"HOJE É O DIA, REYLEE!", uma voz gritava enquanto batia na porta do quarto. "EU SEI QUE VOCÊ ESPEROU MUITO POR ISSO, ENTÃO VAMOS, BONECA!", Jesman falou mas não esperou resposta, apenas foi embora logo depois.
"Que. Inferno. Maldito.", Reylee resmungou de baixo das cobertas, uma bagunça total de cabelos brancos no rosto dela. Ela gostaria de não acreditar, mas sim, o dia que Agal falou tanto chegou e agora um monte de otários iriam se matar em uma arena improvisada, por pura diversão.
Reylee se jogou da cama para o chão, caindo no meio das roupas. Não, se jogar no chão não parecia despertar a força de vontade dela. Ela pegou as únicas botas que tinha de baixo da cama e olhou pros lados, procurando por mais roupas. Ainda jogada no chão, ela viu a luz fraca que vinha da janela. Mal tinha amanhecido. Ela queria muito poder ficar jogada nesse chão e terminar de dormir mas ela só consiguiu dizer um "Vá se foder, Jesman!" e levantar do chão.
---Reylee se apressou no banheiro, ela ainda tinha um porcento de vontade de ir ver a arena. Uma rápida olhada no espelho quebrado e uma jogada de água no rosto. Ela jogou o cabelo branco de lado e limpou os olhos. "Verdes ou azuis?", Reylee sussurrou para si mesma, enquanto fazia uma cara forçada de dúvida. Essa era uma das perguntas que ela não conseguia achar a resposta, junto com o porquê da mãe dela ser uma louca que fazia a própria filha de cobaia ou o porquê do Jesman ser um réptil e não ter cauda e também, porquê a carne de veado das quintas tinha gosto de frango.
"Você já está falando sozinha Rey?", Reylee ouviu alguém dizer da porta do banheiro. A voz horrível e debochada de sempre.
"Amy! Eu estava aqui refletindo sobre a futilidade do evento de hoje.", Reylee fingiu. Nada como uma boa mentira. "Aliás, coisa que você nunca faz, não é mesmo?", ela fez biquinho enquanto se virava e apoiava os braços na pia.
"Hah! Até parece!", Amy disse enquanto se aproximava. "Escuta só, princesinha, hoje é o dia! A gente vai acertar as contas, todas elas. Não vai sobrar nada! Eu vou acabar com você lá fora!", ela falou, nesse caso, gritou. Amy só perdia o controle quando não tinha ninguém por perto.
"Contas? Você diz da vez em que eu cortei seu cabelo e você me esfaqueou? Pensei que estivesse quitada!", Reylee ironizou. "Oh, ou da vez que você veio tirar satisfação por eu levar vantagem?", ela fez a mesma cara forçada de dúvida de antes.
"Sua puta! Eu vou acabar com você-", Amy tentou acertar um soco em Reylee, mas que consiguiu desviar pra lado, quase sendo atingida. Reylee odiava que Amy não aguentasse umas provocações simples.
"Mas que pavio curto, hein?", Reylee falou, arrumando o casaco que vestia. "E a arena lá fora, como fica? Guarde essa raiva pra depois!", ela alertou Amy, que estava com uma cara furiosa. O cabelo vermelho caia por todo o rosto. "Agora, calminha...", Reylee disse antes de sair correndo do banheiro.
"REYLEE, EU VOU MATAR VOCÊ!", foi os gritos que Reylee escutou enquanto corria para fora do banheiro, quase tropeçando nos alunos que andavam em direção a porta principal. Ela seguiu para fora, antes que Amy viesse, com toda aquela tranquilidade.
---Reylee realmente ficou surpresa. Todo mundo, quase todo mundo, trabalhou nisso nos últimos dias. A área externa de Zaox estava transformada, uma grande parte estava circulada com barreiras de madeira. A parte de dentro, onde as barreiras protegiam, estavam com uma camada de areia clara espalhada pelo chão. Parecia aqueles desenhos de arenas dos livros. Ela percebeu que toda essa parte com as barreiras iam até além dos portões de aço, mas é claro, os cães assassinos ainda estavam lá, ela conseguia ver de longe.
