- Então, estás entusiasmada para conhecer a Califórnia? - O meu pai pergunta-me, tentando quebrar o silêncio constrangedor que se instalou desde que entrei no carro.
- Sim, muito. - respondo de forma educada e logo a conversa fica por ali.
- A viagem foi confortável? - Jane, a minha recente madrasta, pergunta-me de forma acolhedora.
- Oh, sim, um pouco cansativa mas confortável. - respondo-lhe, sentindo-me mal por não conseguir fazer seguir uma simples conversa.
Para minha satisfação, e com certeza do meu pai e madrasta, em poucos minutos já estamos todos a sair do carro. Rapidamente me dirijo à mala do Range Rover e tiro as minhas coisas para fora, voltando-me de novo para o meu pai.
- Deixa-me ajudar-te. - O meu pai pede, quase num tom de ordem, e pega em todas as minhas coisas. Eu apenas sorrio constrangedoramente e sigo o casal para dentro.
- Espero que te sintas em casa, Blair. - Jane diz-me, sorrindo. - Vem, vou mostrar-te o teu quarto.
Depois de subirmos um grande lance de escadas e atravessarmos um grande e largo corredor, estamos finalmente à porta de um quarto cuja porta tem "Blair" escrito.
- Nós não sabíamos bem o que gostarias de fazer com ele, então fizemos algo simples. Depois podes remodelar. - O meu pai fala docemente e abre a porta.
Eu adoro o quarto! É muito grande, mesmo, - como tudo nesta casa - e tem tudo o que eu preciso. Tem uma varanda com vista para o mar e tem cores muito claras. A cama está ao centro e é de casal, com um edredom beje acastanhado, e encostada à parede perpendicular está uma secretária, de uma madeira clara, e um computador fixo nela assente. Um grande roupeiro está no lado oposto do quarto e há também um puff castanho no chão, junto de uma prateleira cheia de livros.
- O quarto está perfeito, obrigada. - exclamo, e apresso-me até aos livros. - Estes livros são fantásticos! Como sabias?
- Bem, isso fui eu. O teu pai falou-me um pouco dos teus gostos e eu deduzi. - Jane intervém, mostrando-se satisfeita com a minha reação.
- Obrigada, Jane. - agradeço, sorrindo.
O meu pai põe tudo no meu quarto e, quando está prestes a falar, o seu telemóvel toca, pelo que ele atende-o no corredor.
- Se quiseres, amanhã posso levar-te ao centro comercial, Blair. - Jane oferece, enquanto esperamos pelo meu pai.
- Isso seria agradável, Jane, obrigada.
- Uhm, filha, eu lamento muito, eu sei que te disse que hoje te levava a passear, mas aconteceu algo e... e eu e a Jane temos de ir. - O meu pai desculpa-se, entrando no quarto de novo. De alguma forma, eu não me mostro surpreendida, afinal, ele tem sempre algo importante.
- Paul! Prometeste deixar o trabalho de lado! - Jane exclama, visivelmente chateada.
- Jane, não é trabalho. O filho do Richard... teve um acidente e não sobreviveu. O funeral é logo. - O meu pai explica-se e eu sinto-me mal por ter ficado desiludida anteriormente.
- Oh. - Jane e eu murmuramos ao mesmo tempo.
- Pai, não há problema. - Asseguro, vendo-o olhar tristemente para mim. - Posso ir? Com vocês?
A minha voz sai mais a medo do que pensei, talvez por estar menos à vontade com o casal à minha frente. Odeio isso.
- Tens a certeza? - Jane pergunta-me e eu aceno - Então sim, podes vir connosco. Está pronta às cinco, está bem?
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Quando chegamos ao velório do rapaz, o meu pai dirige-se imediatamente a um senhor de ar tristonho que suponho ser Richard Campbell, e abraça-o fortemente.
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Oblivion || Harry Styles [EM PAUSA]
Teen Fiction"Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito." Um tiro pode mudar muita coisa, pode tirar vidas ou mudá-las, a bala é como um impulso intrínseco. E uma bala mudou a B...