Capítulo único

443 58 58
                                    

Querida Astoria,

Sei o como deve estar a odiar-me agora, mas não encontrei forma diferente de fazê-lo, poderia estar aí com você – Ah! Como eu queria! – mas é cruel e injusto, e sabe, cansei de agir assim.

Durante meus anos em Hogwarts nunca a percebi ainda que conhecesse sua irmã. O destino foi cruel ao nos apresentar! Eu, um ex-comensal da morte e você, que estava trabalhando em causas humanitárias, nem ao menos se importando se eram bruxos ou trouxas. Qualquer pessoa em sã consciência poderia ver que isso não daria certo, ainda bem que não éramos sãos. Não sei ainda se foi por pena, por desconhecer meu passado ou por desejo próprio de ir falar comigo. Pela minha experiência com você diria ser a última opção, mas prefiro acreditar que não, torna a situação um pouco mais fácil de lidar.

Assim que olhei para você, sorriu-me com os olhos e fui agraciado por sua beleza. Soube naquele momento que a queria para mim, a princípio pensei que era para ser mais uma na minha coleção de conquistas, mas não, você tinha que ser única nisso também. Era a minha peça mais preciosa. A única que não deveria possuir nunca.

Com o tempo percebi que minha afeição por você crescia, e quando disse que me amava, tive certeza de que precisava partir, talvez diga que é uma atitude egoísta, mas acredite, egoísmo seria eu ter ficado e deixado você presa a mim. Por isso, não me arrependo da minha decisão, dei a você a oportunidade de voltar a viver.

É claro, nada na minha vida acontece conforme o planejo, mas nesse caso adoraria que estivesse dando certo. Recebi uma coruja de sua irmã contando-me da sua depressão após “meu abandono”, como ela bem nomeou. Pus-me louco! Primeiro dia: enchendo a cara e sem comer, segundo dia: vomitando e com muita ressaca, terceiro dia: chorando e sem levantar da cama, por sorte, mamãe apareceu no quarto dia e deu-me um belo sermão, e hoje no sexto dia escrevo está carta. Deve estar se perguntando o que aconteceu no quinto dia, pois eu lhe digo, andei por todas as joalherias do mundo bruxo e acabei indo parar em uma de trouxas, mas essa tinha exatamente o que eu queria.

Amanhã será o sétimo dia, irei a sua casa lhe entregar essa carta em mãos. Deve estar se perguntando porque já estou falando desse dia se estarei a sua frente. Mas, tenho certeza que sabe da minha negação em palavras que não sejam de escárnio ou de cunho político, mas você não entre em nenhum desses casos, na verdade, você não entre em nenhum dos padrões da minha vida.

Na cultura trouxa, o homem deveria se ajoelhar nesse momento, mas dado o modo como as coisas ocorreram isso seria inviável para mim. Afinal, nem ao menos saberei o momento em que chegará nessa parte, apenas tentarei adivinhar por suas expressões, mas não é garantia de que eu vá acertar.

Bom, eu tentei, tentei me afastar, tentei permitir viver sua vida, tentei seguir a minha vida, mas nada deu certo. Somos complementares! Nossos sentimentos são únicos e exclusivos um para o outro. Deveria lhe fazer promessas e juras de amor, mas não seria eu e sairia como se estivesse mentindo, afinal, como diria: “Não farei você sofrer” quando a deixei sozinha?

Astoria! Você merece todo amor do mundo, o amor puro e exclusivo, mas me ama e sei que o meu amor inconstante, exagerado e ainda assim infinitamente menor do que você merece será o suficiente para a sua felicidade, E quanto a mim, estarei plenamente feliz pela eternidade por ter tido o seu amor por ao menos um dia, mas gostaria de tê-lo todos os dias.

Astoria, aceita se casar comigo?

Não me responda ainda! Termine de ler primeiro, eu sei que seria mais inteligente terminar nesse momento, mas não gosto mais de seguir os padrões tão a risca.

No oitavo dia, se tiver o seu sim, iremos recomeçar de onde aramos, pois o seu amor é puro e tem facilidade de perdoar, ainda que não esqueça. Estaremos organizando um jantar em família para oficializar o nosso amor, e compartilharemos com todos que importam para nós dois o quanto estamos felizes pelo nosso futuro. E a partir desse momento tornarei a contar os dias para poder chamá-la de Sr. Malfoy.

Caso me diga não, o oitavo dia não existirá. Seria considerado dramático por outros, mas tenho certeza de que será capaz de me entender, afinal, já tentou fazer o mesmo.

Com grandes expectativas e cheio de amor

Draco Malfoy

- Vamos logo! Temos muitas coisas para organizar para o jantar. – Astoria me disse limpando as lágrimas

Puxei com delicadeza sua mão, coloquei o anel e beijei-a com urgência para compensar o tempo perdido, e realizar o que queria desde que a vi hoje. E enquanto aparatávamos me perguntava: Existe sim mais bonito que “Vamos logo!”?

De qualquer lugar do mundo, todos os dias sem vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora