Apenas mais um começo de dia

21 12 0
                                    

"JÁ ESTÁ NA HORA DE ACORDAR!"
Reylee se revirou na cama, tentando ignorar a voz pertubante do outro da porta. Sem sucesso. Batidas quase derrubando a porta frágil de madeira.
"VAMOS BONECA!", a voz grossa gritou de fora.

Parece que não era hoje o dia de dormir até tarde. Reylee começou a se levantar, ajeitando o cabelo bagunçado. "Você poderia fazer o favor de ir se fuder?! Obrigada!", ela falou, ainda sem sair da cama.
A voz do outro lado deu uma gargalhada. "Pode deixar que eu irei!", ele ironizou. "Vamos logo Reylee. Esse lugar não vive sem a sua glória."

"Sei que sim!", ela falou, catando as roupas do chão. "A gente se ver lá em baixo, Jesman.", ela disse, vestindo a primeira blusa cinza limpa que viu. Bom, parecia limpa.

"Sei que sim!", Jesman disse do lado oposto, imitando a frase dela. Logo, ele se foi.

Jesman era o réptil grande que vagava pelos corredores, que dava bronca nos garotos e espancava aqueles que brigavam por motivo nenhum. Se houvesse um motivo, ele sentaria e assistiria. Reylee riu ao se lembrar de Agal surtando, vendo a zona de batalha que a escola se tornou uma vez. Jesman apenas ignorava. Havia um ótimo motivo, claro.

Reylee se atrapalhou colocando uma calça de couro preto. Talvez não fosse couro de verdade, mas era a melhor que ela tinha. Ela se abaixou e pegou a bota preta jogada no canto do quarto. Ela realmente precisava de mais variedade de calçados. Quando faz calor, usar um único par de botas não é muito legal.

Ela destrancou a porta do quarto, pronta pra começar mais um dia. Banho e outras coisas assim ficam lá em baixo. Um banheiro no quarto deve ser coisa de outro mundo. "Hora de voltar para o inferno Rey.", ela falou pra si mesma e saiu.

Pedras grandes cinza claro e janelas com formato peculiar, lembravam o interior de um castelo. Reylee sabia que era apenas uma casa grande o suficiente. No final do corredor, que não era tão grande, havia as escadas. Os outros quartos estavam todos fechados. Ela realmente foi a última que acordou. Julgando pelo sol forte que vinha das janelas.

"A putinha dormiu de mais?", alguém encostada na parede falou.

"Sabe que eu não sei, Amy!", Reylee fingiu. "Você parece bem acordada.", ela sorriu.

A garota morena e com cabelo vermelho olhou furiosa. Mas sorriu logo depois. "Huh!", Amy ajeitou a franja vermelha que caia no olho, exibindo as pinturas brancas no rosto. "Espero que amanhã você esteja bem acordada Rey. Porque eu vou pisar em você."

"Quanto ódio nesse coração.", Reylee fez biquinho. "Então nós nos divertiremos amanhã na briguinha que o Agal planejou!", ela ignorou qualquer protesto que Amy fez e continuou andando até chegar nas escadas e começar a descer.

Ela, Amy e mais uma garota eram as únicas meninas nesse lugar infernal. Reylee não tinha nenhum problema de rivalizar com Amy. Sem essa de "garotas tem que ficar juntas".
Um dia, Amy simplesmente achou que Reylee levava vantagem de mais nesse lugar. O que deu em uma briga e depois em alguns cortes. Amy foi punida e Reylee não. É, ela pode ter razão sobre essa história de vantagem.

Reylee desceu as escadas, que davam em uma sala com alguns sofás velhos. Ela realmente não fazia ideia o porquê de uma sala aqui, que ninguém usasse.
Ela foi até um espelho empoeirado e com um risco grande. "Olha você aí...", ela sussurrou para o próprio reflexo. Reylee arrumou o cabelo do lado esquerdo. Uma mecha chata que insiste em cobrir o olho. Ela realmente não curtia a cabeleira branca. Ela já tinha a pele branca. Se nevasse qualquer dia desses, ela sumiria no meio da neve.

Antes de sair da sala, ela olhou para uma faixa grande de pano em cima do arco da saída. Zaox Thaell, escola de disciplina.
Era uma faixa velha, na verdade. Reylee sempre viu a mesma faixa desde quando chegou aqui, há cinco anos. Zaox nunca foi nada perto de uma escola, era uma prisão. Uma prisão inovadora. Qualquer criança ou adolescente que fez algum tipo de crime podia escapar da prisão, com outros criminosos adultos, ou da morte, vindo para Zaox Thaell. Então nem todo mundo aqui era a melhor das pessoas. Começando por Reylee. Ela tem sorte de não está do outro lado da escola, a Ala D, onde os psicopatas, piromaniacos e assassinos com menos de 18 anos estão. Isso explica as poucas pessoas nessa parte da escola, onde fica os "mentalmente estáveis".

Reylee apenas encarou a faixa por um tempo, ela estaria sorrindo da mentira que ela diz, mas tinha que continuar andando. Ainda era a droga do começo do dia.

Towers - Conflitos AncestraisOnde histórias criam vida. Descubra agora