Mensagem on
Mari: Claro! Vamos sim. Podemos ir no Le Vittan, a comida é maravilhosa e é um lugar mais reservado. Fica aí na zona sul mesmo.
Théo: Tudo bem! Eu mando um carro te buscar, me manda o endereço depois.
Mari: Eu to morando na casa da minha tia enquanto meu apartamento está em reforma, podemos nos encontrar lá mesmo??
Théo: Você quem sabe, desde que eu possa te encontrar novamente.
Mari: Fechado! No Le Vittan às 20:00 em ponto!Desliguei o telefone e voltei a dormir. Era domingo, podia dormir até mais tarde. Assim que acordei, fui até a janela e vi a correria que estava na favela. Dia de baile era sempre assim, todos ficavam num tumulto para conseguir chegar em casa. O baile era dos bons, mas também era perigoso para quem estava do lado de fora, gente de todos os lugares vinham, era muito raro eu não comparecer, era uma das coisas que eu mais gostava naquela favela.
Terminei de me arrumar e fui para o escritório, iria chegar uma mercadoria e eu precisava estar lá com Pedro para checar. Cheguei no escritório e fiquei do lado de fora do portão, no galpão onde o caminhão iria chegar. O galpão estava praticamente vazio, haviam poucos homens para descarregarem as caixas, outros estavam fazendo a segurança do caminhão e alguns estavam em trabalho externo. Assim que o caminhão entrou no galpão, subi nele e abri as caixas para ver se estava tudo certo. As fechei e desci. Os homens descarregaram o caminhão e o mesmo foi embora.- Podem ir. - disse aos que tinham feito a segurança do caminhão no trajeto até a favela.
Eles obedeceram e saíram.
Abri novamente as caixas, e lá estava, toda aquela munição em minha frente. Eu adorava as armas, mas odiava ter que usá-las, e no meu posto, era sempre necessário.
- Bom, está tudo certo. Podem guardar no arsenal.
Os homens carregaram as caixas e as guardaram rapidamente. Fui atrás deles e tranquei o arsenal. A chave ficava sempre comigo e uma cópia com Pedro. Só nós poderíamos pegar ou distribuir as armas. Peguei minha pistola, vi que estava carregada e a botei na parte de trás da minha calça, onde a blusa cobria.
- Temos que ir lá em cima checar o baile, ver se está tudo certo. Você vem? - Pedro pergunta, levantando uma das sobrancelhas.
Achei uma boa ideia ir, afinal, não poderia ir a noite por conta do meu encontro com Théo.
- Vou sim, vamos.
Todos pegaram suas motos, eu estava de carro, então subi na de Pedro e fui junto a ele. Segurei em sua cintura e ele logo deu partida. O caminho não era longo, mas era ruim para subir a pé. Pude sentir o cheiro de Pedro de perto, ele tinha um cheiro tão bom, mas não consegui identificar qual era o perfume. Seus cabelos estavam balançando ao vento e os meus também. Descemos da moto e seguimos. Era uma rua enorme, com várias barracas de bebida e algumas de comida, estavam testando o som e colocando as bebidas para gelar.
- Hoje vai ser demais!! - Pedro disse com um sorriso no rosto.
- Uma pena que não vou poder vir.
- Não?! Por que não?
- Vou jantar com o Théo hoje. Acredita???
- Théo Reed? O lutador? Vi vocês conversando ontem, mas não achei que levariam pra frente.
- Ele mesmo, trocamos nossos telefones e ele me chamou para sair.
- E ele aceitou de boa o seu "emprego" aqui na favela?
- Na verdade...ele não sabe, e nem pode saber! Essa é a minha única chance de conhecer um dos meus ídolos, e ele não iria querer sair comigo se soubesse minhas origens. Fora que ele não mora aqui, vai ficar só por um tempo.
- Hm, isso é idiotice.
- Idiotice por quê?
- Você sair com o cara, não saber nem quem ele é, e ele não saber quem você é também!
- Não importa, isso não vai levar a nada, é só um encontro.
- Tô ligado. - Disse isso e saiu andando na minha frente.
