Festa

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- Droga, pai – Elza olhou mais uma vez para o relógio da cozinha.

Batidas na mesa demonstravam irritação. Depois de alguns minutos, Jorge estacionou o carro na frente da casa. Elza voou para ele.

- Uau! Você está linda – Julieta disse ao abrir a porta para a barbie ruiva.

Ela estava espetacular mesmo. O cabelo longo e ruivo estava preso numa trança. Estava em um vestido branco, um pouco colado. Ela parecia uma boneca.

- Venha. A festa está linda – Julieta puxou seu braço e a levou até aos fundos da casa.

Luzes pendiam nas árvores. Uma grande mesa estava cheia de refrigerantes e doces. Grupos de dois ou mais circulavam por todo o local.

Julieta bufou quando notou a expressão no rosto de Elza.

- Nem me fale. Minha mãe resolveu convidar a cidade inteira.

- São seus amigos, meu doce – Júlia falou enquanto passava com uma bandeja cheia de suco – Olá, Elza. Fique a vontade – disse sobre o ombro.

- Obrigada! – Elza elevou a voz para Júlia ouvir.

- Venha. Vamos pegar um doce, sua molenga – ela puxou Elza pelo braço novamente. Elza revirou os olhos.

- Ei, Elza. Você está linda – Jésus falou mordendo um salgadinho.

- Ah, obrigada.

- Kaic não veio? – Julieta perguntou e Elza quase pulou, pois a amiga havia feito a pergunta que ela tanto queria fazer.

- Não é ele chegando ali? – Jesus apontou sobre o ombro de Elza, que se virou imediatamente.

Quando Kaic viu Elza, tomou um susto e seu coração, assim como o dela, acelerou. Quando seus olhos se encontraram, todo o resto pareceu congelar.

- Elza... você está... – ele riu – Perfeita.

Os olhos de Elza brilharam com o elogio. Kaic olhou assustado para o final do quintal da casa, quase perto da entrada para a floresta. Todos seguiram seu olhar. Uma menina estava sozinha encostada em uma árvore.

A garota fez sinal com a mão quando os viu a olhando.

- É Bela. Ela decidiu vir - Julieta falou e Kaic e Jésus saíram correndo ao encontro dela.

Julieta percebeu a interrogação na cabeça de Elza.

- Ela perdeu o pai e acabou abandonando a escola e se isolando depois disso.

Julieta ficou zanzando pela festa com Elza, sempre colada em seu braço. De em vez em quando, seu olhar encontrava o de Kaic.

- Jésus, sua tia está ao telefone preocupadíssima com você – Julieta soltou o braço de Elza e pegou o braço do garoto – Ande. Vamos falar com ela.

Elza finalmente estava a sós com Kaic. E ele permaneceu encostado em uma árvore. Eles se olharam por alguns segundos. Segundos suficientes para rirem da atitude.

- O que é, garota? – a voz de Kaic era suave e risonha.

- Você – ela fitou o chão, sem graça.

- Eu? O que tenho eu?

- Você é... – ela levantou o rosto e o olhou com culpa.

- Diga.

Eu... eu não consigo... parar de pensar em você

Um vento soprou algumas folhas secas e balançou algumas mexas do cabelo ruivo de Elza que estavam em sua face. Numa sintonia perfeita, ela afastou os cabelos do rosto e mordeu o lábio rosado inferior. Era inegável o clima entre eles. Naquele momento, Kaic estava totalmente tomado por esse clima e se aproximou, de modo que seus rostos ficaram a centímetros de distância. Elza fechou os olhos e esperou por aquele beijo, as mãos tremulas.

- Opa.

Kaic quase pulou. Elza abriu os olhos.

Bela olhava ansiosa. Ela estava vestida de camiseta e jens. Em uma multidão, a garota seria confundida facilmente com um menino.

- Não sabia que você tinha trocado de namorada – Bela falou e algo iluminou o rosto de Elza.

- Ah, não... Nós não somos namorados – Kaic respondeu.

Os olhos de Bela correram por Elza, que olhava o chão, envergonhada.

- Bem, vou indo nessa – ela acenou para Kaic e correu, entrando na floresta.

Os olhos de Elza se arregalaram quando viu a menina desaparecer.

- Não é perigoso andar sozinha na floresta?

O garoto olhou pra ela e sorriu.

- Para você. Talvez para mim também. Bela foi criada aqui, conhece cada parte daquela floresta – ele olhou para Elza e completou: - Tenho que ir embora.

Quando estava indo, Elza pegou seu braço e disse:

- Fique.

Ele afagou o cabelo dela.

- Não posso, menina.

- Vou dormir pensando em você.

Kaic abriu a boca para dizer algo, mas não falou e deu as costas. Elza ficou sozinha, olhando a floresta. Vista de longe, ela parecia um fantasma, vestida de branco e debaixo de uma árvore. Mas, olhando-a de perto, poderia ser a perfeição.

Triângulo InfernalOnde histórias criam vida. Descubra agora