Te amo, mas por favor... comece a namorar.

Como me comportar diante daqueles olhos? 2ª Parte

Do nada uma voz me puxou fortemente do devaneio. Era ela retornando a nossa conversa anterior   

- De certa forma somos concorrentes, o que não quer dizer que devemos ser inimigos. Estava pensando nisso enquanto vinha para cá. Muitas pessoas encaram as outras como ameaças, o que ao meu ver é apenas imaturidade e insegurança. Prefiro acreditar que os indivíduos são possíveis parceiros os quais sempre podemos unir forças, embora nem sempre eles saibam disso.

- Concordo contigo, mas você sabe que nem todos possuem a mesma maturidade – eu lhe disse enquanto pensava no que deveria fazer para que ela permanecesse lá mais um pouco.

- Só um instante, já que disponibilizou um período do seu dia para me fazer um favor, gostaria de lhe retribuir – falei enquanto me levantava da cadeira e retirava um chocolate que estava guardado no armário. Ao esticar a mão para entregar o doce a ela eu disse: “meu irmão foi viajar e me trouxe essa delícia de presente. Espero que goste”.

- Mas e você, ficará sem? Já que foi um presente de seu irmão eu acho melhor você ficar com ele.

- Não se preocupe, acredito que ganharei outro em breve.

- Muito obrigada! É muita coincidência o que está acontecendo agora! Esse chocolate em especial me faz lembrar de minha infância! Eu tenho uma tia que viaja para o exterior sempre e quando eu era criança ela frequentemente me presenteava com esse doce ao retornar. Acho que essa guloseima deve ser vendida no freeshop porque ela sempre encontrava o doce independente do local para onde ia. De qualquer forma eu sou grata por esse apetitoso presente e pela recordação que me proporcionou – ela falou esticando a mão para pegar o presente, enquanto abria um lindo sorriso em seu rosto.  

Apertei a mão dela e na sequencia fui lhe entregar o chocolate. No exato instante que ocorria a entrega o chocolate, involuntariamente deixei ele escorregar de minha mão e cair no chão. Nós dois nos agachamos no mesmo instante para pegar o doce e, sem que percebêssemos deixamos os rostos se tocarem. Nos distanciamos um pouco e quando me dei conta os nossos lábios estavam apenas alguns centímetros de distância. “Meu Deus, não acredito que isso está acontecendo” - eu pensei. Naquele momento o tempo parou e o mundo congelou! A mais bela de todas estava em minha casa, olhando em meus olhos a poucos centímetros de mim. Apesar de eu já ter produzido isso em minha mente várias vezes, não imaginava que naquele dia me aproximaria tanto. “Que boca linda, como eu quero beijá-la!” - pensei ofegante. Apenas fechei meus olhos, respirei fundo e deixei que magia do momento nos conduzisse. “Isso é um presente divino! Será que durante a minha existência eu conseguirei novamente ficar tão perto de uma menina linda como essa?” – me perguntei ao aproximar dela de olhos fechados.

 Não recordo muito bem o que ocorreu logo após esse último pensamento. Atordoado eu deduzi que fui fortemente empurrado por ela, o que me fez bater a nuca com força na mesa que estava atrás de mim. Ao abrir os olhos, ainda meio tonto com a pancada, me deparei com ela gritando:

- Está louco? O que você tem? Não posso ser educada? Achei que você era diferente dos outros, não imaginei que você fosse assim. Por que tomou essa atitude? Eu venho lhe ajudar e é isso que ganho em troca? Você é um idiota, isso não se faz! Quem lhe disse que eu queria me aproximar de você? As minhas atitudes foram respeitosas, eu não desejava isso! Vou embora agora! – ela falou ao se levantar da cadeira.

Ainda atordoado e com a mão na nuca comecei a me desculpar. Ela estava fora de si e gigante era a raiva que estava de mim. A princípio fiquei assustado porque é difícil nos depararmos com uma ira igual aquela. Se de sua boca saíssem incandescentes labaredas em minha direção talvez eu não teria ficado tão assustado. Como eram fortes as suas agressões verbais, achei melhor ficar quieto e me retrair. Tentei acalmá-la inicialmente, para posteriormente me desculpar por ter me aproximado mais do que deveria: