"Regra nº 5 - As pessoas só se interessam por você quando você tem algo que interesse a elas. Essa é a melhor definição de afinidade..."
- Ok. Pode até parecer loucura, mas eu acho que não seria uma má ideia. - Argumentou Leann cautelosamente. - Eu sei que ontem você disse que não toparia algo como aquilo e que era para esquecermos esse assunto, mas pense um pouco mais além, essa pode ser uma ótima forma de publicidade para o seu livro. -
As três amigas caminhavam pela orla de uma praia próxima a casa de Juliet. Elas procuravam se curar da ressaca adquirida no Black Ballon com um pouco de água de coco e sol das nove, isso enquanto observavam outros caminhantes e alguns jogadores de frisbee. A marola banhava os pés do trio e Candice só queria esquecer a noite anterior. - Às vezes você não faz sentido nenhum. Como é que isso poderia me ajudar com o livro? -
- Usando o meu Dailyvlog. - Leann era vlogueira. Seu canal, La belle vie, que significava - A bela vida - em francês, tinha pouco mais de cinquenta mil inscritos. Não era um canal gigantesco, mas tinha certa popularidade. Ela teve a ideia de criá-lo quando notou que os meios de comunicação costumavam noticiar muitas coisas ruins que aconteciam no dia-a-dia, então pensou: Por que não investir em um espaço que só trate sobre coisas boas? Ela tinha dois anos de postagens regulares e a sua fórmula de falar sobre felicidade vinha funcionando muito bem. - Há um bom tempo que eu quero falar sobre o amor, só que nunca consegui imaginar a melhor forma de fazer isso... E talvez seja essa... Nós poderíamos criar um quadro para você falar sobre essa experiência com o rapaz de ontem e aproveitar para divulgar o seu livro. Ele não é mesmo sobre o amor? Aposto que meu público iria adorar. -
- Na verdade é uma ótima ideia. - Juliet estava pasma com a dedução de Leann. - Seria algo bem diferente. Até mesmo inovador. E, no final de tudo, é só você não ficar com ele. Se até lá você não quiser, claro. - E sorriu desavergonhada.
Candice ficou sem jeito. - Como assim? Eu não vou ficar com ele! - E empurrou Juliet de leve.
- O que você achou da ideia? - Perguntou Leann.
- Bem. Eu não sei se isso é uma coisa muito legal. - Respondeu.
- Ah! Vamos lá, Candi! Ele não é nenhum garotinho. Se ele concordar, não haverá nenhum problema. Você não vai enganar ninguém e ele vai ter a chance pela qual tanto trabalhou ontem. - Parece que Leann havia entrado para a torcida de Nicolas sem perceber.
- Isso pode ajudar até com a banda dele. - Complementou Juliet antes de sugar um pouco da sua água de coco pelo canudo.
- Eu não sei, meninas... Não sei se eu ficaria muito à vontade com isso. - Para Candice, a ideia até que parecia boa mesmo, mas o preço que pagaria não seria muito alto? - Eu teria que falar com a editora, ele teria que concordar e eu, sei lá, vai que alguma coisa dá errado. -
- Se der errado, Leann apaga os vídeos, vocês seguem em frente e pronto, história esquecida. Além do mais, é você quem vai gravar. Você vai ter todo o controle do que vai ao ar ou não. - Juliet argumentou. - É só você dizer apenas as coisas que não forem ferir a imagem de ninguém. -
Candice estava mais do que confusa agora. - Eu nem tenho o contato dele. Não peguei o cartão que ele me deu. Ficou lá na mesa do bar. -
Leann abriu um sorriso sinistro. - Vamos dizer que eu me adiantei nesse ponto. -
Candice arregalou dois olhos de surpresa... - Não acredito! Você guardou o cartão?! - E gargalhou abismada.
- Sim! - Leann gargalhou também.
- Não posso acreditar! -
- Ué. Eu só queria garantir que a minha amiga não perdesse a oportunidade de encontrar o "amor da sua vida". - Brincou.
Juliet se divertia observando aquilo tudo.
- Então ta, já que vocês estão tão convencidas de que eu devo deixar o integrante de uma bandinha de rock entrar na minha vida, me convençam. - Candice jogou-se sentada na areia. - Se vocês me derem três bons motivos para eu conhecê-lo, posso pensar. -
As duas amigas sentaram-se na areia também.
- Um. Ele tentou mais do que eu esperava. - Juliet falou e Leann concordou. - Parece ser uma pessoa decidida. -
- Ou é um cara mimado. Desses acostumados a conseguirem tudo o que querem. - Rebateu Candice.
- Ah! Já sei! - Falou Leann. - Dois. Há quanto tempo que você não sai com ninguém? - Provocou. - Parece que você construiu uma muralha intransponível em torno da própria cintura. Você ainda lembra o que é um orgasmo? -
- Para sua informação, eu consigo me virar muito bem sozinha, mas obrigada por se preocupar. - Candice tentou demonstrar muita segurança nessa resposta.
- E três. - Leann agora falava como se tivesse alguma bela surpresa escondida na manga. - Ele te desafiou. -
- Ah, Ta! E eu sou a pessoa mais imatura do mundo. - Para Candice, aquele argumento era o menos válido de todos.
- Candice, nós te conhecemos há quanto tempo? - Juliet perguntou, mas nem foi preciso obter uma resposta para que continuasse a falar. - Você nunca suportou perder um desafio. Muito menos sem lutar. Sabemos que você não é nenhuma chauvinista, mas eu duvido que isso não esteja te incomodando. -
- Não o bastante. Eu posso lidar tranquilamente com isso, ok? -
- Ok, então. - Leann surgira como a voz da razão. - Motivo três! Como alguém que tem medo do amor pode se sentir à vontade publicando um livro sobre isso? - Essas palavras haviam tomado uma forma de desafio muito maior do que o que Nicolas havia feito.
- Oi? Quem disse que eu tenho medo do amor? - Candice se defendeu. - Eu só não estou procurando por um no momento. -
- Ei, amiga especialista, amor não se procura, amor simplesmente acontece. - Juliet não havia ajudado Candice em nada com aquilo.
- Estou ferrada, não é mesmo? Vocês não vão desistir até eu aceitar, não é? - Coitada da Candice.
Juliet e Leann confirmaram maquiavélicas.
- Eu vou pensar sobre. Tudo bem? - Não havia outra saída mesmo...
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Quando eu aprendi a amar...
RomanceNicolas, o jovem vocalista de uma banda, se mantém sempre apegado aos seus princípios anti-amor, apreciando apenas conquistas superficiais e fugindo de laços mais profundos. Isso até conhecer Candice, autora do livro - Quando eu aprendi a amar...