Icebergues no deserto

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Escrever sobre amor e sobre o que ele me provoca tornou-se a minha imagem de marca, mas não estou aqui para escrever sobre isso, porque desta vez será diferente.

Desta vez eu venho-vos mostrar outra versão minha, uma versão menos quente porque na verdade eu tenho muito gelo em mim.

Não sou assim tão doce, mas escrevo como me tivesse coberto em mel. Sou selvagem e os meus pensamentos não poderiam ser diferentes, sou diferente e não nasci para agradar ninguém. Descobri isso sozinha após ter tido tentado agradar tudo e todos, descobri que eu não sou boa nisso. Gosto de escrever em linhas tortas, ouvir músicas que nunca ninguém as associaria a mim, personificar os sentimentos para tentar percebe-los, dançar às escuras e dançar sobre as linhas do caderno.
Este é o meu castelo, aqui tenho domínio e a escrita é o meu meio de tentar meter as ideias no lugar, faz o papel de agenda. Escrever dá-me asas e paz, escrever faz-me sentir tudo o que quero transmitir no papel com uma intensidade indescritível.
Escrever faz as minhas mágoas cicatrizarem mais depressa pois isto, esta arte que é escrever, transmitir as nossas emoções e pensamentos no papel não é para todos. É preciso ter estômago para escrever, é a escrever que vemos certas verdades porque a escrita leva-te e arrasta-te para fronteiras que talvez nunca tenhas ultrapassado. Não é apenas escrever, é entregares-te ao papel e á caneta, é mergulhares nos teus pensamentos (nos mais profundos) e despejá-los, cuspi-los e esmorrares-te contra o papel porque, isso sim, é escrever. Mostrar quem realmente és através de palavras e expressões, uma luta contra o papel.

Vais ver que secalhar se sempre te achaste doce, vejas que por baixo dessas camadas todas de mel exista um iceberg no deserto.

DesabafosOnde histórias criam vida. Descubra agora