Pedro às vezes parecia meio maluco, mas talvez ele esteja certo...eu deveria contar a Théo o que eu faço e onde eu moro?! Tenho minhas dúvidas, mas espero que isso seja temporário, e que o advogado do meu pai consiga diminuir a pena dele, pra ele voltar a comandar a favela.
Estava tudo certo com o baile, meus homens iriam fazer a segurança. Desci de moto com Pedro, que ficou em silêncio desde a nossa última conversa. Chegando novamente ao galpão, peguei as chaves do meu carro no escritório e voltei para casa. Eram 17:00, então fui para o salão. Fiz o cabelo, que agora estava com cachos, e as unhas. Voltei para casa e já eram 19:00, o caminho até o salão não era curto. O Le Vittan era um dos restaurantes mais chiques da cidades, então eu iria bem arrumada. Tomei banho, coloquei um vestido rodado preto e um salto também preto, fiz uma maquiagem não tão carregada e não tão básica. Peguei meu carro e fui para o restaurante, era um pouco longe da favela, então cheguei lá as 21:16. Cheguei no Le Vittan, a moça que ficava na frente pegou meu nome e me acompanhou até a minha mesa. Era uma mesa num lugar só para ela, a luz era baixa, mas pude ver perfeitamente, fiquei chocada com o que vi, na mesa não estava só Théo, como pensei que estaria, estava ele e mais 3 mulheres, que pareciam estar bem interessadas nele, enquanto ele abria aquele sorriso radiante para elas.
- Merda! - Virei as costas e fui embora.
Não é por ele ser um lutador famoso, que eu vou sair com ele e mais 3 mulheres. Mulherengo nojento! Fui direto para a favela, tirando meus cílios postiços e soltando o grampo que segurava meu cabelo atrás. Sacudi o cabelo e os cachos já não estavam mais tão formadinhos. Passei em casa, guardei o carro, peguei minha arma que estava no porta luvas e botei em um suporte que estava em minha coxa. Peguei minha moto, era uma XRE 300 branca. Subi nela de salto e tudo, e fui para o alto da favela, onde estava acontecendo o baile, eram 23:00 e ele só estava começando. Assim que cheguei, dei de cara com Pedro, que parecia surpreso em me ver.
- Você aqui? Não ia sair com o tal do Théo?
- Ia, mas ele é um babaca. Então vamos curtir o baile.
Segurei sua mão e fui o puxando, paramos na última barraca onde tinha bebida. Era a barraca de Érick, Lucas, Arthur, e os Gabriel's.
Eu e Pedro bebemos juntos a noite inteira, até que ele foi para um canto onde a música estava mais baixa e eu fui atrás dele.- O que tá acontecendo?
- Não sei, to tonto.
- Você bebeu muito! - eu ri - Vamos, eu vou te levar pra minha casa, e quando você se recuperar, eu te levo embora.
- Mari..
- Fal... - Mal terminei de falar, Pedro me puxou e me beijou, ele segurava com uma mão em minha cintura e outra em meu pescoço. Foi um beijo lento, e por um momento, eu quase me deixei levar. - Pedro!! Você namora!!
Saí de seus braços e o puxei em direção ao início do baile. Subi na moto, ele ainda estava meio tonto, então estiquei a mão para ajudá-lo. Ele entrelaçou seus braços sobre a minha cintura e descemos o morro até a minha casa. Entramos e eu dei um copo de água para ele.
- Bebe! Eu vou pegar uma toalha para você tomar um banho de água fria.
Peguei a toalha, mas quando voltei, Pedro estava dormindo no sofá, todo jogado. Não queria acordá-lo, então só botei um cobertor em cima dele. Fui dormir naquela noite com muita coisa na cabeça, e quando estava pegando no sono, meu celular toca. Era Théo.
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A Líder
RomanceMarianna Cordeiro não teve uma vida fácil, perdeu a mãe aos 3 anos, em uma troca de tiros, desde então foi criada pelo chefe da favela, seu pai. Aprendendo desde criança a utilizar armas e influenciada a ser violenta, como todos os que estavam a sua...