Eu estou ficando louco", pensava, ainda com a cabeça recostada e os olhos fechados, deixando um sorriso simples surgir nos lábios cheinhos.

Junto de tais pensamentos, porém, em um cantinho de sua cabeça, surgia um sentimento que o agoniava.

Medo. Medo de um novo relacionamento. Medo de ter que se abrir, medo de ter que explicar tudo. Aconteceria tudo de novo, igual havia acontecido com todos os seus outros relacionamentos: conhecia uma pessoa, depois se envolviam. A relação ficava mais próxima, os dois ficavam mais íntimos. Jin visitava a casa da pessoa, com uma família normal, presente, que lhe recebia com um abraço e um sorriso no rosto. A pessoa visitava a casa de Jin, vazia, sem entender.

Então Jin explicava. Contava sobre seus pais, sobre sua avó, sobre seu irmão. Sobre todos os problemas.

Em seu primeiro relacionamento, quando ainda era imaturo e desfrutava daquele sentimento de liberdade que o auge da adolescência fornece, foi esquecido. Seu namorado simplesmente se afastou, com medo de se envolver com alguém tão frágil, tão sozinho. Sua vida de adolescente bem criado e sem faltas já possuía problemas demais e Jin não precisava ser mais um deles.

Synesthesia • namjinOnde histórias criam vida. Descubra agora