Interrogatório

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   Kaic se apaixonou ali – para sua própria condenação - , quando Elza entrou no refeitório, os cabelos ruivos esvoaçando ao vento. Mas ele era compromissado, e Gabe não aceitaria o fim. Se ele estivesse pensando no fim... Ele tentaria ficar com as duas?

- Oi – Elza disse ao se juntar a ele na mesa.

- Elza, nós precisamos conversar... – ele se interrompeu quando percebeu a presença dos outros amigos. Eles estavam estranhos. Jésus estava temeroso e Julieta carrancuda. Kaic e Elza perceberam.

- Está tudo bem? - Elza perguntou, preocupada.

- Então vocês se beijaram ontem? – Julieta lançou um olhar furioso para eles.

Kaic tomou um grande susto, como se alguém tivesse sacado uma arma para ele.

- O que você está dizendo? Nós não nos bei... – ele olhou para Elza, surpreso – Você contou à ela?

- Não! – a ruiva negou como se estivesse sendo culpada por um crime com condenação à morte.

- Quem nos contou, pediu segredo – confessou Jésus – Vocês não poderiam fazer isso. Você lembra o que Gabe disse que faria se fosse traída? – Jésus olhou para Elza e seu olhar assustou a ruiva.

- O que ela faria? - Elza conseguiu dizer.

Isso não importa...

Antes de terminar sua frase, Jesús interrompeu Julieta.

- Importa! Se afaste de Kaic, Elza.

- Não! – Elza quase gritou.

Alguns alunos pararam para olhá-los, depois voltaram ao que estavam fazendo.

A cabeça de Kaic estava girando. Então os amigos já sabiam de tudo. Supostamente, a história distorcida já havia chegado aos ouvidos de Gabe.

"Ah, mas foi apenas um beijo". "Não, não chegou a acontecer um beijo". "Porque Bela atrapalhou..." Uma pequena luta estava acontecendo na cabeça do garoto.

- Isso não é justo... – Julieta balançou a cabeça, choramingando – Gabe não merece.

-Chega! – Kaic fechou o punho e socou a mesa.

A pancada fez um barulho ensurdecedor. O refeitório inteiro olhou para a mesa deles. Kaic pegou suas coisas e saiu apressado. Elza fitou os amigos, a escola inteira olhando, depois foi atrás dele.

- Kaic, espere.

Ele parou e virou para ela. Estavam no pátio, perto da quadra da escola. Alguns alunos jogavam basquete.

- Eles estão certos, Elza – ele cuspiu as palavras.

- Não, não estão – um bolo começou a se formar em sua garganta – Eu aceito você assim.

Kaic levantou a cabeça em um impulso, surpreso

- Como?

- Eu... aceito que você tenha Gabe. Só não... fique longe de mim.

A primeira lágrima pulou do rosto da barbie ruiva. Ela rapidamente a enxugou.

- Me encontre hoje à noite na praça na frente da escola – ele disse tenso.

Gabe não vai gostar disso! – Kelvin gritou da quadra. Os outros garotos riram também.

É claro que Kelvin não ouviu o que eles conversavam, ele só estava provocando e sua frase era apenas uma terrível coincidência.

Kaic virou para ele.

- Vá para o inferno!

Kaic saiu murmurando algo, deixando Elza sozinha. Ela olhou para Kelvin, ele deu uma piscada e voltou à jogar com os outros garotos.

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Triângulo InfernalOnde histórias criam vida. Descubra agora