Por mil anos ❤❤ #capítulo 7

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No dia seguinte a Maria apareceu lá em casa. Foi a Joana quem lhe abriu a porta e chamou-me.

- Olá Maria - disse sem mostrar muito interesse

- Olá, podemos falar? - respondeu ela quase num murmúrio 

- Claro. Aconteceu alguma coisa?

- Não... Ou melhor, eu penso que não mas preciso que me esclareças.

Continuei a olhar para ela sem saber bem o que ela pretendia. O meu coração batia muito depressa e as mãos começavam a transpirar. 

- Desculpa por ontem. Eu devia ter-te dito logo desde início que tinha um namorado. 

- Não tens de pedir desculpa. Nem tinhas que vir cá com esse propósito - e fiz um sorriso que mal teve tempo de ser considerado um.

- Pareceu-me que ficaste um pouco incomodado, mas secalhar foi só impressão minha. De qualquer das maneiras os meus pais vão dar um jantar amanhã e convidaram-vos aos três. Vão lá estar pessoas muito importantes incluindo os donos de vários bancos e os meus pais pensam que é bom para o teu pai já que ele trabalha neste ramo. 

- Infelizmente o meu pai foi viajar e não deve estar de volta a tempo. 

- Sendo assim aparece tu e leva a Joana. Levem roupas formais mas não se preocupem que estes jantares costumam ser divertidos. 

***

Acordei na manhã seguinte com umas dores de cabeça muito fortes. O relógio marcava as sete e um quarto da manhã e olhei pela janela. Geralmente nunca baixo as persianas para dormir porque ao acordar gosto de olhar lá para fora. Apesar de estarmos no Verão, o tempo parecia escuro e as folhas das árvores dançavam ao som do vento. Viam-se passarinhos voar de um lado para o outro enquanto chilreavam e ao olhar para a parte de cima da janela via-se o rio ao longe.

Ao abrir as portadas da janela podia sentir-se a humidade que pairava no ar. Inspirei fundo com esperança que a dor desaparecesse mas não aconteceu. Desci lentamente as escadas, e fui preparar o pequeno almoço: torradas, panquecas, leite e sumo de laranja. 

- Joana - gritei - o pequeno almoço está na mesa.

Passado vinte minutos ela desceu. Trazia a sua camisa de dormir que lhe chegava até aos pés e era de seda. 

Desde novos que os nossos pais faziam questão que as nossas roupas fossem da melhor qualidade possível. O mesmo aplicava-se ao calçado, ao material escolar e a tudo que possuíssemos. O meu pai sub gerente do banco de uma cidade que se situava ao lado da nossa e a nossa mãe era empresária. Ambos tinham bons salários sendo que não nos faltava nada. Desde a morte da minha mãe, o meu pai assumiu o seu cargo para que as coisas continuassem iguais e, no que toca ao dinheiro, não houve mudanças. 

A verdade é que o nosso pai não conseguiu recuperar da morte da nossa mãe. Eles eram inseparáveis, eram uma equipa, eram um par, amigos, amantes, eram um casal. Eram casados há cerca de vinte e um anos e antes disso tinham namorado muito tempo. Antes moravam na cidade onde o meu pai nasceu mas acabaram por mudar-se para cá para "ter mais tempo um para o outro" como diziam em coro quando nos contavam a sua história. Esta fazia parte de muitos dos serões em que passávamos no alpendre de trás nas noites de verão. 

- Já tens o teu fato? - perguntou a Joana

- Na verdade ainda não sei o que levar - respondi calmamente - E tu?

- Eu queria levar um vestido mas não tenho nenhum formal. Como sabes os pais não gostavam que fôssemos a esses jantares. 

- Que tal irmos à baixa quando acabarmos de arrumar e limpar a casa? 

- Parece ótimo! - exclamou com um sorriso na cara - Tirando a parte de limpar a casa - e revirou os olhos 

Rimos os dois enquanto arrumávamos a cozinha. Vestimos uma roupa velha e  depois dirigimo-nos para a baixa. Paramos numa loja e depois noutra e depois noutra. Percorremos a avenida toda e quando demos por isso, já era hora de almoço. Quando acabamos de almoçar, ainda não tínhamos tudo o que precisávamos por isso voltamos às lojas. 

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