Lembranças

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Lembranças

Os primeiros raios de sol já penetravam a janela do novo quarto de Elza, fazendo a garota acordar antes de o despertador tocar. Hoje seria seu primeiro dia na escola da cidadezinha de Newston.

- Tudo bem, não precisa ficar nervosa - ela disse consigo mesma e pulou da cama.

Quando Elza desceu as escadas e entrou na cozinha, seu pai já tinha posto a mesa do café da manhã.

-Bom dia, querida - o sorriso dele era de orelha à orelha.

-Bom dia.

Ela tomou o café enquanto Jorge lia seu jornal, a expressão preocupada.

- Mais um morador desaparecido. Já é o terceiro. Esta cidade está ficando perigosa – ele tomou um gole de café - E todos os casos no mesmo local: na floresta.

-Que horror. Mas o que pode estar acontecendo?

- As autoridades estão investigando. De qualquer forma, fique longe da floresta – ele baixou o jornal e lançou um olhar para Elza.

- Tenho que ir, pai – ela deslizou até a sala, pegou sua mochila e saiu.

Na frente da escola, alguns alunos se empurravam para poder entrar. Elza se apressou e se uniu a eles. Na presa para entrar, ela colidiu com uma garota gordinha.

-Ah, me desculpe...

- Está desculpada, mas, se fizer de novo, eu te acerto um golpe – a garota deu um belo sorriso para Elza, que retribuiu.

- Você deve ser a aluna nova. Meu nome é Julieta.

- Me chamo Elza.

As duas trocaram um aperto de mãos.

- Se as mocinhas não entrarem, vou trancá-las aí do lado de fora.

-Bom dia, senhorita Ranger – Julieta usou seu melhor sorriso, porém não foi suficiente para desfazer a expressão de tédio no rosto da zeladora.

-Entrem logo.

Ranger olhou Elza quando a ruiva entrou.

– E você deve ser a aluna nova. Bem, acho que Julieta pode levá-la até sua sala.

- Claro – Julieta parecia feliz em ajudar.

- Hum – Ranger deu as costas e saiu avaliando alguns papéis.

Dois alunos conversavam no corredor quando elas passavam. O garoto de jeans chamou a atenção de Elza. Ele percebeu seu olhar. Elza desviou os olhos.

Julieta observou tudo.

- Ele é bonito mesmo – ela riu baixinho – Mas tem um problema com ele.

Elza a olhou incrédula. Como aquele garoto poderia ter algum problema? Ele era perfeito.

- Ele tem namorada. Gabe é muito ciumenta, entende? – a expressão da gordinha era de repulsa.

"Droga", pensou Elza.

- Você tem namorado? – disse Julieta.

De repente, uma onda de pensamentos invadiu a mente da ruiva. Ela pensou em Eduardo, em como ele era apaixonado por ela, no que realmente sentia por ele. Ela também pensou na imagem do acidente. Sangue. Sangue. Se ela tivesse dito "sim", aquele dia poderia ter sido diferente. Mas a garota não teve culpa. Foi apenas um acidente. Ou ela teria culpa? Mas dessa vez ela precisava ficar longe de encrenca. Como se isso fosse possível, a garota é quase um imã para o perigo.

Triângulo InfernalOnde histórias criam vida. Descubra agora