Narradora;
Camila estava cansada de se esconder, ela estava querendo voltar com tudo, seus sentimentos, sua vida de antes mas não era tão fácil como parecia. A vida não é fácil, nunca foi e nunca vai ser, mas se a vida fosse fácil todos morreriam de tédio.
O que faz a vida ser preciosa é porque ela é uma só.
Camila, no entanto, queria mais e mais, ela cresceu com os pensamentos longe dali então voltar pra ela, era recomeçar uma nova aventura. Camila mudou seus pensamentos mas assim que pôs os pés ali, o pensamento onde Lauren estava voltou e não sai mais de sua cabeça.Camila on:
As coisas estavam sendo mais fáceis do que eu imaginava. Já havia conseguido um emprego, eu trabalhava dia e noite. Chegava tão tarde que nem dava tempo de fazer amizades, trabalhava tão cedo que nem dava tempo de comer algo. Eu estava completamente sozinha, conversava apenas com os clientes e meus alunos, bom, eles apenas perguntavam sobre as músicas. Tinha uma das meninas em especial, que me lembrava de Lauren, seus olhos verdes escuros, cabelo preto escorrido, até os dentinhos pareciam ser os mesmos e ela aparentava ter 15 anos por aí, era uma perfeita cópia de Lauren na fase da adolescência.Já era quase três horas da manhã, estava chegando em casa do trabalho tão pesado, servir pessoas era legal até o ponto em que ficavam bêbadas. Eu já estava me acostumando com o horário, mas é difícil não ficar tão cansada. Eu vinha todos os dias táxi, o taxista já estava sendo meu amigo, até porque era um cara novo, poderia dizer que era quase minha idade.
O caminho era meio longo até chegar em casa, passava por metade da cidade iluminada.
O taxista era até engraçado, seu nome eu ainda não havia perguntado. Conversávamos sobre a cidade e como era movimentada ainda de madrugada. Estava uma madrugada fria, fazendo tudo ao seu redor ficar cada vez mais sombrio. Não havia parado de pensar que minhas antigas amigas estavam morando perto de mim e eu não havia tido coragem para lhes dizer o quanto eu senti falta delas, principalmente de Lauren.Assim que cheguei em casa, fui direto ao meu quarto. Trocando de roupa, meu celular vibrou pois havia chegado uma mensagem.
Hey Mila, vamos ir te fazer uma visitinha. Estamos com saudades. Logo estaremos aí te perturbando. Xoxo. Zoe.
Eu não sabia se ficava ansiosa por pensar que Arizona poderia vir junto ou se ficava feliz pois estou cansada de falar apenas com o taxista que nem sabia o nome.
Com o vento frio entrando na pequena fresta que a janela dava, eu logo fui pra debaixo da coberta. A noite estava realmente fria, por isso fui fechar a janela que dava exatamente de ver tudo que acontecia na casa ao lado. Ela estava lá, comendo, ao meus olhos parecia pão de mel ou algo assim, ela estava olhando pro celular, sentada, aparentava estar cansada, sem paciência. Como eu queria falar com ela, perguntar se estava tudo bem, mas eu não estava pronta. Eu sou tão covarde.
Sem ao menos eu esperar, ela se levanta da cama e vai para a janela observar o que ocorria lá fora, eu juro que tentei me mover, me esconder mas foi tarde demais. Ela havia me visto. Eu fiquei como uma estátua olhando pra ela, quando nossos olhos se encontraram eu senti o mesmo choque que havia sentido a primeira vez que tinha visto ela. Ela estava sem reação, ela estava linda. Eu estava como uma besta sem piscar os olhos, sem respirar direito. Quando voltei a realidade, ainda olhando pra ela, eu acenei. Apenas levantei uma das mãos e acenei pra ela com um sorriso de lado. Ela não fez nada. Ela ficou apenas me encarando. Eu tinha que fechar a janela, então foi o que eu fiz, deixei ela olhar apenas pras cortinas que estavam pra fora. Não sabia como eu ainda estava viva, tremendo, com a respiração ofegante, olhando pro chão eu realmente não sabia onde me enfiar. Fui espiar pela fresta que tinha, ela não estava mais la. Eu estava perplexa. Ela agora sabe que eu estou de volta.