Havia várias pessoas. Pessoas que ela nunca tinha visto por aqui, em 5 anos. Reylee quase ficou feliz por ver rostos femininos depois de tanto tempo. Ela não suportava mais a cara da Amy."Eu não acredito que ela ainda está aqui!", Reylee ouviu alguém, um pouco distante, dizer. Ela olhou em direção a voz. Maldição. Esses caras não deveriam estar do outro lado da escola? "Reylee, Reylee! A gente viu que você viu. Vem cá!"
Tudo bem. Eles não iriam matar ela no meio de tanta gente. Onde está o Agal? Foi ele que trouxe esses loucos da Ala D pra cá? "Já faz um tempo,", ela andou em direção, cruzando os braços. "Como é que vocês me reconheceram?", ela forçou um sorriso. Ainda bem que eles estavam acorrentados naquele lugar.
"Quantas pessoas por aqui tem esses cabelos brancos?", ele olhou em volta. "Oh! Só você. Mas me conta,", ele mexeu os braços, as correntes fazendo barulho. Alguém vai perceber. Droga. "Como anda a sua vida depois de tanto tempo? Aprendeu a viver sem o Rupert?"
"Ah sim! Eu tive que me virar, você sabe? Usar algumas mentirinhas aqui e alí...", ela sorriu. Sem motivos para temer. "Aliás, eu nunca soube porque você decidiu matar o Rupert, meu caro Kodd. Você também, Karson.", ela apontou pro garoto sentado do outro lado. "Quando você ficou tão calado?"
"Ele só fala quando tem umas crises, de risos!", Kodd disse, olhando pro garoto do lado dele. Reylee não parecia acreditar muito nisso. "E sobre o Rupert,", ele começou a sorrir. "Ele mereceu! Mas imagino que você saiba o motivo..."
"Tenho minhas teorias.", ela falou, sem nenhuma emoção na voz. Reylee olhou para os lados e viu Agal conversando com um cara grande e.. cinza? "Foi o Agal que trouxe vocês pra cá?", ela disse sem tirar o olhar do homem mais velho na distância.
"Aquele cara? Sim. Ele é o diretor agora, não?", Kodd deu uma risada debochada. "Não vai durar."
"Já está durando.", Reylee voltou a olhar para Kodd. Ela colocou um sorriso no rosto. "Bom, eu sempre dou a última palavra. Então, tchau!", ela simplesmente foi embora, deixando Kodd sem palavras. "Tchau pra você também, Karson!", ela gritou ainda de costas. Espera, ninguém deveria ouvir ela falando com eles. Ou só com um deles. Acontece.
---"Agal!", Reylee gritou alegremente, chegando perto do homem mais velho. Ele estava bonito hoje, quem diria. Essas roupas, com um tom de verde escuro e claro, caíam bem nele. "Quando a diversão começa?"
"Oh Reylee. Acho que começa... agora?", ele virou, questionando o cara grande e cinza do lado dele. Que não usava camisa, apenas uns restos de armadura nos ombros e umas manoplas de couro e ferro. O cara só acenou com a cabeça.
"O que você é?", Reylee perguntou. "Você não parece muito normal.", ela tinha um sorrisinho no rosto. Algumas brincadeiras com estranhos são divertidas.
O cara grande sorriu. Quantos dentes amarelos. "Eu sou um ogro! Bardogg é-"
Agal logo interrompeu, levantando a mão. "Você não pode falar com meus alunos sem minha permissão, lembre-se disso!", Agal alertou. O ogro só sorriu e disse um "Muito bem, então.", Agal apenas ignorou e seguiu em frente, deixando o ogro para trás. "Vamos Reylee!""Ora...", Reylee disse quase em um sussurro. "A gente se ver por aí, ogrão!", ela virou para o ogro e acenou com a mão. Ela estava um pouco intrigada, mas nada que ela não descobrisse daqui a pouco.
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Towers - Conflitos Ancestrais
Fantasy"Não existe mistérios, não existe profecias. Na verdade, não existe nada de mais. Bom, pelo menos não é igual a vida de qualquer uma por aí, mesmo que seja pro lado ruim." Reylee vive em lugar onde as aventuras são possíveis e as batalhas são reais...