A vida realmente é uma bosta. Nós sabemos que a morte pode vir a qualquer momento mas NUNCA estaremos preparados pra ela.
Ela tentou mas se perdeu ao saber que seu marido não era mais o mesmo. Você deve estar se perguntando o que aconteceu e de quem estou falando. É de mama, dona Sinu se perdeu nessa grande caminhada e Deus a chamou para ir ao seu lado. Isso é difícil de acreditar, difícil de saber que minha mãe não está mais comigo. Essa dor, nesse momento, eu precisava de alguém.
A notícia chegou em meio a uma mensagem de texto, Sofi com sua idade já sabe mexer nas coisas melhor que ninguém,ela havia dito que mama estava entre idas e vindas do hospital depois que descobriu que papa estava se metendo em coisas que não devia. Pensávamos que seu coração era forte, mas nos enganou. O coração falhou mais uma vez, no meio da noite, entre gritos de Sofi e papa tentando ligar pra alguém, mama se foi sem dizer adeus, sem me ver novamente.
Eu estou tentando acreditar, estou me sentindo horrível ao saber que não a vi de novo.
- Sinto muito Kaki, ela... Ela havia dito que iria te ver, mas papa não iria deixar. - Sofi falava chorando fungando o nariz, a ligação estava ruim mas dava pra ouvir claramente seu desespero.
- Eu irei até você, prometo que vou... Vou te tirar daí Sofi, eu te prometo. - Tentava aparentar forte, meus olhos lacrimejavam desesperadamente.
Como eu iria? Não iria conseguir sozinha. Minha aparência estava horrível, meu coração destruído. Estava me olhando no espelho, eu ouvi uma batida de porta.
Respirei fundo, tentei limpar as lágrimas que ainda caiam, ajeitei meu cabelo e andei até a porta.
Tudo em câmera lenta novamente, assim que abriu a porta, descobri quem era.
Lauren, Dinah, Ally e Normani, estavam com as feições tristes, elas apenas me olharam e me abraçaram, como antes, em grupo, as cinco novamente.
Havia esquecido como é bom estar sendo acolhida por elas, depois de tanto tempo, elas ainda não haviam falado comigo diretamente por mais que morasse perto, mas hoje elas vieram e estão aqui comigo.
Parecia que sabiam já o que havia acontecido, me desabei.
As lágrimas logo recomeçaram a cair, e elas me apertavam, senti a mão de Laura ir pro meu cabelo. Como eu sabia? Ela fora a primeira que me abraçou e era tão forte, aconchegante.
Ninguém falou nada, continuamos no abraço por muito tempo. Até que se soltaram e andaram até o sofá já velho que havia na sala, fechei a porta e fui sentar na pequena poltrona que havia do lado. Elas me olhavam como se quisessem dizer algo mas não sabiam o que.
- Eu estava com saudades desse abraço. - Falei com a voz fraca de tanto chorar, limpando meus olhos e nariz.
- Nós também. - Ally falou baixinho e sorriu fraco pra mim.
- Nós soubemos, Sofi nos ligou. - Mani falou respirando fundo, as outras abaixaram a cabeça por ter tocado no assunto.
- Nós sentimos muito Mila, estamos aqui com você, não vamos mais nos separar. - Dinah falou tentando me confortar, pegou minha mão e apertou, se ajeitando no sofá que estava bem perto de mim.
- Obrigada. - Foi a única coisa que eu consegui dizer antes de desabar novamente, agora parecia tudo desmoronar. Meu choro era de desespero, tristeza, tudo misturado.
Dinah apenas me puxou para seu colo e me pôs como um bebê, ela fazia isso quando eu ficava triste. Ela afagava meus cabelos, me apertava, e eu apenas me ninhava em seu colo, sem parar de chorar. Logo senti mais alguém por perto, apoiando a cabeça em Dinah e em mim.
Mani sabia o que poderia me acalmar, na verdade elas sabiam. Meu choro foi abafado ao por meu rosto no ombro de Dinah, comecei a ouvir uma voz, uma música.
Mani estava cantando Be Alright, música que nós fizemos para tudo ficar bem. Ally logo se juntou, depois foi a vez da voz que me causava arrepios, aquela voz rouca com o refrão chegando. Dinah apenas ficava murmurando baixinho a melodia, enquanto as outras continuavam a cantar.
Parecia que haviam me acalmado, as vozes entravam em mim e todos os momentos juntas estavam passando como um filme, até mesmo quando dona Sinu flagrou Mani e Dinah em sua geladeira, e muitos outros momentos que mama estivera passavam diante de meus olhos.
Aquilo era calma e doloroso, como se tudo estivesse novamente lento e que o mundo estivesse se juntando novamente. Mama sempre gostou delas, sempre dizia que era pra mim sempre agradecer a Deus por elas, elas sempre estiveram comigo. Mama também gostava de Lauren, ela sempre perguntava se a menina fazia sua pequena princesa feliz. Ela sempre se preocupou comigo e com Sofi, éramos seus tesouros.
Agora sem ela, não sei o que poderia fazer. Talvez eu tente novamente retomar a minha vida. Já sou de maior vou conseguir a guarda de Sofi e vou dar a ela uma vida boa, como Dona Sinu sempre quis.
- Tudo vai ficar bem. - A voz rouca sussurrava em meu ouvido, me dando um beijo na nuca fazendo me arrepiar.
Ela estava aqui comigo de novo. Minha mãe havia partido, ela tentou continuar batalhando, ela tentou, foi isso que o médico havia dito a Sofi, ela tentou por nós, ela tentou e não conseguiu.
