São Paulo.

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Um mês depois

Emy

Já estamos há um mês em São Paulo e eu posso dizer que estamos tentando fazer o possível para ficar tão bom quanto imaginávamos. Claro que tô morrendo de saudades da minha família, mas estou fazendo tanta coisa aqui, que ainda não consegui visitá-los. Estou me organizando para isso.

Já comecei o último período de residência aqui e estou me adaptando super bem. Na primeira semana foi difícil, mas agora já peguei o jeito. O Marcos que está trabalhando bastante e isso me deixa um pouco triste. Ele está chegando sempre tarde e, quando fica em casa, vai para o escritório organizar as coisas da clínica. Eu entendo, mas sinto falta da sua presença por mais tempo.

Meu filho se adaptou muito bem à casa e à cidade, e essa era uma das minhas maiores preocupações. A sua nova pediatra é um amor, Dra. Kátia. E o melhor, ela é esposa do meu novo médico, Dr. Miguel, que também me adaptei muito bem.

No momento, meu problema é que não conseguimos ninguém para ajudar na casa, só tem a Rita, que já me auxilia muito, mas seu trabalho é me ajudar a cuidar do Jr. Até conseguimos uma cozinheira e uma governanta, mas não deu certo, então todas as tarefas estão sobrando para mim, e essa casa é bem maior do que a de Porto Alegre, então eu fico muito mais sobrecarregada.

Hoje o pessoal do hospital está planejando um bota-fora em um barzinho no Centro, e eles são bem legais. Falei para o Marcos para ele ir comigo, mas até agora ele não chegou e já passam das 19 horas.

Marcos

Quando cheguei em casa, já passavam das 21 horas e vi a Emy com cara de poucos amigos na sala, e ela estava toda arrumada.

Marcos: Chelo, que cara é essa?

Emy: A cara de quem estava toda pronta para sair com o marido, mas ele esqueceu pelo visto, né?

Marcos: Nossa nenê, eu nem lembrei que era hoje. - Dei um sorriso amarelo.

Emy: Caramba Marrcos, eu te mandei mensagem na hora do almoço te avisando o horário. - Com certeza a Demy estava ali.

Marcos: Nenê, eu esqueci mesmo... É que foi tão bom o meu dia, fiz tanta coisa, resolvi tantas pendências... Mas amanhã a gente sai.

Emy: Amanhã eu não quero. E você está falando isso há uma semana já...

Marcos: Emy, não começa, eu tô trabalhando muito, estou fidelizando os meus pacientes, por isso minha agenda está ainda mais apertada.

Emy: Claro, a medicina em primeiro lugar sempre, né... - Não foi uma pergunta. - Tu sabe há quanto tempo que você não brinca com o Jr? Há sete dias! - Ela se levantou e começou a andar pela sala. - Na última consulta com a pediatra, eu tive que ir sozinha porque você esqueceu, Marrrcos! Eu tô gostando muito de morar aqui, mas, se continuar desse jeito, vai ficar impossível!

Ela terminou de falar e subiu as escadas, já bem chateada.

Marcos: Emy, volta aqui... Emy.

É, depois que ela falou tudo, eu vi que talvez eu não esteja sendo o marido ideal para ela e nem o pai que o meu filho merece. Eu estava com bastante trabalho, mas minha família também precisava de mim também.

Subi atrás dela e ela já estava com roupa de dormir, deitada encolhida na cama, agarrada na minha camisa branca. Meu coração ficou apertado.

Marcos: Nenê... Não faz assim, vamos conversar, sem drama... - Me arrependi na mesma hora de ter falado isso.

Emy: Tu acha que sentir tua falta é drama, Marrrcos? - Sua voz estava embargada. - Eu sinto tua falta e o Jr também. Eu não conheço ninguém nessa cidade e quando nos convidam para sair, tu esquece... - Falou, ficando de costas pra mim.

Marcos: Picinho, olha pra mim, por favor... Eu esqueci... Desculpa, seu cachorro velho aqui também tá cansado.

Emy: E eu não estou, Marrrcos? Quem tu acha que cuida da casa? Quem vai ao mercado? Quem arruma tua roupa? Quem dá plantão no hospital? Eu, Marcos! Eu! Então, eu também tô cansada, mas eu tô me esforçando... - Ela deixou escorrer as lágrimas que estava segurando. - Eu quero a gente bem... Tu chega cansado, toma banho, come e dorme. E eu e teu filho? Eu te quero comigo igual era lá em Porto Alegre. Tu só me procura pra transar ultimamente...

Fiquei magoado com a constatação dela, mas sabia que ela também estava sobrecarregada. Fui até ela e a abracei.

Marcos: É isso que tu acha? Não fala isso nem de brincadeira! Eu te amo, Emy! E amo meu filho! Eu tô tentando me organizar.. Me dá uma chance pra te mostrar isso. Te prometo que serenos felizes igual ou melhor do que em Porto Alegre.

Ela me abraçou apertado também.

Emy: Meu bem desculpa, mas eu não quero te perder... Eu tô com medo...

Marcos: Picinho, não precisa ter medo, eu tô aqui. A gente vai conseguir... Eu tô com você e você tá comigo, tá certo?

Emy: Uhum. - Ela fungava.

Em questão de segundos, ela adormeceu no meu peito. Ali eu vi o quanto ela estava se sentindo sozinha e eu ia fazer alguma coisa para isso melhorar.

Emilly

Acordei com o sol entrando pela janela, e não encontrei o Marcos no quarto. Fiz minha higiene pessoal e desci atrás dele e do meu filho. Os encontrei na cozinha.

Marcos: Olha campeão, a bela adormecida acordou. - Ele veio até mim e me deu um selinho demorado.

Emy: Posso saber o que vocês estão aprontando? - Beijei meu bebê também.

Marcos: Vamos dar um passeio? Eu, você e o Jr?

Emy: Pra onde meu bem?

Marcos: Que tal um piquenique?

Emy: Claro que sim, meu bem, eu vou me trocar e já volto.

Depois de uns 15 minutos, a nenê desceu com um short curto, regata e tênis. E eu só babei. Minha mulher é linda demais!

Pegamos as coisas, colocamos no carro e fomos para o parque da Cantareira, que fica perto da nossa casa.

Marcos: E aí, princesa, gostou?

Emy: Claro que sim, meu bem, eu adoro quando ficamos juntos.

Marcos: Nenê, a gente tem a gente e é isso o que importa. - A beijei sem fim.

Continua...


Emilly e Marcos um amor para ser contadoOnde histórias criam vida. Descubra agora